Bullying: como detectar e tratar?

O bullying emite sinais de alerta que o medo, a vergonha ou a chantagem encobrem. Esses alertas sobre deficiência, preferências sexuais e minorias étnicas fazem parte de um plano de prevenção abrangente.
Bullying: como detectar e tratar?
María Alejandra Castro Arbeláez

Revisado e aprovado por a psicóloga María Alejandra Castro Arbeláez.

Última atualização: 26 dezembro, 2022

O bullying é uma forma de abuso psicológico, físico ou verbal entre pares. Esse abuso intencional realizado por um companheiro causa uma mudança drástica no comportamento da criança, que fica constrangida com essa exposição. Mas como detectar e tratar o bullying?

Especialistas apontam o bullying como uma situação difícil para o aluno, pois consiste em um desequilíbrio de poder ou força. As crianças submetidas a esse bullying constante ficam apavoradas, com medo de ir à escola e até deprimidas e suicidas.

Pais e professores costumam ser os últimos a saber o que acontece na sala de aula porque a vergonha e o medo de possíveis represálias costumam paralisar os alunos, que optam por guardar o segredo e sofrer em silêncio.

Como detectar o bullying?

Tanto os membros da comunidade educativa como os pais têm a obrigação de agir em casos de bullying na sala de aula. A prevenção e a erradicação do bullying vêm com o compromisso de criar um ambiente seguro onde as crianças possam prosperar social e academicamente.

É fundamental educar nossos filhos desde cedo nos valores do respeito, da amizade, da não agressão e da confiança. Dessa forma, você sempre pode abordar todos os assuntos e expressar sentimentos, dúvidas e medos. Assim será mais fácil agir e detectar os sinais de alerta.

adolescente olhando para o grupo
O isolamento é um dos primeiros sintomas do bullying

Sinais e comportamentos de bullying escolar

  • Não querer ir à escola e falta às aulas, quando a criança nunca evitou ir à escola antes.
  • Procurar estar acompanhada ao entrar e sair da escola.
  • O desempenho escolar começa a diminuir gradualmente.
  • A criança é capaz de fingir doença ou desconforto para evitar ir à aula.
  • Em casa, ela esconde o problema evitando falar da escola.
  • Mudanças de humor e comportamento.
  • Expressar raiva ou fúria.
  • Parecer mais infantil.
  • Ter pesadelos e alterações do sono, perda de apetite, enurese, vômitos, etc.
  • Apresentar um estado de ansiedade e nervosismo que pode desencadear ataques de pânico.
  • Passar mais tempo em casa do que antes, não saindo mais para brincar com os amigos.
  • Procurar companheiros mais jovens, pois se sente seguro com eles.
  • Apresentar sinais de agressão física (golpes, hematomas, arranhões). Quando questionada sobre o que aconteceu, a criança fica agressiva e nervosa, não responde com naturalidade e mente. Ela alega que sofre frequentes quedas ou acidentes.
  • Sofrer de dor somática, como dores de cabeça, dor de estômago, etc.
  • Ser dominado pela tristeza, choro e irritabilidade.

5 dicas para lidar com o bullying

  1. Observe a atitude de seu filho em busca de sinais de abuso. Lembre-se de que as crianças nem sempre são propensas a dizer o que estão sofrendo. Se você descobrir que seu filho está sofrendo bullying, tenha conversas abertas para que possa descobrir o que está acontecendo na escola e tomar as medidas apropriadas para corrigir a situação. Deixe seu filho saber que você está disposta a ajudá-lo.

    menino-mostrando-as-mãos
    Não responder ao bullying com violência é melhor

  2. Ensine seu filho a lidar com situações de bullying. Caso não seja possível adotar medidas na esfera administrativa, uma boa opção é ensinar à criança técnicas para lidar com o bullying, sem se expor ao abuso físico. É importante que seu filho aprenda a ignorar o agressor ou a criar estratégias para lidar com a situação. Ajude a criança a identificar professores e amigos que podem ajudar antes ou durante o bullying.
  3. Não responda ao bullying com violência. É fundamental agir com calma diante desses fatos. Embora possa ser difícil agir com moderação diante de um caso de bullying contra nosso filho, você deve evitar demonstrar raiva ou chorar. Além disso, o assediador pode ser levado a ver a razão ao mostrar a ele que é conveniente se afastar da criança vítima para evitar problemas futuros.
  4. Relate o caso de bullying na escola. Se possível, formalize a reclamação por meio de uma reclamação formal.
  5. Ofereça ao pequeno a ajuda de um conselheiro ou psicólogo. O ideal é que a criança receba ajuda terapêutica, não porque tenha um distúrbio psicológico, mas justamente para evitar que o desenvolva futuramente em decorrência dessa situação estressante à qual se sente aprisionada.

Dez ações para acabar com o bullying

A Unicef propõe dez esferas de ação para professores e alunos que possibilitariam o fim da violência na escola:

1. Defender uma abordagem holística que envolva alunos, funcionários da escola, pais e a comunidade

Converse com os atores envolvidos no âmbito educativo, diretores, professores, alunos, pais, lideranças comunitárias. Todos precisam estar cientes das diferentes formas de ocorrência da violência para que se possa avançar em um plano de ação conjunto.

2. Envolver os alunos na prevenção da violência

Os alunos devem receber informações e treinamento em direitos humanos, elaborar regras e estabelecer responsabilidades que contribuam para a convivência escolar.

3. Use técnicas e métodos de disciplina construtiva

Crie regras que sejam “positivas, instrutivas e breves”. Aplicar medidas disciplinares educativas e não punitivas, e incentivar o comportamento positivo, reconhecendo, incentivando e parabenizando as boas ações.

4. Ser um fator ativo e eficaz para acabar com o bullying

Defina o bullying e suas diferentes manifestações com a participação de professores, alunos e todo o pessoal escolar. Distribua as sanções de acordo com a gravidade, oriente os assediadores, ajude as vítimas e evite a espiral de silêncio em torno da violência.

5. Promover a adaptabilidade dos alunos e ajudá-los a enfrentar os desafios da vida de forma construtiva

Criar na escola um programa de educação e orientação para a paz que, em geral, evite qualquer ato ou palavra violenta, por menor que seja.

6. Ser um modelo positivo ao falar contra a violência sexual e de gênero

Esteja ciente do preconceito de gênero e garanta que o tratamento e os relacionamentos não discriminem ou criem desigualdade para meninos e meninas. Evite a todo custo a violência sexual e eduque sobre as formas de violência de gênero.

7. Promover mecanismos de segurança escolar

Formule e aplique medidas que impeçam o abuso de poder e encontrar mecanismos viáveis para denunciar a violência.

8. Oferecer espaços seguros e acolhedores para os alunos

Estabeleça claramente quais locais são seguros e quais são perigosos na escola. Trabalhe a partir desse mapeamento na construção de uma escola segura em todos os seus espaços.

9. Adquirir habilidades de prevenção da violência e resolução de conflitos e transmiti-las aos alunos

Busque informação e formação sobre resolução de conflitos através da não-violência, sobre direitos humanos e educação para a paz.

10. Reconhecer a violência e a discriminação contra alunos com deficiência e de comunidades indígenas ou minoritárias e outras comunidades marginalizadas

Enfatize que somos todos diferentes e, portanto, únicos e que a diversidade, o respeito e a não discriminação é a garantia da paz.

O bullying é um problema que, para ser detectado e tratado, requer a participação ativa de todos os agentes educativos. O silêncio e a recusa de responsabilidades o farão desaparecer.

Se na escola existem crianças com deficiência, que manifestam uma preferência sexual diferente da corrente majoritária ou que provêm de uma etnia ou minoria, devemos prestar atenção, acompanhar e promover ativamente a educação para os direitos humanos e a diversidade.

Por fim, vamos prevenir o bullying…

Ensinar aos nossos filhos o valor do respeito e da igualdade. Fomentar a comunicação e gerar um clima de confiança na família e na escola e, além disso, conhecer seus amigos e seu ambiente.

Vamos acabar com o bullying compartilhando o valor da empatia e ensinando nossos filhos a estabelecer limites. Explique a eles o que é o bullying e diga que não faz sentido confrontar o agressor.

Recomende que estejam sempre acompanhados o máximo possível e, talvez o mais importante, que não se calem ao menor indício de violência.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.



Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.