Por que existem pais que rejeitam seus filhos?
A parentalidade é uma experiência que tem muitas nuances, é única e nem todas as pessoas a vivem da mesma forma. Em alguns casos, há pais que rejeitam seus filhos, que não conseguem se conectar com eles e isso lhes causa profunda frustração e culpa. Especialmente porque está estabelecido que você deve amar seus filhos.
Com esse mandato, invizibiliza-se um desconforto que não só traz consequências a nível pessoal, mas também impacta nos pequenos e no núcleo familiar. Em vez de negar que existem pais que rejeitam seus filhos, é conveniente abordar o assunto.
Sobre a rejeição dos pais em relação aos filhos
Antes de investigar por que existem pais que rejeitam seus filhos, é importante entender que essa rejeição pode se expressar de múltiplas formas: hostilidade, indiferença ou negligência, entre outras. Mas as consequências afetam sempre ambas as partes, com impacto na autoestima, sentir-se amado e valorizado e digno de confiança. Daí a importância de sua abordagem.
Descubra por que alguns pais rejeitam seus filhos
Primeiramente, é importante reconhecer que a relação na relação entre pais e filhos é um vínculo construído e influenciado por múltiplos fatores. Assim, entram em jogo características pessoais, contexto ou momento vital, entre outros. A maneira como certas circunstâncias surgem permitirá que a experiência seja positiva ou negativa. Portanto, também é importante levá-los em consideração ao lidar com a rejeição.
Experiências negativas de apego
Há pais que não conseguem estabelecer um vínculo afetivo com os filhos porque não possuem um vínculo saudável e amoroso de apego às suas próprias vivências. Consequentemente, eles têm uma ferida aberta que ainda não conseguiram fechar e isso é um obstáculo.
Por isso, a reflexão é uma das habilidades parentais que nos convida a pensar sobre nossa própria infância, educação, modelos parentais e suas aspirações. No entanto, tudo isso implica um trabalho de abertura, reconhecimento, perdão e análise, que é tão necessário quanto doloroso.
Pressão dos pais
Em muitos casos, há uma rejeição dos filhos porque a decisão de serem pais não foi uma escolha, e sim uma pressão social. Uma pressão porque “Você vai ficar para titia”, “Porque você já é adulta/adulto”, “Porque é o que vem a seguir” e uma infinidade de mandatos que ouvimos e que, por vezes, acabam por fazer as pessoas cederem.
No entanto, tornar-se pai ou mãe é uma experiência extremamente complexa, que exige dedicação e pode ter um sabor amargo quando não é desejada.
Depressão perinatal ou pós-parto
A gravidez é uma revolução, pois ocorrem mudanças físicas e hormonais, além de emoções que oscilam entre a alegria e o medo ou o estresse e o cansaço. Além disso, surgem as preocupações econômicas, junto com todas as expectativas com as quais o momento está sobrecarregado. Tudo isso pode levar à depressão perinatal (desde o início da gravidez até o primeiro ano de vida do bebê) ou pós-parto e dificultar o estabelecimento do vínculo.
É importante diferenciar esse tipo de depressão do baby blues, de curta duração e durante a primeira semana após o parto, para apoiar a mãe.
Gravidez não planejada
Em alguns casos, a origem da rejeição tem a ver com o fato de o filho a caminho não estar nos planos. Também porque os futuros pais não estão no melhor momento de suas vidas ou do casal.
Expectativa versus realidade
Muitas vezes, essa rejeição está relacionada à queda dos ideais sobre o que é ser pai. Essa experiência tem seu lado cor-de-rosa: a primeira palavra do bebê, a amamentação, as primeiras risadas e outras lindas lembranças. No entanto, pouco se fala sobre sobrecarga mental, preocupações com o trabalho, falta de privacidade ou perda de espaços próprios. Também é importante mostrar esse lado B para que a expectativa não seja frustrada de repente e tudo pareça insuficiente.
Vamos normalizar pedindo ajuda
Não somos piores pais por aceitar que sentimos rejeição em relação ao nosso filho e pedir ajuda. Na verdade, isso nos torna melhores, pois podemos encontrar uma solução e evitar prejudicar outra pessoa que depende de nós. A qualidade do apego é a base sobre a qual se baseiam a autoestima e os relacionamentos subsequentes. Inclusive, muitas vezes essa rejeição não tem a ver com a criança em questão, e sim com experiências anteriores das quais precisamos nos recuperar.
Se você está em uma situação semelhante ou conhece alguém, você não é uma aberração ou o pior pai do mundo: você é uma pessoa com medos, com experiências, com dores e angústias, que merece se sentir bem e que não está sozinha. Dar nome às emoções, validar o que se sente e desenvolver recursos de afrontamento é uma forma de conseguir usufruir dessa experiência.
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