As fórmulas lácteas contêm todos os nutrientes para nossos filhos?
A amamentação exclusiva é o método de escolha na alimentação de nossos filhos. Mas, às vezes, não há outra saída senão substituí-la total ou parcialmente por fórmulas lácteas. Os motivos podem ser muitos, como trabalho, tratamentos médicos, baixa produção de leite ou causas anatômicas, entre outros. Quando isso acontece, a questão que surge é se as fórmulas lácteas contêm todos os nutrientes para nossos filhos.
A seguir, veremos o que dizem os especialistas e revisaremos o assunto a fundo para garantir que nossos filhos sejam bem alimentados com fórmulas lácteas. Lembre-se de que o pediatra dará as indicações e determinará o que é melhor para o bebê.
O que é uma fórmula láctea?
A fórmula láctea é um produto alimentar à base de leite de vaca destinado à alimentação do bebê durante o primeiro ano de vida. Também é conhecido como fórmula láctea infantil.
O leite em pó atende aos requisitos de calorias e nutrientes propostos por organizações internacionais. Cada fase de crescimento do bebê tem suas próprias demandas e a partir disso a fórmula láctea vai mudando.
Tipos de fórmulas lácteas
Estes são os 2 tipos de fórmulas para cada fase de crescimento da criança:
- Para lactentes ou de início: são fórmulas que são utilizadas desde o nascimento até os 4 ou 6 meses de idade, conforme orientação do pediatra. Tenta imitar a composição do leite materno.
- Continuação: indicado de 4 ou 6 meses a um ano de idade. É considerado um complemento da nova alimentação que é apresentada ao bebê.
As fórmulas de crescimento também podem ser encontradas no mercado para crianças de 1 a 3 anos de idade. Além disso, outras fórmulas elaboradas são as especiais, destinadas a combater alguns problemas de digestão, absorção ou intolerância a alguma substância. Entre elas, estão as fórmulas para prematuros, com adição de espessantes, sem lactose, com proteína modificada, entre outras.
Leia também: Como escolher a melhor fórmula infantil?
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Descubra se as fórmulas lácteas contêm todos os nutrientes para seus filhos
A mulher produz o leite ideal para seu filho. Portanto, as formulações que vêm de leite de vaca devem ser modificadas em qualidade e quantidade de nutrientes. Mas como cada um deles é modificado?
Calorias
As fórmulas lácteas devem fornecer 67 calorias por 100 mililitros quando preparadas de acordo com as instruções. Esse valor corresponde ao do leite materno. Por outro lado, as de continuação, que complementam a introdução de novos alimentos, fornecem entre 60 e 85% de calorias.
Proteínas
Os 3,5 gramas de proteína que o leite de vaca contém são reduzidos entre 1,2 e 1,8 gramas quando é transformado em fórmula láctea. O valor da proteína do leite materno varia de 0,9 a 1,1 gramas a cada cem. Essa redução de solutos alivia a carga renal ainda imatura dos lactentes.
O valor biológico das fórmulas iniciais também é aumentado. Ao adicionar mais proteínas de soro de leite ao leite de vaca, é fornecido um maior teor de aminoácidos essenciais, que serão utilizados para o crescimento do bebê. O Comitê de Nutrição da Associação Espanhola de Pediatria enfatiza que a proporção de proteína de soro de leite/caseína deve ser de 60/40.
Nas fórmulas de transição, 85% de toda a proteína é caseína, com uma contribuição de 2,4 gramas por 100 mililitros. Isso aumenta moderadamente a carga de solutos no nível renal, mas o bebê tem maturidade orgânica para lidar com isso.
Gorduras
A porcentagem de gorduras entre o leite materno e o leite de vaca não difere em quantidade, mas difere em qualidade e absorção. A quantidade de gordura adicionada à fórmula garante o aporte de 50% da energia que o bebê necessita nos primeiros 6 meses de crescimento e desenvolvimento.
Para melhorar a qualidade das gorduras, são adicionados óleos vegetais como fontes de ácidos graxos poli-insaturados. De preferência, são usados óleos de cártamo, girassol, soja e milho. Outro aspecto importante é o ômega-6 e o ômega-3. No caso do ômega-6 linoleico há um limite, pois as fórmulas devem conter entre 0,2 a 0,8 gramas por cento, com uma proporção de 5 a 15 partes de linoleico para 1 parte de ômega-3 linolênico.
Essa relação permitirá que o corpo do bebê produza outros ácidos graxos que participam de seu desenvolvimento. É o caso do docosahexaenóico ou DHA, um poli-insaturado que está relacionado ao bom desenvolvimento cognitivo e visual do recém-nascido, segundo publicação da revista Global Nursing.
Carboidratos
O leite de vaca usado para a fórmula láctea deve ser enriquecido com lactose, já que o leite da mulher contém quase o dobro de carboidratos. Esse carboidrato funciona como a principal fonte de energia, favorece a biodisponibilidade do cálcio e melhora a saúde intestinal do bebê. Por outro lado, após os 6 meses de idade, as fórmulas são misturadas com xarope de milho sólido, glicose e, em alguns casos, sacarose.
Vitaminas e minerais
As vitaminas e minerais são consistentes com as quantidades encontradas no leite materno. A maior ou menor proporção em alguns deles é monitorada, pois um desequilíbrio pode afetar a absorção e causar interação com outros minerais.
No caso particular do ferro, uma vez que seus valores são baixos no leite materno, as fórmulas são suplementadas a não menos que 1 miligrama por 100 calorias. Quando o ácido ascórbico é adicionado, a absorção de ferro é melhorada.
O que dizem os especialistas internacionais?
A revista Anales de Pediatría conclui que as fórmulas lácteas estão dentro dos valores de referência em termos de ingestão de energia, proteína, gordura e carboidratos. No entanto, sugere-se revisar os micronutrientes com base nas necessidades atuais do lactente e seus efeitos adversos.
Por sua vez, as fórmulas complementares foram revisadas pela organização Early Nutrition Academy e seus valores nutricionais foram ajustados com base na maturação do bebê e na contribuição da dieta após os 6 meses.
O leite materno é único e essencial
As fórmulas lácteas são feitas com todos os controles internacionais para garantir o fornecimento de energia e nutrientes para o bebê em crescimento. No entanto, reiteramos que a relação biopsicossocial e emocional que se estabelece com o leite materno como alimento exclusivo nos primeiros 6 meses é única. Nesse sentido, não só nutre o bebê, mas também o prepara para o futuro.
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