Enxaqueca na adolescência: um problema delicado

Enxaqueca na adolescência: um problema delicado
Nelton Ramos

Escrito e verificado por o médico Nelton Ramos.

Última atualização: 05 janeiro, 2018

A enxaqueca na adolescência pode ser um tormento para alguns jovens. Neste artigo do Sou Mamãe enumeramos algumas das suas causas e os tratamentos mais frequentes.

Muitas vezes as dores de cabeça são consideradas como uma coisa passageira e por isso não damos muita atenção. No entanto, quando elas não passam se tornam insuportáveis. A enxaqueca na adolescência é algo que merece ser tratado com delicadeza.

A enxaqueca, também chamada de hemicrania ou hemialgia, é uma dor de cabeça recorrente e intensa e está relacionada ao sistema nervoso.

A dor de cabeça da enxaqueca é na verdade uma espécie de pressão nos nervos, vasos sanguíneos, músculos do pescoço e ombros. Segundo os especialistas, as cefaleias são os transtornos neurológicos mais frequentes na idade pediátrica, incluindo a adolescência.

Segundo o dr. Charles Wibbelsman, membro da Academia Americana de Pediatria, muitas dessas enxaquecas acontecem devido à pressão da vida adolescente: estresse por causa da escola, competição nos esportes, relacionamentos com familiares, colegas e parceiros amorosos.

sintomas da enxaqueca

A enxaqueca é uma dor mais intensa e recorrente do que a cefaleia que é tipicamente unilateral. A enxaqueca ocorre com mais frequência entre os 10 e 30 anos de idade e é mais comum nas mulheres. Acredita-se que pode ser ser um problema hereditário pois 50% das pessoas que sofrem de enxaqueca têm parentes que sofrem ou já sofreram com o mesmo problema.

Como reconhecer um caso de enxaqueca

Caracterizada pela sua aparição repentina, a enxaqueca costuma ser acompanhada dos seguintes sintomas:

  • Náuseas ou vômitos
  • Dor pungente
  • Dor que não diminui com medicamentos e piora com exercícios (como subir as escadas)
  • Problemas de visão: sensibilidade extrema à luz, perda de visão em uma área específica ou percepção de luzes dispersas.
  • Irritabilidade, dificuldade de concentração e inquietação.
  • Falta de apetite.
  • Cansaço

A enxaqueca é uma dor mais intensa e persistente do que a cefaleia, tipicamente unilateral

Causas da enxaqueca na adolescência

As causas exatas são desconhecidas e ainda estão em estudo. Porém existem certos fatores que influenciam o início da enxaqueca. São eles:

  • Genética. Ainda não se tem muita certeza de como a enxaqueca é herdada, mas foi descoberto que para certos tipos de enxaqueca, o responsável é o cromossomo 9.
  • Uma lesão na cabeça. Por exemplo, um hematoma com ou sem a perda de consciência.
  • Estresse. As tensões, a ansiedade e a angústia têm consequências negativas no nosso corpo diminuindo as defesas.
  • Hormônios. Por esse motivo a enxaqueca afeta mais as mulheres do que os homens durante a adolescência. Geralmente, piora com a ovulação e a menstruação, assim como com os métodos contraceptivos orais. Em muitos casos, a gravidez e a menopausa reduzem as enxaquecas e até fazem desaparecer.
  • Maus hábitos. Os maus hábitos que causam a dor estão principalmente relacionados a alimentação e ao consumo de álcool. Alimentos com glutamato monossódico, produtos que contenham tiramina, carnes enlatadas com nitratos e vinho tinto podem piorar os ataques.
  • Falta de sono. Não dormir o tempo adequado e a superexposição às telas dos celulares ou computadores geralmente são fatores desencadeantes da enxaqueca na adolescência.
  • O ambiente. As luzes fortes, as mudanças de temperatura ou as altitudes elevadas também podem desencadear a enxaqueca.
tratamento para a enxaqueca

O tratamento da enxaqueca na adolescência

Em primeiro lugar, é importante esclarecer que a enxaqueca não é um transtorno fácil de diagnosticar. Na verdade, pode levar meses para conseguir detectar sua presença. No entanto, muitos especialistas podem desconfiar de um caso de enxaqueca depois de descartar a possibilidade de outras doenças mais urgentes, principalmente se houver casos no histórico familiar.

Uma vez identificada a enxaqueca, a solução mais efetiva é o descanso, o isolamento e o uso de medicamentos mais fortes para a fase inicial. Esse procedimento tem o objetivo de aliviar os sintomas. Os remédios mais utilizados nesse caso são analgésicos, anti-inflamatórios, antieméticos, ergotamina e triptanos.

Além disso, são utilizados métodos preventivos que podem ser farmacológicos ou não. Entre os farmacológicos podemos citar: os beta bloqueadores, neuromoduladores, antagonistas de cálcio, antidepressivos e agentes anti-hipertensivos.

A enxaqueca não é um problema fácil de diagnosticar. Pode demorar meses para conseguir detectar.

Os métodos que não envolvem nenhum tipo de químicos estão relacionados à mudança e à correção de hábitos alimentares que são prejudiciais para a saúde. Neste caso vai ser preciso suprir a falta de nutrientes essenciais como certas vitaminas ou modificar algumas dietas. Os sintomas podem ser melhorados por meio dos tratamentos físicos, como massagem, acupuntura, yoga e outros métodos de correção da postura e relaxamento. Além disso, o tratamento mental como a meditação, a hipnoterapia ou a psicoterapia também se mostram bastante eficientes.

Um último conselho

Muitas pessoas que sofreram de enxaqueca na adolescência recomendam acompanhar o aparecimento dessa doença ao longo da vida, registrando o dia em que ela acontece, a duração, os sintomas e as possíveis causas.

Para as mulheres é aconselhável também registrar a data de início do período menstrual. Desta forma o médico poderá ter um melhor parâmetro do quadro geral da pessoa.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Arroyo, H. A. (2007). Migraña y otras cefaleas primarias en la infancia y la adolescencia. Medicina (B Aires), 67, 623-30. http://medicinabuenosaires.com/revistas/vol67-07/n6-1/v67_6-1_p623_630_.pdf
  • Bille B. (1991). Migraine in childhood and its prognosis. Cephalalgia. 1: 71-5.
  • Cárdenas Guiraudy, A., García Martínez, D. A., Pozo Lauzan, D., Pozo Alonso, A., & Moroño Guerrero, M. (2005). Migraña: Estudio clínico-genético en niños y adolescentes. Revista Cubana de Pediatría, 77(1), 0-0. http://scielo.sld.cu/scielo.php?pid=S0034-75312005000100001&script=sci_arttext&tlng=en
  • Headache Classification Committee of the International Headache Society. (1988). Classification and diagnostic criteria for headache disorders, cranial neuralgias and facial pain. Cephalalgia. 8. (suppl 7: 1-96).
  • Ozge A, Saşmaz T, Buğdaycı R, Cakmak SE, Kurt AÖ, Kaleağası SH, Siva A. The prevalence of chronic and episodic migraine in children and adolescents. Eur J Neurol. 2013 Jan;20(1):95-101.
  • Sahd-Brown KE, Ruth-Sahd LA. Migraña Aguda en niños. Nursing (Ed española). 2018;35(6):26–31.
  • Pedraza Hueso MI, Ruíz Piñero M, Martínez Velasco E, Juanatey García A, Guerrero Peral AL. Cefalea en jóvenes: Características Clínicas en Una Serie DE 651 casos. Neurología. 2019;34(1):22–6.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.