Desista dos nãos e diga sim à educação positiva
Você conseguiria se livrar dos nãos? Certamente que, com um pouco de esforço e ajuda, sim. Podemos afirmar que existe uma corrente educativa denominada educação positiva. Esse modelo sustenta que é possível ensinar disciplina de uma forma sem violência. Trata-se de criar uma relação de respeito mútuo entre pais e filhos.
A ciência garante que educar as crianças de maneira positiva ajuda a promover o desenvolvimento dos pequenos. Através da educação positiva uma criança pode se tornar um indivíduo mais saudável e melhor preparado para a vida.
É claro que existem muito mais benefícios. Renunciar aos NÃOS tem como principal benefício uma relação mais construtiva. As crianças educadas de maneira positiva podem inclusive ajudar outras crianças. Com o tempo elas desenvolvem comportamentos saudáveis baseados na tolerância, no diálogo e no respeito.
Às vezes a palavra NÃO é a primeira que sai das nossas bocas quando o bebê está aprendendo a engatinhar ou caminhar, e quer tocar em tudo ou colocar tudo na boca. Muitas vezes nos defendemos com um NÃO para evitar mais explicações. Simplesmente não queremos parar.
Esses “nãos” tentam apenas evitar que a criança se machuque, porém não é a melhor maneira de fazer com que ela coopere.
Há estudos que indicam que crianças que escutam muitas vezes a palavra NÃO durante o dia têm uma linguagem mais pobre, do que aquelas que escutam respostas mais positivas por parte dos seus pais.
Educar positivamente não quer dizer que vamos ceder sempre ou que vamos criar uma criança mimada.
Trata-se de ir mais além da negação básica e ajudar os pequenos a compreender como o mundo funciona, e por que somos as pessoas mais indicadas para ensiná-las.
Abel Domínguez Llort, psicólogo infanto-juvenil e diretor de Domínguez Psicólogos (Madrid) nos fala sobre a educação positiva:
Como ideal é ótimo: tentar motivar as crianças para que elas se concentrem nas possibilidades que têm, e não tanto nas que estão sendo proibidas. Isso vai gerar uma frustração menor em curto prazo.
Em seguida, ele acrescenta:
Mas a sociedade hoje em dia nos poupa de algum NÃO? Vamos nos encontrar sempre com pessoas que vão nos mostrar as alternativas que temos? Eu insisto na moderação: nunca dizer NÃO deixa as crianças mais fracas, e dizer sempre NÃO também.
O ideal é que a criança compreenda (com argumentos adequados à sua idade e sua experiência) por que não podem fazer determinada coisa ou agir de determinada maneira. Há muitas maneiras de fazer as crianças compreenderem, você pode inclusive negociar com elas, ao apresentar outras opções ou atividades atrativas, que podem ajudar a dissuadir os pequenos.
A opinião dos especialistas sobre os nãos
Evitar os nãos muitas vezes é uma tarefa complicada, sobretudo quando se trata de evitar que a criança sofra um acidente ou se machuque.
A ideia não é suprimir o NÃO do vocabulário, mas ter equilíbrio e não saturar os pequenos com muitos nãos.
Com o tempo, uma grande quantidade de nãos pode fazer com que se eduque uma criança que sente medo de explorar o mundo. Uma criança inibida, receosa e, até mesmo, ansiosa.
Os especialistas afirmam que em lugar de dizer NÃO é melhor tentar transmitir que a alternativa que se propõe é muito mais interessante do que aquela que a criança deseja.
O ideal é 20% de nãos e 80% de situações redirecionáveis, estabelece Alicia Banderas, autora do livro “Niños sobreestimulados” publicado em 2017.
É possível dar alternativas, pois as próprias crianças absorvem melhor assim. Elas acabam dizendo: “Melhor fazer desse outro jeito então”. Se uma criança ouve NÃO continuamente, quando ouvir um NÃO na escola vai se frustrar.
É preciso haver um limite para os nãos, insiste Banderas. Ela acrescenta o seguinte para esclarecer melhor o tema: Quando eu quero que minha filha entenda que alguma coisa pode ser perigosa para ela ou para as outras pessoas, então digo NÃO. Mas outras vezes estamos apenas criando guerras, e não é preciso entrar sempre nessa dinâmica.
Limites claros
Evitar o excesso de nãos não significa que você será um pai ou uma mãe submissos, que se esquecem de educar com regras e disciplina.
Estabelecer limites claros e aprender a dizer NÃO aos seus filhos é necessário, é parte do segredo de uma educação assertiva.
A autoridade imposta pelos pais deve ser uma janela aberta que permite que as crianças aprendam com a experiência. Todas as crianças precisam de regras e disciplina para crescerem e se desenvolverem com segurança emocional, social e psicologicamente.
A ideia não é censurar a criança ao ponto de fazer com que ela sinta medo de realizar determinada atividade, pois isso tem um efeito contraproducente na sua educação. O ideal é que os pais orientem de maneira segura e positiva, através de um diálogo repleto de afeto e de respostas esclarecedoras, que incentivem os pequenos a tomar as decisões corretas.
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