A síndrome do imperador em crianças

Os efeitos da crescente falta de tempo dos pais em relação aos filhos continuam trazendo consequências. A síndrome do imperador em crianças é uma delas. A seguir vamos contar do que se trata.
A síndrome do imperador em crianças
María Alejandra Castro Arbeláez

Escrito e verificado por a psicóloga María Alejandra Castro Arbeláez.

Última atualização: 08 junho, 2018

Você sabia da existência da síndrome do imperador em crianças? É uma patologia psicológica que altera o comportamento das crianças. Elas se tornam autoritárias e querem exercer poder e dominação sobre os demais membros da família.

A síndrome do imperador em crianças é um fenômeno relativamente novo, também conhecido como transtorno desafiador opositivo (TDO). As crianças que manifestam esse transtorno querem impor poder às pessoas em seu ambiente.

Os pais dessas crianças têm problemas em tomar decisões que contrapõem aos interesses dos filhos. Isso acontece até mesmo em situações corriqueiras como escolher o canal de televisão para assistir ou qual comida preparar para o jantar. Como era de se esperar, isso se estende a questões maiores como o destino das férias, a compra de novos brinquedos ou até mesmo a decisão de ter um novo irmão ou não.

Como identificar a síndrome do imperador em crianças?

Como o próprio nome indica, a síndrome do imperador se caracteriza pela criança se negar a ter suas decisões tomadas por outra pessoa. Ela precisa se sentir constantemente dona do poder no espaço em que encontra, e caso contrário, pode apresentar um comportamento difícil e até mesmo se tornar agressiva. Estes são alguns comportamentos que elas apresentam nessas situações:

  • Birras e chiliques
  • Agressões verbais e físicas aos pais e superiores.
  • Tentativas de manipulação psicológica com os pais.
  • Comportamentos egocêntricos frequentes.
  • Baixa tolerância à frustração.
  • Exigências excessivas e sem fundamentos.
  • A criança se coloca no papel de vítima para persuadir os pais.
síndrome do imperador em crianças

Por que a síndrome do imperador ocorre?

Pesquisadores apontam que esse problema é causado por causa do pouco tempo que as crianças compartilham com os pais. Ou seja, as causas são muito mais sociais do que biológicas. Há um fato inegável que reafirma essa ideia: as crianças não nascem “tiranas”, mas aprendem a ser tiranas ao longo dos anos. De acordo com especialistas, esse fenômeno está acontecendo cada vez mais cedo.

O que as horas de trabalho dos pais têm a ver com a síndrome do imperador em crianças? Na medida em que a falta de tempo compartilhado em família leva a não conseguir estabelecer limites claros durante a infância.

Além disso, os pais carregam um sentimento de culpa que os faz consentir mais do que o necessário. Por isso, as crianças acabam interpretando que têm a possibilidade de manipulá-los.

Vale lembrar que isso não é algo que acontece apenas com filhos únicos. De fato, há muitas crianças sem irmãos que foram educadas de forma adequada e não sofrem dessa condição psicológica. Da mesma forma, também existem crianças com irmãos que tentam assumir o controle sobre eles e sobre os pais.

O que fazer com crianças assim?

A primeira coisa que deve ser resolvida é o uso da violência, seja usada contra os pais, irmãos, professores ou autoridades escolares. Para isso, o empenho dos pais e o exemplo são fundamentais. É preciso transmitir a importância do diálogo, do respeito e da tolerância.

Também vai ser necessário trabalhar muito a empatia das crianças. Isso significa que é preciso ensiná-las a entender como os outros se sentem em cada situação e como reagir positivamente a isso.

Além disso, talvez o ponto mais importante seja determinar os limites desde cedo. Em todos os momentos a criança deve entender que existem regras de comportamento que ela deve cumprir tanto em casa quanto em outros lugares.

Se tudo correr bem, lembre-se de que é importante implementar reforços positivos. O reconhecimento e as devidas recompensas por seguir as regras vão fazer com que a criança absorva as novas normas com mais facilidade e positividade.

Naturalmente, há um aspecto fundamental e inegociável: o tempo. Ter pais presentes que exerçam o seu verdadeiro papel vai impedir que a criança sofra da síndrome do imperador em algum momento. Ela vai saber que seus pais estão lá para cuidar dela e, portanto, devem ser respeitados.

síndrome do imperador em crianças

O colégio e a adolescência

Por último, vamos discutir uma situação muito frequente que acontece hoje em dia. Às vezes acontece de professores que se opõem a algumas exigências de alunos desobedientes. Esses professores recebem denúncias e até maus tratos dos pais dos alunos, que questionam sua autoridade e suas decisões.

Isso só incentiva a síndrome do imperador nas crianças. Mais uma vez, o pequeno usa o seu poder de manipulação para se dar bem e utiliza os pais como cúmplices.

Além disso, costuma acontecer algo parecido na adolescência. Neste ponto, essas crianças já desconhecem os limites e já tem a sua capacidade de manipulação bem desenvolvida. Isso pode levar a um comportamento violento em relação a pais e amigos. Se isso acontecer, é fundamental procurar ajuda profissional.

Em suma, é necessário que os pais assegurem que não falte nada para os seus filhos durante o crescimento. Certamente uma coisa que não pode faltar é implementar regras e limites. Caso contrário esse comportamento só vai ter resultados negativos no futuro, seja no desenvolvimento acadêmico, profissional e, é claro, social.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Fernández Abascal, É. (2014). El síndrome del emperador: la tercera forma de maltrato intrafamiliar. https://repositorio.unican.es/xmlui/handle/10902/5585
  • Garrido V. (2007). Los hijos tiranos el síndrome del emperador. 2005th ed. Barcelona: Ariel.
  • Genovés V. G. (2009). ¿Qué es el síndrome del emperador? RÍTICA.
  • Utrera Caballero E, Rosado García, María del Carmen, Galán García Y, Pérez Brenes L, Lopera Arroyo MJ. (2014). El síndrome del emperador: un plan de cuidados.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.