A ansiedade gerada pela matemática nas crianças

Historicamente, a matemática sempre causou medos e preocupações nos alunos. No entanto, quando esse medo se torna excessivo e infundado, pode se tratar de alguma coisa mais séria; esse é o caso de um transtorno denominado ansiedade matemática.
A ansiedade gerada pela matemática nas crianças
María Alejandra Castro Arbeláez

Escrito e verificado por a psicóloga María Alejandra Castro Arbeláez.

Última atualização: 30 maio, 2018

A ansiedade gerada nas crianças pela matemática é um transtorno bastante frequente. O que acontece com elas é uma sensação de pressão intensa e muito nervosismo ao ter que realizar operações matemáticas em público. Embora possa se tratar de uma simples multiplicação, por exemplo, tanto crianças quanto adultos não conseguem suportar.

A particularidade da ansiedade gerada pela matemática nas crianças e nos adultos é que ela não depende do coeficiente intelectual. Pode acontecer tanto com uma criança que está dando os seus primeiros passos no campo da matemática ou com alguém que possui um título universitário.

Esse transtorno pode ser considerado uma espécie de fobia de números. Longe de ser um “fenômeno estranho”, aqueles que padecem dessa ansiedade devem saber que existem diversos estudos científicos sobre essa condição patológica.

Essas pessoas não sentem medo só diante de cálculos dignos de um quadro negro em uma sala de aula de engenharia. Pelo contrário, um lugar muito comum onde floresce é nos restaurantes, na hora de dividir a conta.

Quais são os sintomas de quem sobre de ansiedade gerada pela matemática?

Uma pessoa pode notar que sofre desse problema quando detecta os seguintes sinais:

  • Mãos e testa suadas.
  • Tremor nas mãos.
  • Dificuldade de respirar e falar.
  • Inquietação e impaciência.
  • Impossibilidade absoluta de se concentrar e manter a calma. 

Além disso, comprovou-se que o cérebro libera cortisol, o hormônio do estresse, quando passa por essa situação. Inclusive, o curioso é que eles são ativados nas mesmas regiões do cérebro que funcionam quando a pessoa se machuca.

Nas crianças, a ansiedade gerada pela matemática se manifesta muitas vezes em forma de rejeição. Elas não estarão dispostas a realizar as atividades que forem solicitadas. Também podem mostrar uma predisposição para se sobreporem a essa dificuldade para aprender. Além disso, também pode afetar as crianças com bom rendimento nessa matéria.

menino com medo de ir a escola

Causas da ansiedade gerada pela matemática nas crianças

Em primeiro lugar, é importante assinalar que não devemos confundir a ansiedade gerada pela matemática com a discalculia. Essa última refere-se a uma dificuldade de aprendizagem no campo da matemática em si, mas não é uma aversão que a pessoa sente com relação à matemática.

No que se refere às causas, ainda não foram determinados os motivos pelos quais a matemática tende a ser mais conflitiva do que as outras matérias. Uma coisa é certa: as crianças a veem como uma ameaça, um tipo na prova que, cedo ou tarde, deverão enfrentar e tentar ter sucesso.

Por esse motivo, a amídala, a glândula que age quando uma pessoa se sente perto do perigo, é ativada. Uma explicação pode ser ter medo de ir mal em uma prova.

Apesar disso também acontecer em outras matérias, a matemática tem uma particularidade: não há meio-termo nem dá para dar aquele “jeitinho” em uma resposta para dissimular a nossa falta de conhecimento. Só há duas opções: ir bem ou ir mal. No geral, sempre há algum caminho para chegar à resposta correta.

Por outro lado, a pessoa também pode desenvolver falta de autoestima. Ou seja, a criança sente que pode fazer contas, mas desconfia da sua capacidade de não cometer nenhum erro durante o processo. 

Outras origens desse transtorno podem ser encontradas na insegurança ou na incapacidade do professor de transmitir os conhecimentos de forma segura. Também pode se tratar de uma má transmissão por parte dos pais, seja por padecer desse transtorno também ou por pressionar de maneira exagerada os filhos.

“A matemática tem uma particularidade: não há meio-termo nem dá para dar aquele ‘jeitinho’ em uma resposta para dissimular a nossa falta de conhecimento”.

Como lidar com a ansiedade gerada pela matemática nas crianças?

Geralmente, aqueles que buscam superar esse medo recorrem à terapia psicológica. No caso das crianças, serão os pais os responsáveis por proporcionar e incentivar o tratamento. Por isso, é tão importante que se envolvam e cuidem do desenvolvimento de seus filhos na escola.

A terapia de aversão é um recurso frequente utilizado para enfrentar esse tipo de ansiedade. Ela consiste em enfrentar o medo para aprender a superá-lo.

menino com dor de cabeça

Trata-se de um método que pode ser aplicado de maneira mais simples. Você deve estar se perguntando: mas como? É só sentar com o seu filho para conversar e dizer que você também tem cálculos para resolver. Assim, você poderá ajudá-lo e pedir que ele ajude você, de forma que juntos consigam superar esse temor infundado que paralisa.

Para muitas pessoas pode parecer algo sem importância ou um transtorno sem consequências maiores. No entanto, alguns estudos o caracterizam com uma epidemia em alguns países, como por exemplo, na Espanha. Além disso, é claro que as fobias não são nada agradáveis para as pessoas que padecem delas.

Sendo assim, se você perceber que seu filho tem uma rejeição infundada pelos números e pelas contas, avalie se não se trata de um caso de ansiedade gerada pela matemática. Se for assim, não hesite em realizar uma consulta com um profissional para ajudá-lo a superar esse problema o quanto antes.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Bragado, C., Bersabé, R., & Carrasco, I. (1999). Factores de riesgo para los trastornos conductuales, de ansiedad, depresivos y de eliminación en niños y adolescentes. Psicothema, 11(4). https://www.redalyc.org/html/727/72711415/
  • Cárdenas, E. M., Feria, M., Palacios, L., & de la Peña, F. (2010). Guía clínica para los trastornos de ansiedad en niños y adolescentes. México: Instituto Nacional de Psiquiatria Ramón de la Fuente Muñiz.
  • GONZÁLEZ-PIENDA, J. A., & Alvarez, L. (1998). Dificultades específicas relacionadas con las matemáticas. JL GONZÁLEZ-PIENDA y J. NÚÑEZ (Coords.): Dificultades del aprendizaje escolar. Madrid: Pirámide. https://cmapspublic.ihmc.us/rid=1K29JZV9S-803YD8-HY/Dificultades%20espec%C3%ADficas%20relacionadas%20con%20las%20matemáticas.doc
  • Pérez Tyteca, P. (2012). La ansiedad matemática como centro de un modelo causal predictivo de la elección de carreras. Universidad de Granada.
  • Picos, A. P., Alonso, S. H., Saez, A. M., & del Rincón, T. O. (2013). Causas y consecuencias de la ansiedad matemática mediante un modelo de ecuaciones estructurales. Enseñanza de las ciencias: revista de investigación y experiencias didácticas, 31(2). https://www.raco.cat/index.php/Ensenanza/article/view/285760
  • Reynolds, C. R., & Richmond, B. O. (1997). Escala de ansiedad manifiesta en niños (revisada). El Manual Moderno.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.