Crianças que querem atenção: o que está por trás disso e como agir?

Quando as crianças querem atenção, o que elas estão realmente tentando nos dizer excede esse comportamento.
Crianças que querem atenção: o que está por trás disso e como agir?
Maria Fátima Seppi Vinuales

Escrito e verificado por a psicóloga Maria Fátima Seppi Vinuales.

Última atualização: 13 abril, 2023

Uma birra no meio do supermercado ou uma cena de choro na porta de casa. Parece familiar para você? Todas as mães têm a seu favor alguma história de crianças que querem atenção. Mas o que essas situações têm em comum? Para nos guiar na resposta, é importante entender que nem todos os pequenos são capazes de expressar o que lhes acontece com palavras, por isso o fazem com ações. Dependendo da idade, as crianças encontrarão maneiras diferentes de expressar o que sentem. Trata-se de ir um pouco mais além e ver esse fato não apenas como um capricho, mas como “algo a mais”. Vamos ver o que é e o que pode ser feito.

Quais são os pedidos de atenção das crianças?

Também são conhecidas como “birras”, mas na realidade quando as crianças chamam a atenção é porque estão passando por uma situação de desregulação emocional. Elas estão frustradas ou com raiva e perderam o controle. Por isso, precisam de uma pessoa externa que lhes permita restaurar a calma.

Devemos entender que existe uma outra mensagem a ser decifrada: “Mãe, algo está errado comigo, me sinto assim e preciso de ajuda”. Neste momento, as crianças não precisam de desafios, gritos ou punições.

Como as crianças costumam chamar a atenção?

Em geral, alguns dos comportamentos mais frequentes através dos quais as crianças procuram nos transmitir uma mensagem são os seguintes:

  • Agem como se estivessem doentes.
  • Têm acessos de raiva ou fazem birra.
  • Têm crises de choro.
  • Nos provocam ou nos desafiam.
  • Constantemente interrompem a conversa.
As birras das crianças são esperadas e não acontecem apenas em nossa casa. Porém, como reagimos e acompanhamos nessa situação é o que fará a diferença.

O que podemos fazer sobre isso?

Às vezes parece que um determinado comportamento só é desativado cedendo ao pedido. No entanto, não é assim. Nesses casos, o que se recomenda é tentar desviar a atenção ou negociar. Por exemplo, podemos dizer o seguinte: “Entendo que você se sinta assim porque quer dormir na casa da vovó, mas hoje não pode. O que podemos fazer é convidá-la para uma festa do pijama em casa outro dia.” Assim, quando abrimos outros cenários, ajudamos a focar a atenção em outro lugar, longe do olho do furacão.

Como agir quando as crianças querem atenção

A seguir, revisamos algumas recomendações a serem lembradas para lidar com uma situação de raiva ou birra.

Manter a calma

Em primeiro lugar, temos que nos preparar para manter a calma. Às vezes reagimos por raiva ou impaciência, e isso acaba dificultando uma resposta adequada. Pode até iniciar uma escalada sem fim. Ficar com raiva, gritar, punir ou deixar as crianças sozinhas não é a melhor saída.

O que podemos fazer é ajudá-las a se acalmar e perguntar o que podemos fazer para que se sintam melhor. Além disso, devemos ter em mente que receitas universais nem sempre funcionam, pois cada criança é única. Por isso, é importante guiar-se pelo que sabemos sobre elas, pelo seu temperamento, pela situação e pelo momento de desenvolvimento em que se encontram.

Perguntar a nós mesmos como influenciamos esse comportamento

Por outro lado, também podemos nos perguntar como influenciamos esses comportamentos. Podemos dedicar tempo a essa criança? Como é esse tempo? Além disso, podemos nos aprofundar no contexto dessa criança, se ela está passando por alguma situação particular ou a nível familiar, se houve alguma mudança na escola, entre outros. Isso também pode nos guiar tanto sobre o que ela está sentindo quanto sobre o que podemos fazer a respeito.

Acompanhar as crianças e ajudá-las a nomear suas emoções é uma forma de aprender a reconhecê-las e, assim, gerenciá-las.

Responder com empatia

É preciso que nossa resposta seja de assertiva e com empatia por meio do diálogo. Devemos tentar pensar do lugar delas e não no que esperamos delas. Portanto, uma vez que consigamos acalmá-las, podemos ajudá-las a pensar sobre por que se sentem assim e o que querem nos dizer.

Assim que estiverem calmas, podemos passar para uma segunda fase de ensino para ajudá-las a pensar em como poderiam se expressar ou se comunicar em uma ocasião futura.

Não façamos com uma criança o que não faríamos com outras pessoas

Por que reagimos mal quando uma criança faz algo que não gostamos para chamar nossa atenção? Por que as deixamos sozinhas ou gritamos mais alto? Faríamos o mesmo com um amigo ou outro adulto? Os pequenos estão se desenvolvendo e estão em fase de aprendizado para lidar com o complexo mundo das emoções.

São os adultos que devem ser pioneiros e ajudá-los, guiá-los e aconselhá-los. Claro, isso significa que, além de estabelecer limites para comportamentos indesejados ou inadequados, temos que validar suas emoções.

Por fim, a forma como conteremos as situações de estresse ou angústia na infância será muito significativa para eles. A mensagem que lhes transmitimos é que os amamos em todas as circunstâncias e não apenas quando se comportam bem. Dessa forma, eles aprenderão a se autorregular no futuro.


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  • Goleman, Daniel. El cerebro y la inteligencia emocional: nuevos descubrimientos. B de Books, 2015.
  • Siegel, D. (2019). Disciplina sin lágrimas. Santiago, Chile: Penguin Random House Grupo Editorial

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