Evolução da linguagem: as características do estágio pré-linguístico

"O aprendizado é mais do que a aquisição da capacidade de pensar. É a aquisição de muitas habilidades para pensar sobre várias coisas." -Lev Vygotsky-
Evolução da linguagem: as características do estágio pré-linguístico

Escrito por Equipo Editorial

Última atualização: 31 julho, 2020

Os bebês estabelecem contato e comunicação através dos sentidos e, desde o nascimento, são capazes de transmitir informações sobre suas necessidades e condições. Durante o primeiro ano de vida, a linguagem dos bebês evolui e passa de um simples exercício articulatório para a emissão das primeiras palavras com significado. Estamos falando do estágio pré-linguístico.

Evolução da linguagem: características do estágio pré-linguístico

No desenvolvimento da linguagem, distinguem-se dois estágios: o estágio pré-linguístico e o estágio linguístico. O primeiro abrange os primeiros 12 meses de vida, enquanto o segundo começa com as primeiras palavras e se concentra no período de aquisição da linguagem, quando a criança começa a integrar o conteúdo (ideia) e a forma (palavra).

Durante os primeiros meses, o desenvolvimento da linguagem está intimamente ligado ao processo de socialização. O bebê aprende a comunicar intenções não apenas através do choro, mas também através do olhar, dos gestos e do sorriso.

Essa forma primária de comunicação estabelece as bases para a comunicação verbal subsequente, além de contribuir para o desenvolvimento da figura de apego, essencial para o desenvolvimento socioafetivo do bebê. 

Evolução da linguagem

O estágio pré-linguístico se organiza em uma sequência evolutiva que compreende 4 fases:

1ª fase: vocalizações reflexas e gorjeio (0-2 meses)

Durante o primeiro mês de vida, os bebês emitem apenas vocalizações reflexas ou externalizações sonorasCom o choro, começa o processo comunicativo que, dependendo da tom, denota diferentes conteúdos: dor, fome, frio, sono ou reflexo de qualquer estado de bem-estar ou desconforto.

Com o choro, o bebê é capaz de comunicar as suas necessidades e, se elas forem satisfeitas, ele passará a usá-lo intencionalmente. Por volta do segundo mês, os bebês começam a emitir articulações espontâneas, os chamados gorjeios ou arrulhos.

2ª fase: balbucio. Jogo vocal (3-6 meses)

A partir do terceiro mês, os bebês passam da emissão de sons isolados para a emissão de sons voluntários e intencionais. Eles começam a balbuciar de forma clara e constante com sons guturais e vogais, repetindo os sons “ga” e “ca”.

Para eles, é como se fosse jogo, pois experimentam com seus órgãos fonadores e vão começando a controlá-los. Ao mesmo tempo, eles se divertem ouvindo a própria voz. Os bebês gostam de gritar para que possam se ouvir e emitem sons parecidos com o de ronronar quando estão entretidos com seus jogos.

Piaget considera que, durante esse período, a criança vai percebendo que as fonações, os gorjeios, os gestos e os ruídos guturais que ela produz afetam o ambiente ao seu redor. Dessa forma, ela aprende a se comunicar, estabelecendo relações entre o que ela emite e o efeito que isso produz ao seu redor.

3ª fase: balbucio reduplicativo. Imitação de sons (6-9/10 meses)

Por meio do balbucio e dos jogos articulatórios, a criança começa a dominar a emissão de diferentes fonemas vocálicos e consonantais. Por volta do oitavo mês, o bebê começa a produzir sons polissilábicos: “ba”, “pa”, “da”, ” ga”, “ma…”, e surge a “lalação” ou “grupos repetitivos”.

A lalação consiste na emissão de sons por meio da duplicação das sílabas: “mamama”, “mamimami”, “uiuiui”, “bababa”, “papapa”, “nanana”, “tatata”. Por sua vez, essas vocalizações vão levar o bebê a emitir suas primeiras palavras “por acidente”.

Evolução da linguagem

A partir do sexto mês, os bebês começam a observar e a imitar movimentos, sons e gestos. Eles demonstram um interesse especial por ouvir os adultos falando e gostam de receber atenção e que falem com eles. A busca do bebê por essa interação com os adultos confirma os estudos de Bruner.

Bruner focou seus estudos de desenvolvimento da linguagem na interação social. Ele considerava que deve haver estruturas de interação adequadas para que o aprendizado da linguagem ocorra. Portanto, nessa fase, os adultos devem criar contextos comunicativos nos quais o bebê possa interagir e evoluir na linguagem.

4ª fase: comunicação intencional (9/10-12 meses) 

Por volta do final do primeiro ano, o bebê começa a se comunicar intencionalmente. Ele aponta para objetos, diz “não” com a cabeça e “tchau” com a mão, entende ordens simples e reage ao ouvir seu nome.

A partir do primeiro ano, os sons polissilábicos começam a ter um significado real. Agora eles chamam a mamãe e o papai, são capazes de imitar sons de animais (“auau”, “miau”, “muu…”) e de inventar palavras onomatopaicas que tenham significado para eles.

Durante o desenvolvimento da linguagem, a família e os adultos desempenham um papel muito importante: estimular  a criança lexicalmente. Nas “conversas”, devemos tentar associar o significado fônico (palavra falada) com o significado (objeto ao qual a palavra se refere). Dessa forma, a criança vai associar e fixar essa relação em seu cérebro.


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