Ajude seu filho a enfrentar a morte de um ente querido

Ajude seu filho a enfrentar a morte de um ente querido
María Alejandra Castro Arbeláez

Escrito e verificado por a psicóloga María Alejandra Castro Arbeláez.

Última atualização: 23 fevereiro, 2017

A perda de um ente querido pode ser um choque para qualquer pessoa, mesmo cada um atravessando sua dor do seu jeito. Contudo, enfrentar a morte de um ente querido é muito mais difícil para as crianças, geralmente dependendo de sua idade.

Por isso, ajudar nossos filhos a enfrentar esse lamentável e inevitável momento se torna uma tarefa complicada quando se está em luto doloroso. Diante dessas perdas, sofremos um duro golpe que assumimos como podemos, pensando em como explicar à criança o que acaba de acontecer.

Preste atenção porque nesse artigo de Sou Mamãe lhe contamos alguns detalhes sobre o luto infantil, além de oferecermos uma série de conselhos para ajudar seu filho a enfrentar a morte de um ser querido.

Uma questão de idade

A postura da criança para enfrentar a morte de um ente querido depende principalmente da sua idade, suas experiências vitais e sua personalidade. Seguindo esses fatores, o principal problema que a criança apresenta é o conceito da morte em si.

Por exemplo, as crianças de idade pré-escolar entendem a morte como uma viagem com retorno, quer dizer, algo que se pode mudar. A morte não é algo fixo, mas variável, para eles pode ser algo que volte, porque não compreendem o peso do nunca mais ou do para sempre.

Sendo de idade um pouco mais avançada, entre os cinco e dez anos, a criança forma de maneira mais real o conceito, ainda que pensem que nem eles, nem seus entes queridos estejam ameaçados de passar por isso. Ou seja, sabem que existe, mas pensam que isso acontecerá somente com desconhecidos.

Em todo caso, enfrentar a morte de um ente querido não é fácil quando o ambiente familiar é atingido. É fundamental não somente manifestar nossa dor como também ajudar a criança a expressar seus sentimentos, sem se coibir ou se esconder.

É importante entender o comportamento da criança. A tristeza é normal, mas, passado um tempo do ocorrido, deve-se considerar alguns detalhes: se ela continua excessivamente triste, se tenta demonstrar que o que aconteceu não foi doloroso ou que não assimilem o falecimento do ente querido, ou seja, que neguem o que aconteceu.

O luto das crianças

As pessoas em luto sofrem diante do vazio de não poder abraçar nunca mais esse ser especial. Ao ter filhos, se sofre duplamente: enfrentando seu próprio processo de recuperação, mas também ajudando a criança a enfrentar a morte de um ente querido.

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Como pais, não queremos ver nossos pequenos sofrendo. No entanto, é impossível ocultar uma realidade tão palpável como a partida definitiva de um parente ou amigo. Os especialistas revelam que demorar muito tempo para contar o que aconteceu pode ser prejudicial para a criança.

É certo levar as crianças aos velórios? é uma pergunta recorrente. A realidade é que depende de você e da criança. Segundo especialistas, não tem problema elas participarem do ritual de luto, quando assim o quiserem. Você deve explicar antes o que ocorre em um velório ou enterro e deixá-los decidir.

Reações da criança ante a morte

Para ajudar seu filho a enfrentar a morte de um ente querido você deve considerar a proximidade que a criança tinha com o falecido. Quanto maior for a proximidade, a relação será mais afetada, com chances de a criança exteriorizar sua dor de forma brusca, tendo pesadelos, atitudes de irritabilidade e violência com as pessoas ao seu redor, etc…

Assim, a criança pode experimentar um retrocesso ou regressão no processo evolutivo, começando agir como em etapas do crescimento anteriores às já superadas por ela, para chamar nossa atenção. Por isso, todos esses indícios devem ser considerados temporariamente como sintomas de uma elaboração errada do luto.

Preste atenção a indícios como a dificuldade para ficar sozinho e o medo excessivo do escuro, capaz de provocar pavor. Até mesmo a interação social da criança pode demonstrar como ela está enfrentando a morte de um ente querido, quando se nega a brincar com outras pessoas, se isola do mundo e enfraquece seu rendimento escolar.

Existem também fatores que podem demonstrar o que se conhece como “luto patológico”: a perda de interesse da criança por aquelas coisas que antes o atraíam, a perda de apetite, a manifestação do desejo de ir com a pessoa falecida, a imitação deste ou falar em excesso do ente que foi embora.

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A linguagem ajuda a enfrentar a morte de um ente querido

Se você quer ajudar seu filho a enfrentar a morte de um ente querido é imprescindível ser honesto com ele e encorajá-lo a fazer perguntas, mesmo que você acredite não ter as respostas ainda. É fundamental que seja criado um ambiente de confiança e abertura para suportar essa perda.

O ideal é explicar a situação ao pequeno fazendo uso de uma linguagem concreta sobre as circunstâncias que conduziram essa pessoa a sua morte e, com calma e de maneira tranquila, sugerir que esse ente querido não poderá mais voltar para nós.

Da mesma forma, os especialistas recomendam não utilizar eufemismos tristemente célebres como “foi para longe”, “está dormindo” ou “está perdido”, já que podem criar uma grande confusão e inclusive despertar medos nas crianças que ainda não existiam.

Uma linguagem honesta, simples, clara e precisa é fundamental para ajudar a criança a enfrentar a morte de um ente querido. Paralelamente, elas precisam que a deem espaço, além de ser compreendidos e tratados com paciência para que possam expressar a dor à sua maneira.


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