Como agir diante do trote na escola
Os trotes na escola deixaram de ser ritos de passagem e se transformaram em pesadelos para muitas crianças? Para muitos jovens, o problema é realmente grave, principalmente quando são excessivos, duram muito tempo ou causam distúrbios psicológicos variados.
Vamos imaginar a mente de um jovem que está chegando pela primeira vez a uma universidade, uma escola ou um instituto. Logicamente, ele está nervoso. Soma-se a isso o fato de que os alunos mais veteranos o procuram para jogá-lo na lama, escrever mensagens vulgares em seu rosto ou provocar situações vergonhosas e embaraçosas para o novo aluno. Quais seriam os nossos sentimentos e emoções nesses momentos? O trote pode ser considerado como uma forma de abuso.
Contudo, será que essas situações realmente têm algo de positivo, conforme defendido por algumas pessoas? Veremos o que dizem os especialistas e como pais e alunos podem agir diante do trote.
O trote e as suas consequências
Profissionais como a psicóloga Loreto González-Dopeso afirmam que o trote não traz nenhuma consequência positiva para os jovens. De fato, essa especialista é presidente da Asociación No más novatadas (Associação Chega de trotes, em tradução livre) e se tornou uma ativista contra esse tipo de procedimento.
De acordo com González-Dopeso, o trote pode ser uma espécie de porta que permite ao agressor abusar de outros jovens. No entanto, atualmente, há poucos estudos a esse respeito.
A psicóloga lembra que na Espanha, por exemplo, existe apenas um estudo rigoroso, chamado NOvatadas, comprender para actuar (NÃO aos trotes, compreender para agir, em tradução livre), realizado na Universidade de Comillas. Ela afirma que perpetuar esse ritual implica desencadear consequências perversas que podem levar a situações extremamente graves, tais como abuso de poder ou bullying.
Até hoje, a associação liderada por González-Dopeso trabalha ativamente para reduzir esses rituais de iniciação com o apoio de várias universidades. Juntos, conseguiram até mesmo que muitas instituições assinassem e aderissem ao Manifiesto del Consejo de Colegios Mayores Universitarios de España (Manifesto do Conselhos de Colégios Maiores Universitários da Espanha) para reduzir essa forma de agir que humilha e zomba dos alunos recém-chegados.
Como evitar?
A partir dos poucos estudos e do conhecimento de profissionais como González-Dopeso, o trote é definido como escárnio, humilhação, insulto e maus-tratos de outras pessoas.
De fato, esses profissionais vão mais longe ao afirmar que há um atentado contra a integridade e a dignidade dos mais fracos, causando situações que não poderiam ser permitidas, especialmente dentro de instituições que deveriam se distinguir por valores como integridade, altruísmo, esforço, solidariedade e preocupação cultural.
Assim, dentre as dicas fornecidas pelos profissionais para acabar com essa situação indesejada, há algumas que se destacam, como as que vamos expor a seguir.
Interpretar o trote como uma forma de abuso
É recomendado que os jovens não se deixem subjugar, que denunciem e que saibam claramente que essa é uma forma de abuso. Não é algo divertido, nem um rito de passagem.
Os estudantes devem formar grupos
É mais difícil que ocorram confrontos se os estudantes recém-chegados se unirem em um grupo e se impuserem. Além disso, pode ser conveniente receberem a ajuda de professores ou de figuras que sejam respeitadas pelos alunos mais velhos.
Contato constante
É necessário manter contato frequente e direto com a família e com o aluno que sofre ou pode sofrer trote. Saber exatamente o que está acontecendo vai facilitar uma intervenção oportuna e adequada.
Reportar apenas se for seguro
Porém, para evitar situações de abusos constantes e acusações de “dedo-duro”, as denúncias às autoridades máximas da instituição devem ser feitas por meio de canais seguros. É interessante que centros de treinamento, escolas, faculdades, etc., facilitem esse tipo de via de comunicação com os alunos recém-chegados.
Aproximar-se de amigos e conhecidos
Os jovens recém-chegados estarão mais seguros e tranquilos ao lado de alunos mais veteranos. Se tiverem conhecidos ou parentes nas instituições, é interessante que fiquem com eles e se mantenham longe dos locais de trote.
Contatos adequados na instituição
Assim que um novo aluno chega a uma universidade ou faculdade, ele deve ter a oportunidade de contatar certas figuras de autoridade que podem ser de grande ajuda para evitar o trote.
Trote na escola: cuidado com substâncias perigosas
Pode ser perigoso para um novo aluno concordar em passar por testes que exijam consumir álcool, fumar e, em raras ocasiões, até mesmo consumir substâncias proibidas. É importante não aceitar esse tipo de prática.
Quando chegar a hora, para evitar o trote na faculdade ou em qualquer centro educacional, se necessário, é preciso entrar em contato com as forças da ordem pública. Seja como for, é importante que todos trabalhem juntos para evitar que esses rituais perigosos se perpetuem e afetem os nossos jovens.
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- García-Mina Freire, A., Aizpun Marcitllat, A. (2013). NOvatadas: comprender para actuar. Universidad Pontificia de Comillas. Madrid. https://www.consejocolegiosmayores.es/wp-content/uploads/2015/03/Guia-proyecto-Novatadas-comprender-para-actuar-.pdf