Ataques de birra não são resultado de pais ruins

As birras continuam sem ser entendidas e são muito criticadas socialmente. Tanto é assim que muitos pais se sentem intimidados pelos olhares e comentários quando seus filhos explodem, de repente, num choro ou numa birra.
Ataques de birra não são resultado de pais ruins
Valeria Sabater

Revisado e aprovado por a psicóloga Valeria Sabater.

Escrito por Valeria Sabater

Última atualização: 22 dezembro, 2021

Atualmente, a sociedade está muito preocupada em rotular rapidamente todas as ações. Um cunho sem direito a réplica. Muitos pais são tidos como pais ruins por não terem filhos silenciosos, dóceis e tranquilos.

Mas, talvez, as pessoas se esqueçam de que uma criança normal é inquieta, barulhenta, colorida e alegre. E mais, ninguém pode ver com maus olhos um bebê que chora.

Uma criança de pouco menos de um ano que no restaurante ou no avião inicia um choro desconsolado é uma criança normal. Os bebês têm necessidades e as expressam mediante essa linguagem que toda mãe e todo pai entende.

Sejamos, então, mais sensíveis a essa realidade e entendamos que uma birra não é sinônimo de má educação ou de uma criação deficiente.

Quando as birras nos fazem ter medo de sair com as crianças

ataques de birra

Maria e Alberto formam um jovem casal que há pouco adotaram uma menina de 4 anos. Como pais, tinham previsto tudo o que queriam dar e ensinar a essa pequena.

Nas suas mentes só haviam as expectativas, os desafios e todas as felicidades que iam alcançar formando agora uma família completa. Entretanto, uma coisa que não tinham previsto era que sua pequena filha seria muito propensa às birras.

De fato, os ataques de birra costumam ser mais comuns quando saem para fazer compras ou comer num restaurante. Quando as suas exigências não são satisfeitas, a menina explode e faz isso de um jeito muito chamativo.

Rapidamente, os olhares se voltam na direção dela como pássaros que se juntam nos fios elétricos para ver a paisagem. Os comentários não demoram em aparecer e, de repente, Maria e Alberto saem correndo com a filha nos braços.

O aperto que sofrem é tão intenso que já chegaram a pensar se não seria melhor esperar que a menina fosse maior para sair com ela.

Eles estão certos? Deveriam fazer isso? Claro que não! A seguir, vamos propor uma reflexão sobre esse assunto.

As birras e a maturidade emocional

As birras são comuns entre os 3 e 6 anos. Nessa fase, como mães e pais, temos uma responsabilidade básica e essencial: ser bons gestores do mundo emocional dos nossos filhos.

Uma adequada gestão nesse período formará, sem dúvida, uma boa base na hora de controlar a frustração, a ira ou a raiva.

Lidando com o problema

Optar por não sair com as crianças por medo de chamar a atenção pode intensificar ainda mais o problema. As crianças são parte da sociedade e devem aprender a conviver desde cedo nesses contextos cotidianos por onde circulam todas as famílias.

Uma birra não é mais do que uma tensão emocional. É raiva contida, é frustração que toma conta. Talvez seja a relação de um problema não resolvido e da imaturidade de uma mente que luta por entender o mundo.

No caso aqui levantado, o que esse jovem casal deveria fazer é trabalhar dia a dia com essas birras da filha.

O mais provável é que ela ainda não tenha se adaptado a esses novos ambientes com os seus pais. Ao mesmo tempo, seu interior pode estar cheio de emoções contrapostas, às quais os pais devem estar atentos.

Isso pode ser feito através da observação, da paciência, da proximidade, da liberação emocional e desse acompanhamento contínuo. Um acompanhamento no qual nunca se deve perder as novas oportunidades de aprendizagem.

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Não me critique como mãe, não me rotule como pai: entenda meu filho

Perante a incompreensão social de quem olha atravessado quando nosso bebê chora ou quando nosso filho grita, você também tem que ter paciência.

Mas lembre-se: nunca altere sua forma de vida pelo medo de ser julgado, pelo medo de que os seus filhos explodam em ataques de birra.

Precisamos educar em casa e também em público de forma certa, eficiente, rápida e paciente. Se nosso filho começar um ataque de birra, não levante a voz, não grite! Caso contrário, poderá aumentar mais ainda a emoção negativa.

Dicas de como reagir aos ataques de birra

  • O mais adequado é se levantar, procurar um espaço tranquilo e aguardar a criança parar de chorar. Devemos fazê-la saber que nós estamos aqui, ao lado dela. É a única maneira com a qual a criança será receptiva a nossas palavras.
  • Uma vez que o choro tiver diminuído, nos colocamos na altura da criança e conversamos sobre o acontecido. Chegaremos a um acordo, guiaremos, motivaremos sempre de forma próxima, democrática, firme, mas empática.
  • Converse com uma linguagem que ela possa entender e nunca despreze suas emoções. Não fale “Isso não é nada ou é uma bobeira”. Entenda-a, mas racionalize suas emoções, fazendo-a enxergar a realidade das coisas.
  • Em seguida, devemos voltar ao ambiente público, com calma e tranquilidade, reforçando cada coisa que a criança fizer corretamente “Agora sim estou orgulhosa de você”. “Agora sim você está agindo como uma criança grande, você é genial”.
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Para concluir, queremos dizer que temos consciência de que essas conquistas não são simples, que requerem tempo, jeito e um “artesanato emocional” que às vezes demanda tanto esforço.

Entretanto, poucas coisas podem ser tão gratificantes quanto levar nossos filhos para a cama à noite e nos sentirmos orgulhosos porque, finalmente, estão amadurecendo emocionalmente.

Em muitas crianças, os ataques de birra fazem parte de uma fase. Devemos, portanto, aprender a lidar com elas deixando de lado o que os outros digam ou pensem sobre nós.


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