A maternidade na diversidade cultural

Apesar de sua natureza aparentemente universal, a maternidade é vivida de maneiras muito diferentes em cada cultura.
A maternidade na diversidade cultural
Natalia Cobos Serrano

Escrito e verificado por a educadora social Natalia Cobos Serrano.

Última atualização: 27 dezembro, 2022

Sem dúvida, a maternidade é um acontecimento único na vida das mulheres e, definitivamente, vital para a sociedade. Assim, a maternidade na diversidade cultural tem múltiplas formas.

Apesar de sua universalização aparente, sabe-se que a maternidade é vivida de maneiras muito diferentes, não apenas em diferentes partes do mundo, mas também em nosso meio mais próximo.

A maternidade na diversidade cultural como uma construção social

Certamente, a maternidade é um fato biológico que afeta apenas as mulheres. No entanto, atualmente, tem sido estudada como uma construção cultural cuja base é um fato biológico geral e universalizável.

A doutora em antropologia Ángeles Sánchez afirma que a maternidade não é um simples processo de reprodução biológica enquadrada em um corpo físico. Na verdade, ela implica uma construção sociocultural de cada cultura e, portanto, é um evento psicossocial.

A maternidade na diversidade cultural

Entender a maternidade como uma construção biológica e cultural é simples se olharmos além e observarmos como ela é vivida de múltiplas maneiras em diferentes culturas e lugares do mundo.

O apoio feminino no Quênia e na Tanzânia

Nas tribos que povoam as áreas do sul do Quênia e do norte da Tanzânia, como os grupos tribais Masai e Swahili, um grande apoio social feminino é reunido em torno da nova mãe durante os primeiros dias da maternidade.

A partir do momento do parto, a mãe é cercada por mulheres e a figura do homem desaparece durante as primeiras semanas da maternidade. Na tribo Swahili, o casal dorme em quartos separados por quarenta dias após o parto.

Por outro lado, na tribo Masai, todas as mulheres da aldeia assistem ao nascimento, enquanto os homens esperam na casa da mãe. Nos dois meses seguintes, a mãe é assistida pelo restante das mulheres Masai, que desempenharão tarefas e responsabilidades por ela.

Tradição e costume na China e no Japão

Na China, o forte apego às tradições faz com que ainda hoje continue sendo praticado o zuò yuè zi. Durante o primeiro mês após o parto, a mãe e o bebê devem permanecer hospitalizados ou em casa para proteger a saúde do recém-nascido.

Outra de suas grandes tradições em torno da maternidade é centrada na higiene da mãe, que deve esperar pelo período pós-natal para poder tomar banho. No que diz respeito à alimentação, durante a gravidez, alimentos considerados quentes, como os ovos, devem ser evitados, enquanto alimentos frios, como as frutas, devem ser consumidos.

Tradição e costume na China e no Japão

No Japão, os homens desempenham um papel um pouco distante durante a gravidez. Eles não frequentam as consultas médicas nem os cursos de gravidez. Inclusive, em alguns hospitais japoneses, os homens não podem entrar durante o parto.

Após o primeiro mês do nascimento do bebê, é celebrada uma tradição muito importante para os japoneses: o Omiyamairi. Consiste em levar o bebê a um templo xintoísta pela primeira vez e realizar uma cerimônia para celebrar o nascimento dele. Nela, são feitos pedidos para que o recém-nascido cresça forte e saudável.

A maternidade tardia no Ocidente

As mulheres da Europa Ocidental atual são muito diferentes das de apenas algumas décadas atrás. A maternidade, em particular, mudou essencialmente.

Agora que a maternidade não está mais vinculada ao casamento, a mulher que pretende ser mãe visa primordialmente à estabilização profissional e financeira. Como consequência, isso irremediavelmente provoca um atraso na idade para ser mãe.

Nesse contexto, predominam as famílias com um número reduzido de filhos. Isso acontece porque o objetivo das famílias mudou: não se pretende ter um grande número de filhos, mas sim poder proporcionar a eles uma vida de qualidade.

Maternidade na diversidade cultural: qual o melhor país para ser mãe?

Em 2015, a ONG pela infância Save the Children divulgou o 16º relatório anual do Estado das Mães do Mundo. Nele, além de analisar as desigualdades na saúde entre algumas das principais cidades do mundo, é avaliado o bem-estar de mães e crianças em 179 países.

Os resultados desse relatório posicionam a Noruega como o melhor país para ser mãe, seguida pela Finlândia e pela Islândia. Quanto aos países que estão no final da lista, encontramos a Somália como o pior.

Para esse relatório, foram considerados vários fatores, como, por exemplo, a saúde materna, ao se analisar o risco de uma mulher morrer em consequência da gravidez ou do parto. Na Noruega, uma em cada 12.160 mulheres morrem de causas maternas, enquanto na Somália morre uma a cada 30.

“Temos que fazer mais para garantir que todas as mães e bebês tenham uma probabilidade justa de sobrevivência e uma vida feliz e saudável, não importando onde morem.”

-Carolyn Miles-

Maternidade na diversidade cultural

Em conclusão à questão da maternidade na diversidade cultural

Sem dúvida, a maternidade na diversidade cultural é vivida de maneiras muito diferentes. No entanto, não é necessário comparar outras culturas para observar diferentes experiências da maternidade. Em nosso próprio contexto, o conceito de maternidade está mudando e evoluindo de forma profunda e constante.

A professora Mª Cándida Alamillos explica que, no atual período de transição, a pluralidade social exige diferentes modelos familiares, com uma readaptação dos papéis de gênero.

Sem dúvida, apesar do fato de que a natureza variável das famílias atuais acarreta certa incerteza para as sociedades, a diversidade na maternidade traz a esperança necessária para torná-las mais justas e igualitárias. 


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