O desenvolvimento do pensamento formal e a adolescência

Você sabe o que é o pensamento formal? É um estágio de desenvolvimento cognitivo que ocorre no início da adolescência. Vamos apresentar as suas principais características a seguir.
O desenvolvimento do pensamento formal e a adolescência
María Alejandra Castro Arbeláez

Revisado e aprovado por a psicóloga María Alejandra Castro Arbeláez.

Escrito por Equipo Editorial

Última atualização: 06 maio, 2019

Quando a infância acaba, o desenvolvimento cognitivo passa por uma mudança fundamental. Trata-se do desenvolvimento do pensamento formal; sua principal característica é permitir deixar o presente concreto para elaborar representações abstratas.

Durante a infância, as pessoas dificilmente deixam o ‘aqui e agora’ ao raciocinarem. No entanto, à medida que os anos vão passando, desenvolve-se a capacidade de estabelecer operações que vão além.

Dessa forma, o pensamento formal seria o momento no qual os indivíduos adquirem a capacidade de fazer hipóteses que estão ‘além da realidade’. Ou seja, suas análises não partem daquilo que elas têm diante dos seus olhos, mas sim das leis naturais que explicam esse fenômeno.

Um exemplo poderia ser a explicação da chuva. Enquanto uma criança diria que a água cai porque há nuvens no céu, um adolescente com mais de 13 ou 14 anos saberia, em linhas gerais, quais são os processos que a produzem.

Características do desenvolvimento do pensamento formal

Jean Piaget e Bärbel Inhelder são considerados as duas referências no estudo do pensamento formal. Portanto, é fundamental expor e analisar as características que eles atribuíram a esses processos mentais.

Em primeiro lugar, os autores explicam que, durante a adolescência, a flexibilidade do cérebro faz com que novos processos sejam ativados. Eles são importantes para, entre outras coisas, gerar opiniões e teorias próprias em relação a diferentes assuntos.

Dessa forma, os jovens são capazes de elaborar explicações abstratas que podem, posteriormente, ser contrastadas com a realidade.

À medida que o desenvolvimento do pensamento formal ocorre, a importância da linguagem para os indivíduos se destaca. A razão é que os raciocínios não são mais desenvolvidos em relação a questões físicas e concretas, mas sim em relação a propostas verbais cuja análise é possível.

Nesse sentido, a capacidade de entender frases mais complexas também se destaca; consequentemente, declarações mais abrangentes são alcançadas, capazes de descrever raciocínios complexos por meio de orações subordinadas e condicionais, entre outros recursos.

Características do desenvolvimento do pensamento formal

Além disso, entre as muitas especificidades que Inhelder e Piaget conferem ao desenvolvimento do pensamento formal, também é enfatizado o fato de que é ele muito útil para a resolução de problemas. Com isso, os adolescentes acessam informações que eles organizam, selecionam e usam para prever os resultados de suas ações.

Esse processo certamente é muito importante em termos acadêmicos. No entanto, sua relevância no nível social, aspecto central nessa fase da vida, também não deve ser menosprezada.

Quando ocorre o desenvolvimento do pensamento formal?

Segundo Jean Piaget, o pensamento formal ocorre em todas as pessoas, independentemente do contexto social e educacional em que estejam imersas.

Para esse autor, a adolescência ocorre entre 11 e 20 anos de idade. Além disso, essa fase também inclui o último estágio do desenvolvimento cognitivo das pessoas, que é o pensamento formal. Antes, vieram o desenvolvimento sensório-motor, o pré-operacional e o das operações concretas.

“O pensamento formal seria o momento no qual os indivíduos adquirem a capacidade de fazer hipóteses que estão ‘além da realidade’.”

A interpretação do mundo através do pensamento formal

Assim como apontamos anteriormente, os jovens se tornam capazes de fazer outro tipo de análise da realidade quando entram nessa fase. Agora, eles não analisam mais os comportamentos ou as pessoas, mas sim prestam atenção diretamente nos sentimentos ou emoções.

Mais especificamente, um exemplo seria o seguinte: enquanto uma criança pode amar um irmão ou os pais porque eles são da sua família, um jovem é capaz de ver outros conceitos nessas relações: fidelidade, amor, incondicionalidade, compreensão, apoio.

A interpretação do mundo através do pensamento formal

É normal que os adolescentes adotem uma postura egocêntrica nessa fase. Eles pensam muito sobre o mundo ao seu redor e a maneira como se relacionam com ele.

A isso se acrescenta o fato de que eles estão em processo de formação da personalidade. Então, será comum que analisem abstratamente muitos fatos – tais como injustiças ou discriminação – baseados nas suas próprias experiências.

Por outro lado, alguns aspectos também adquirem outros significados. Enquanto para uma criança os símbolos pátrios, religiosos e até mesmo esportivos têm uma denotação concreta, o adolescente vai mais além. O jovem vê neles uma história, alguns fatos e uma identificação com a qual ele pode estar de acordo ou não.

Por fim, uma vez iniciado o desenvolvimento do pensamento formal, os adolescentes começam a pensar no seu futuro. Essa é uma ferramenta central para eles; pois permitirá que projetem as suas vidas e busquem os objetivos que forem estabelecidos.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Casado, I. (2013). Adolescencia. FMC – Formación Médica Continuada En Atención Primaria. https://doi.org/10.1016/s1134-2072(04)75726-6
  • Iglesias Diz, J. L. (2013). Desarrollo del adolescente: Aspectos físicos, psicológicos y sociales. Pediatria Integral.
  • Hurlock, E. (1995). Psicología de la adolescencia. Psicología de la adolescencia.
  • Naranjo, C. R., & González, A. C. (2012). Autoestima en la adolescencia: Análisis y estrategias de intervención. International Journal of Psychology and Psychological Therapy.
  • Roa, A. (1982). La adolescencia. Revista Chilena de Pediatria.
  • Silva-Escorcia, I., & Mejía-Pérez, O. (2014). Autoestima, adolescencia y pedagogía. Revista Electrónica Educare. https://doi.org/10.15359/ree.19-1.13

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.