Pais com transtorno do espectro autista
Ao falar sobre autismo, a maioria das pessoas pensa em uma criança com dificuldades sociais ou de aprendizagem. Raramente nos vem à mente a imagem de um adulto com essa condição, muito menos pensamos na existência de pais com transtorno do espectro autista. No entanto, eles existem e sofrem estigmatização e invisibilidade diariamente.
Segundo dados publicados pelos Centers for Disease Control and Prevention dos Estados Unidos, o autismo (em seus diferentes graus) afeta 1 em cada 54 pessoas no mundo. No entanto, parece que só se dá atenção às suas manifestações durante a infância. Não devemos esquecer que esse transtorno acompanha a pessoa ao longo de sua vida, por isso existem milhares de adultos que se enquadram nesse espectro e que formaram sua própria família.
O que é o transtorno do espectro autista?
O transtorno do espectro autista (TEA) é um transtorno complexo do neurodesenvolvimento que aparece na primeira infância e dura por toda a vida. Geralmente ,afeta as habilidades sociais e de comunicação da pessoa, bem como seus interesses e comportamentos.
É importante enfatizar que esse novo termo (TEA) engloba uma série de doenças semelhantes que anteriormente recebiam um diagnóstico diferente, incluindo a síndrome de Asperger. Ao utilizar o conceito de “espectro autista”, aponta-se a grande variabilidade nas manifestações e nos sintomas entre as pessoas. Ou seja, nem todo mundo apresenta o mesmo grau de dificuldade e necessidade de apoio.
Quais são os sintomas em adultos?
O interesse diagnóstico do TEA tem se concentrado especificamente em crianças, uma vez que as primeiras manifestações geralmente aparecem antes dos dois anos de idade.
Em alguns casos, é possível que as suspeitas e a comprovação médica ocorram apenas durante o período escolar, onde as demandas do ambiente excedem as capacidades e estratégias da criança. No entanto, a identificação do transtorno em adultos não recebe tanta atenção quanto seria desejável.
Por isso, muitos homens e mulheres cresceram com a sensação de serem diferentes, de não se compreenderem ou de não conseguirem se adaptar às demandas sociais, sem terem recebido um diagnóstico adequado. Geralmente, os principais sintomas em adultos com TEA incluem o seguinte :
- Deficiências persistentes na comunicação e na interação social. Isso inclui certas anormalidades na comunicação não verbal, incapacidade de iniciar ou manter conversas normalmente ou problemas para estabelecer amizades. A sinceridade excessiva dos adultos com autismo, a dificuldade em se ajustar às convenções sociais ou em compreender o humor ou o sarcasmo atrapalham seu relacionamento com os outros.
- Padrões restritivos e repetitivos de comportamento e interesses. Isso implica em muitos casos dificuldade de adaptação às mudanças, pensamento rígido e presença de interesses muito limitados e intensos.
- Essas alterações causam desconforto significativo à pessoa e interferem no seu funcionamento em diversas áreas. Por exemplo, no local de trabalho, familiar ou social.
Pais com transtorno do espectro autista: quais são as suas dificuldades?
É necessário esclarecer que pessoas com transtorno do espectro autista podem ter filhos e ser excelentes pais. Uma realidade que, devido ao estigma associado à saúde mental, muitas vezes é questionada. Esses pais podem ter filhos que também sofrem de TEA ou não. Inclusive, em muitos casos eles descobrem seu próprio diagnóstico como resultado da suspeita do transtorno em seus próprios filhos.
Como comentamos, esses pais podem apresentar graus muito diferentes do transtorno, portanto, seu desempenho na parentalidade (assim como em outras áreas da vida) também é variável. No entanto, pode-se argumentar que esses pais são tão bons quanto os pais neurotípicos. Contudo, o grande obstáculo que encontram é a falta de apoio.
A necessidade de acabar com o estigma em relação aos pais com transtorno do espectro autista
Mães e pais com transtorno do espectro autista enfrentam várias dificuldades adicionais. Por exemplo, essas mães têm maior risco de desenvolver depressão pós-parto. No entanto, contar com o suporte adequado do ambiente pode resolver essa situação.
Infelizmente, esse apoio nem sempre está disponível (mesmo familiares e pessoas próximas podem desaprovar a maternidade ou paternidade dessas pessoas). E, em muitas outras ocasiões, não se busca apoio por medo de receber rejeição, julgamentos e incompreensão. Até mães e pais com TEA se recusam a recorrer a assistência social de vários tipos, por medo de que o contato com seus filhos seja restringido.
Diante do exposto acima, é fundamental dar visibilidade à realidade dessas famílias. Alcançar uma maior compreensão por parte do meio ambiente e facilitar o acesso aos recursos necessários deve ser uma prioridade.
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