A importância de conversar com os adolescentes sobre saúde mental

É importante que os adolescentes saibam que a saúde mental não é uma questão "louca" ou "estranha". Trata-se da possibilidade de ter uma boa qualidade de vida.
A importância de conversar com os adolescentes sobre saúde mental
Maria Fátima Seppi Vinuales

Escrito e verificado por a psicóloga Maria Fátima Seppi Vinuales.

Última atualização: 15 maio, 2023

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), um grande número de dificuldades que, com o tempo, se transformam em transtornos de saúde mental têm início por volta dos 14 anos de idade. Destes, muitos permanecem sem diagnóstico e sem tratamento.

Por isso é importante conversar sobre saúde mental com os adolescentes para prevenir. Então vamos ver como fazer isso.

Por que é importante conversar com os adolescentes sobre saúde mental?

Existem diferentes razões pelas quais é importante conversar com os adolescentes sobre saúde mental.

Uma delas tem a ver com o fato de que muitos dos problemas da idade adulta começam na adolescência e podem ser realmente limitantes. Por isso, é fundamental intervir a tempo para evitar que sejam empecilhos para uma vida plena e com qualidade.

Outro motivo para falar de saúde mental tem a ver com esclarecer do que se trata. Muitas vezes, os jovens equiparam saúde à ausência de doença. Dessa forma, ser saudável não é ser doente, reduzindo um conceito tão complexo quanto rico.

A saúde mental tem ligação direta com o bem-estar, com quem queremos e podemos estar. É um conceito relacionado ao nosso crescimento e à possibilidade de exibir nossas habilidades, a aprender a reconhecer as emoções e enriquecer o universo emocional.

Isso não significa que não saibamos que temos problemas: significa que podemos pedir ajuda para resolvê-los, que somos todos vulneráveis e que não há nada de errado ou “estranho” nisso.

Como podemos identificar que um adolescente tem um problema de saúde mental?

Adolescentes precisam de saúde mental
Embora os transtornos mentais nem sempre sejam óbvios, é possível detectar vários sintomas característicos de muitos deles com facilidade.

Ansiedade, depressão, problemas de conduta e transtornos alimentares estão entre os problemas mais frequentes e crescentes em adolescentes.

Às vezes, os sinais de alerta são óbvios, outras vezes nem tanto. A isso, devemos acrescentar que a adolescência é uma fase em que muitos jovens tentam afastar os adultos de suas vidas. Além disso, nosso próprio ritmo de trabalho nos impede de detectar alguns sinais. Vejamos alguns dos indicadores de um problema de saúde mental.

  • Perda de interesse ou prazer em atividades que antes eram prazerosas.
  • Alterações de humor e emoções: irritabilidade, crises de choro, medo.
  • Dificuldade para dormir, incluindo tudo, desde pesadelos até alterações no sono.
  • Mudanças no apetite, especialmente mudanças extremas. Por exemplo, perda de apetite ou um interesse marcante por comida.
  • Preocupação constante ou nervosismo. Às vezes, eles até manifestam isso como “minha cabeça vai explodir” ou “não consigo parar de pensar”.

Mas quando esses sinais são muito importantes? Quando observamos que são persistentes e estão afetando outras áreas da vida. Espera-se sentir um pouco de ansiedade antes de uma competição esportiva. Porém, quando essa ansiedade tinge tudo de desprazer, então é preciso intervir com outras estratégias.

Como acompanhar os adolescentes?

Adolescentes e saúde mental têm muito a ver com isso
Companhia, amor, compreensão e respeito são pilares fundamentais para ajudar a criança ou o adolescente a construir sua própria saúde mental.

Às vezes não se trata de grandes conselhos, e sim de pequenos passos. Como adultos, muitas vezes nos limitamos com nossos filhos porque nos envolvemos em planos pretensiosos para levantar o ânimo deles.

Porém, é nas situações cotidianas, naquelas que parecem mais insignificantes, que eles mais precisam de nós. Um caso de amor, uma amizade desfeita, o desconforto com as mudanças corporais ou um colega que pregou uma peça.

Trata-se de acompanhá-los e sugerir medidas “ordinárias” para ajudá-los a superar seus obstáculos. Por exemplo, respirar, ter uma lista com as músicas que gosta, chamar um amigo para conversar, tomar banho, fazer exercícios, passear com o animal de estimação, manter um diário, descansar o suficiente, entre outros.

Algumas recomendações para conversar com adolescentes sobre saúde mental são as seguintes:

  • Contar nossa própria experiência. Como nos sentimos, o que fazemos quando temos problemas, o que nos ajuda a nos acalmar. Partir do nosso lado mais humano os ajuda a compreender que todas as pessoas têm dificuldades e que é importante gerir o autocuidado e pedir ajuda.
  • Criar um clima. Falar sobre alguns tópicos pode ser difícil. Por isso, podemos pensar em uma saída que funcione como uma “desculpa” para nos aproximarmos e compartilharmos o que está acontecendo conosco.
  • Ouvir e validar. Não devemos minimizar as situações, nem tentar “explicar para eles com uma palestra” como são as coisas. Devemos começar gerando um espaço de segurança e confiança para que eles possam se expressar sem medo. Então devemos ouvir o que eles querem compartilhar e respeitar seu tempo.
  • Buscar ajuda juntos. Trata-se de ser o apoio de nossos filhos e resolver junto com eles o que os preocupa.

Claro, é importante que saibamos administrar nossas emoções, evitando preocupações excessivas, superproteção ou drama.

Libere a pressão da felicidade e do perfeito

Especialmente presente nas camisetas, no Instagram e nos múltiplos discursos dos influencers nas redes sociais, até hoje o único objetivo de tudo parece ser a felicidade. Porém, muitas vezes esquecemos que ela também é feita de contratempos e erros.

Nesse sentido, conversar sobre saúde mental com adolescentes permitirá que eles entendam que a frustração também faz parte da vida e que eles devem aprender a viver com menos pressão para ser e parecer de uma determinada maneira. “Parecer feliz” a qualquer custo não deve ser o objetivo.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • de Jesús Moreno-Gordillo, G., Trujillo-Olivera, L. E., García-Chong, N. R., & Tapia-Garduño, F. (2019). Suicidio y depresión en adolescentes: una revisión de la literatura. Revista Chilena de Salud Pública23(1), 31-41.
  • Moscoso, D. R. B., Narvaez, L. D. C. V., Ortiz, L. F. A., Ramos, R. A., & Gonzalez, E. M. V. (2021). Ansiedad y depresión en adolescentes. Revista Boletín Redipe10(2), 182-189.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.