O consumo de pornografia por adolescentes
Diversas pesquisas mostram que o consumo de pornografia por adolescentes pode causar problemas quanto à manutenção de relações sexuais satisfatórias. Inclusive, afirmam que, se esse consumo for muito comum, ele pode levar a um certo vício. A pornografia está se tornando uma prática social preocupante?
Por outro lado, o consumo de pornografia aumentou nas últimas duas décadas. O mais preocupante é a idade em que se tem o primeiro contato com materiais pornográficos, pois há crianças com 10 anos que já veem conteúdo para adultos.
Esse consumo precoce da pornografia faz com que os adolescentes desvirtuem o modelo de relacionamento afetivo-sexual e tenham uma visão distorcida da sexualidade. Como esse consumo precoce e frequente de pornografia afetará os nossos filhos?
Com que idade os adolescentes começam a ver conteúdo pornográfico?
De acordo com a Unidade de Pediatria e Adolescência, a idade média em que os adolescentes começam a consumir pornografia é cada vez mais precoce. Entre 12 e 14 anos no caso dos meninos e 16 anos para as meninas.
Além disso, as estatísticas dizem que 1 em cada 4 crianças começa a ver pornografia antes dos 10 anos, e há até mesmo algumas crianças que têm seu primeiro contato com imagens pornográficas com apenas 8 anos de idade.
Há alguns anos, essa prática não era tão precoce nem tão massiva. Atualmente, o uso da internet e das novas tecnologias faz com que os pré-adolescentes e adolescentes tenham o livre consumo de pornografia ao seu alcance, sem restrições.
O uso do celular desde muito cedo, a curiosidade dos adolescentes e a facilidade de acesso a páginas com conteúdo pornográfico induzem à busca pela pornografia explícita. Com o tempo, eles vão procurar imagens cada vez mais transgressoras a fim de buscar maior prazer. Essa prática pode afetá-los de várias maneiras, pois seu cérebro ainda não possui um mapa bem formado da sexualidade.
Efeitos do consumo de pornografia em idade precoce
Emilio López Bastos, psicólogo e sexólogo, além de vice-presidente da Federação Espanhola de Sociedades de Sexologia, alerta que o consumo habitual e precoce de pornografia pode causar disfunções sexuais. Entre elas, a disfunção erétil, a ejaculação precoce e a dificuldade para chegar ao orgasmo.
Afinal, os adolescentes que começam a ver pornografia desde muito cedo acabarão precisando de um estímulo visual cada vez mais forte para obter uma resposta sexual agradável. Eles vão passar da pornografia softcore para a hardcore.
Essa é a razão pela qual muitos jovens procuram terapia com sexólogos, pois afirmam ter problemas para manter relações sexuais satisfatórias. Há até mesmo jovens que chegam a dizer que obtêm mais prazer ao consumir pornografia do que mantendo relações sexuais com seus parceiros.
Por outro lado, a nível cerebral, são produzidas descargas de dopamina que geram reações intensas muito semelhantes às que ocorrem com o consumo de substâncias que causam dependência. Dessa forma, assim como outros vícios, o consumo frequente de pornografia em idades precoces pode causar problemas físicos, mentais, psicológicos e sociais nos adolescentes.
É preciso ter em mente que a intensidade dos efeitos será maior quanto mais precoce for a idade de exposição e mais extremo for o conteúdo pornográfico, pois, conforme já dissemos, aos 12 ou 14 anos ainda não há um mapa da sexualidade bem formado. O cérebro ainda não está desenvolvido psicologicamente para processar essas imagens, o que faz com que a percepção da sexualidade seja distorcida.
Relações afetivo-sexuais em adolescentes consumidores de pornografia
Se um menino começar a consumir pornografia desde cedo, ele terá uma ideia errada sobre o sexo. Ele buscará na realidade o que viu e não vai encontrar. Isso porque a sexualidade humana tem pouco a ver com o que grande parte dessa pornografia transmite.
Além disso, algo muito negativo sobre a pornografia é que, em geral, ela é muito machista, transmitindo mitos e conceitos equivocados sobre a sexualidade. Por isso, com o tempo, tanto meninos quanto meninas acabarão distorcendo as relações afetivo-sexuais com seus parceiros. Como consequência, vão acabar assimilando que:
- Sexo e afeto são duas coisas independentes.
- Os homens podem fazer e possuir mulheres quando quiserem.
- As mulheres devem responder às demandas sexuais dos homens.
- Sexo violento é normal.
O que pode ser feito pela família e pela escola?
Conforme já dissemos, a curiosidade, o uso precoce do celular e a facilidade de acesso à internet e às páginas pornográficas fazem com que o consumo desse material seja cada vez mais precoce e frequente. Assim, a educação sexual, tanto na família quanto na escola, está se tornando cada vez mais necessária.
Dentro da família, devemos prevenir e evitar que os nossos filhos consumam pornografia desde cedo. Neste caso, a maneira mais prática de evitar que vejam conteúdo pornográfico são os programas de controle parental. Por meio deles, podemos restringir conteúdos, páginas da web e limitar o uso de dados a determinadas horas e com um tempo limitado.
No entanto, a melhor forma de prevenir o consumo de pornografia é a educação sexual adequada. É importante conversar abertamente com os nossos filhos, explicar a diferença entre sexualidade real e pornografia, educá-los sobre a igualdade e fazer com que eles saibam o que devem aceitar e o que não devem aceitar em suas relações sexuais.
Coisas a ter em mente sobre o consumo de pornografia por adolescentes
O consumo de pornografia é uma prática cada vez mais difundida e frequente entre os adolescentes. O fato de começar a ver conteúdo pornográfico desde cedo fará com que os jovens tenham uma ideia errada sobre a sexualidade.
Por outro lado, a visualização frequente de conteúdo pornográfico causará problemas para os adolescentes em suas relações sexuais. Eles terão um limiar de prazer tão alto por causa da pornografia que não vão apreciar o sexo com um parceiro.
Portanto, tanto em família quanto na escola, o consumo de pornografia deve ser prevenido por meio da educação sexual adequada. Os adolescentes devem ser orientados no processo da sua sexualidade. Não para censurar, mas sim para criar a capacidade crítica para diferenciar a pornografia das relações afetivo-sexuais.
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