A perda de apetite do bebê a partir do primeiro ano

Seu filho de um ano provavelmente não quer mais comer nenhum daqueles alimentos que ele adorava. Fique tranquila! Isso é completamente normal.
A perda de apetite do bebê a partir do primeiro ano
Marcela Alejandra Caffulli

Revisado e aprovado por a pediatra Marcela Alejandra Caffulli.

Última atualização: 27 dezembro, 2022

Os hábitos alimentares do bebê mudam muito depois do seu primeiro aniversário. Embora os pais ofereçam os alimentos habituais, a criança pode agora rejeitá-los, não demonstrando interesse por certas comidas. Esse novo comportamento está relacionado às mudanças físicas e mentais próprias da idade e é conhecido como a perda de apetite fisiológica do bebê.

A partir do primeiro ano de vida, o corpo da criança cresce a um ritmo mais lento do que antes. Isso ocorre como consequência de dois processos independentes: por um lado, o metabolismo “desacelera” em relação ao ritmo dos primeiros meses de vida e, por outro, o nível de atividade física e o gasto energético aumentam.

Portanto, devemos nos preocupar se o bebê comer menos do que antes? A resposta provavelmente é não. Aqui, vamos dar algumas dicas úteis para passar por essa fase tão particular.

Características da perda de apetite fisiológica do bebê

A perda de apetite é esperada nessa idade. Estima-se que cerca de 30% das crianças entre 1 e 4 anos apresentam algum tipo de rejeição aos alimentos, mas apenas 1% delas apresenta alguma doença (Lambrischini Ferri, 2007).

De fato, o médico colombiano Ernesto Plata Rueda define como pseudo inapetência a perda de apetite em uma criança saudável, que mantém uma progressão de peso e um nível de atividade adequado para sua idade.

É comum que crianças em idade pré-escolar apresentem algum tipo de dificuldade na alimentação. Embora isso não seja um problema para a saúde delas, é uma preocupação para os pais e um motivo de disputa familiar na hora de comer.

Um dos aspectos mais destacados da inapetência fisiológica é a neofobia, que significa “medo do novo” e descreve a tendência de evitar novos alimentos. Essa condição aparece muito pouco na infância, com pico entre 2 e 5 anos de vida e declínio na idade adulta.

Embora seja um tanto incômodo para os pais, presume-se que não seja nada mais do que um comportamento de sobrevivência dos humanos.

A neofobia tem uma função protetora. Embora os humanos precisem consumir uma dieta variada, a ingestão de alimentos desconhecidos representa um risco de doenças e toxicidade (Rozin, 1976).

Assim, para definir que a rejeição ao alimento é fisiológica, todas as condições que descreveremos a seguir devem ser atendidas:

  • Criança saudável, que não apresentou sinais ou sintomas de doenças digestivas.
  • Boa progressão de peso e altura, de acordo com as referências para idade e sexo.
  • Nível de atividade e disposição de acordo com a idade.

O que você pode fazer?

Em primeiro lugar, você deve saber que essa é uma mudança transitória e esperada para a idade. Como já aconteceu com antes com as cólicas do lactente ou as crises de lactação, você compreenderá que, por mais difícil que seja, um dia a situação vai melhorar.

Aqui estão algumas dicas úteis para colocar em prática sempre que a situação ficar complicada.

Calma e paciência

A relação entre pais e filhos ajuda a moldar o comportamento alimentar. Por isso, quanto mais tensa a situação se tornar, pior será o resultado. E isso se aplica não apenas à quantidade, mas também à qualidade da comida que a criança consome.

É impressionante que as melhores estratégias alimentares consistam em promover o consumo de alimentos saudáveis sem forçar sua ingestão, restringindo os menos saudáveis e garantindo um ambiente social agradável (Falciglia, 2018).

Para que uma criança incorpore um novo alimento à sua dieta, é necessário oferecê-lo pelo menos 5 a 10 vezes ao longo do tempo. As preferências alimentares podem ser modificadas se oferecermos o alimento em horários diferentes (Birch, 1982).

Variedade de alimentos

Todos os humanos têm preferências por certos alimentos, e isso não é uma coisa ruim. Também é verdade que tendemos a copiar os hábitos alimentares dos nossos pais ou irmãos, visto que observamos esses comportamentos por muitos anos.

Além do contexto social e do comportamento imitado, existem fatores genéticos envolvidos nas preferências alimentares.

Um estudo realizado pela nutricionista Graciela Falciglia observou que as dietas das crianças com maior neofobia eram mais restritivas do que as daquelas sem neofobia. Por sua vez, essas dietas restritivas eram significativamente deficientes em vitaminas e ricas em gordura saturada.

Por isso, sempre que possível, é importante oferecer alimentos de todos os tipos. Uma dica útil para conseguir isso é garantir que haja muitas cores e texturas no prato. Assim estaremos fornecendo uma boa variedade de nutrientes.

Comer é divertido!

Para se divertir, o contexto deve ser adequado. É importante garantir um ambiente calmo e descontraído, sem distrações (como televisão ou celular), onde todos possam aproveitar a experiência.

É importante evitar discussões na hora das refeições ou repreender a criança por comer pouco, devagar ou de maneira seletiva. É necessário aprender a respeitar seus tempos, seus gostos e a urgência por terminar de comer para voltar a brincar.

Devemos também ser práticos e não prolongar a atividade por muito tempo. Se a criança comeu com vontade a comida, mesmo que tenha sido só um pouco, até dar sinais de saciedade, então nesse momento a refeição deverá ser terminada. Talvez amanhã ela fique mais um pouco à mesa.

É melhor sem truques

Se o objetivo é que seu filho adote hábitos alimentares saudáveis, você não deve se concentrar em fazê-lo comer de tudo. Talvez isso aconteça com o tempo, mas em seu próprio tempo.

É importante que você converse com o pediatra ou nutricionista sobre quais nutrientes são necessários para cada etapa da vida e em quais alimentos eles se encontram. Às vezes, não é necessário que a criança tome um copo de leite como fonte de cálcio, pois alguns vegetais, como o brócolis, podem fornecer todo o cálcio que ela necessita.

Se você misturar vários ingredientes em uma sopa ou molho, certamente fornecerá uma grande variedade de nutrientes, mas definitivamente não estará ensinando hábitos alimentares saudáveis.

Não force

Não há necessidade de forçar a criança a comer, nem de ameaçá-la ou suborná-la. É importante fornecer os alimentos e as condições necessárias para ela adote bons hábitos aos poucos. Por outro lado, qualquer ação sob pressão pode ter consequências negativas no futuro.

Sobre a perda de apetite fisiológica do bebê

Agora que você aprendeu que esse comportamento é esperado em crianças de 1 a 5 anos, pode relaxar um pouco mais na hora das refeições. Lembre-se de pedir ao pediatra orientações sobre questões de alimentação saudável para não deixar de lado nenhum aspecto relacionado à alimentação infantil.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.



Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.