Filhos de pais alcoólatras
O alcoolismo faz muitas vítimas, mas talvez as mais indefesas sejam as crianças. Em vez de terem pais que sejam fontes de sabedoria e educação, essas crianças precisam conviver com adultos violentos, imprevisíveis e movidos pelos seus próprios impulsos e desejos. Os filhos de pais alcoólatras enfrentam riscos de traumas de saúde mental e de abuso de substâncias quando chegarem à idade adulta.
Características dos filhos de pais alcoólatras
A negação é uma parte importante do alcoolismo. Isso dificulta que as crianças saiam da sombra de fazer parte de uma família alcoólatra. O conceito do pensamento distorcido da negação é parte integrante do problema e pode dominar uma casa afetada.
Os pais podem forçar ou ameaçar os filhos para que fiquem calados e fazem com que encubram comportamentos constrangedores ou violentos, ou ainda refutam terminantemente a noção de que algo esteja errado.
Nos filhos de alcoólatras, a negação geralmente se manifesta na forma de três regras que Claudia Black, especialista em filhos de adultos alcoólatras, considera perigosas. As regras são as seguintes:
- Não confie.
- Não sinta.
- Não fale.
Por causa da natureza do problema, os pais alcoólatras ficam tão absortos em continuar com o seu comportamento que frequentemente esquecem eventos importantes, como, por exemplo, aniversários, atividades escolares e esportivas, etc.
Por meio da experiência e da observação, os filhos aprendem que não podem ter fé ou confiar em ninguém. E menos ainda nos seus pais. O comportamento alcoólatra é doloroso (tanto fisicamente quanto de outras formas). As crianças são passivamente ensinadas a esconder tudo o que sentem para não provocar a ira de uma mãe ou um pai que consome álcool.
As crianças não têm liberdade de expressão
Com o tempo, isso significa que os pequenos nunca têm liberdade para se expressar, para desenvolver personalidades saudáveis e características próprias. Por fim, a negação constante não significa apenas que as crianças provavelmente permanecerão caladas sobre o alcoolismo (e os seus sentimentos a respeito). Também significa que é improvável que elas conversem com os pais sobre coisas importantes e triviais.
Os pais alcoólatras não conseguem conversar com os filhos sobre como fazer amigos, resolver problemas com a lição de casa ou tomar as decisões corretas. Eles estão tão absortos no seu vício que se esquecem do mais importante: ser bons pais.
Prejuízo interno
Como resultado desse tipo de educação, os filhos de pais alcoólatras podem desenvolver depressão, ansiedade e outros distúrbios relacionados. Eles podem até mesmo sentir que são, de alguma forma, responsáveis pelo hábito de beber dos pais e pelo comportamento resultante. Eles internalizam essa noção tão profundamente que nem mesmo são ativamente conscientes desse pensamento.
O peso do estresse pode ser de natureza traumática, tanto que as crianças crescem com medo e desconfiança de outros adultos e figuras de autoridade. Elas podem ter dificuldade para criar amizades próximas e relacionamentos íntimos. A ansiedade por não conseguir entender o mundo ao redor, como resultado do quanto a sua infância foi corrompida, pode levar ao desenvolvimento de um problema com a bebida.
Filhos de pais alcoólatras: vítimas silenciadas
Os filhos de pais alcoólatras geralmente ficam assustados, vulneráveis e indefesos diante do comportamento dos pais. Portanto, são vítimas silenciadas do alcoolismo na família. Elas testemunham o abuso físico, verbal ou sexual de um pai em relação ao outro, de ambos os pais entre si, ou de um dos pais (ou ambos) em relação à si mesmas ou aos seus irmãos (ou até mesmo animais de estimação).
As crianças não conseguem captar psicologicamente a extensão do que deu errado na família. Portanto, para além do entendimento mais básico, elas são incapazes de processar o que veem, ouvem ou sentem. Enquanto lutam para que as coisas façam sentido, seus cérebros se desenvolvem de maneira diferente do que os das crianças que crescem em lares estruturados e estáveis.
Os filhos crescem e se tornam como os seus pais?
Uma das preocupações que os filhos de alcoólatras enfrentam é, quando crescerem, também se tornarem alcoólatras. Será que isso é uma inevitabilidade biológica ou uma escolha (ou falta dela)? Aqueles que cresceram com pais embriagados têm quatro vezes mais chances de desenvolver alcoolismo na vida adulta do que crianças que cresceram em melhores condições.
No entanto, a frase-chave é que isso é mais provável. Ser criado em um lar alcoólatra não é garantia de alcoolismo no futuro. Outros fatores devem ser considerados, tais como estilo de vida, composição da saúde mental, demografia, meio ambiente e genética.
Assim, o filho biológico de um pai alcoólatra cresce com o risco hereditário de desenvolver a mesma condição. No entanto, isso não determina que a criança definitivamente se tornará alcoólatra na vida adulta. É impossível fazer uma determinação definitiva desse tipo, mas o risco pode ser razoavelmente avaliado considerando outras condições, tais como estilo de vida ou saúde mental.
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- https://www.psychologytoday.com/es
- Black, C. (2002) Eso No Me Sucedera: Hijos Adultos De padres Alcohólicos. Editorial: ARBOL EDITORIAL S.A.