Por que alguns adolescentes discutem com os pais?
Os adolescentes passam por mudanças em todos os aspectos de suas vidas. O processo de construção da identidade que se inicia na infância ganha maior força após a puberdade. Isso explica, em parte, por que os adolescentes discutem com os pais.
Os jovens costumam se confrontar para se diferenciar dos mais velhos e deixar sua marca: aqui estou e sou assim. Como pais, é importante saber como lidar com essas situações de conflito, para que sejam resolvidas da melhor maneira possível. A seguir, vamos mostrar a você o que fazer.
Entender a adolescência
Embora os adolescentes entendam o motivo de tal transformação, muitas vezes essa fase é vivida como um luto. E, acima de tudo, aqueles ao seu redor costumam ficar intrigados com algumas de suas mudanças. Por esse motivo, é essencial revisar alguns dos aspectos mais significativos dessa etapa:
- Modificações físicas.
- Busca por identidade e autonomia.
- Mudanças psicológicas, emocionais e cognitivas.
- Tendência para se fundir com o grupo de pares (em vez de fazer isso com sua própria família).
- Questionamento sobre o papel que ocupam no mundo, seja a partir de questões existenciais, desejos de mudar o mundo ou maior interesse por causas sociais.
Com isso, certas situações do cotidiano podem detonar uma “bomba emocional”, e o adolescente vai da felicidade absoluta ao desconforto e à angústia. Em geral, isso ocorre sem que os adultos consigam identificar o motivo da mudança de atitude.
Além disso, é importante notar que as dimensões dos problemas são muito diferentes para uns ou para outros: o que é insignificante para os pais, pode ser uma questão de vida ou morte para os filhos. Esse é um verdadeiro viveiro de discussões.
A busca e a reafirmação da identidade leva os adolescentes a quererem demonstrar permanentemente que não são mais aqueles filhos dependentes de ontem. E que, ao contrário, eles podem se defender sozinhos.
Algumas dicas para se considerar ao lidar com adolescentes
Mesmo que os adolescentes se sintam independentes, eles ainda precisam dos pais e de seus cuidados. O que acontece é que eles precisam mudar a forma como se relacionam, sentindo-se capazes, mas sem romper os vínculos.
Por isso, é necessário considerar alguns conselhos nesse processo de mudanças sem voltar permanentemente ao confronto.
Os limites são sempre necessários
É verdade que se deve deixar os adolescentes fazerem, explorarem e descobrirem por conta própria, mas isso não implica em livre arbítrio. Os limites são sempre necessários e você tem que aprender a estabelecê-los.
Assertividade e respeito pela individualidade são fundamentais para não sobrecarregar o adolescente. Por sua vez, os limites devem ser claros e aplicados. Assim, os pais têm o enorme desafio de manter a consistência e estabelecer consequências quando o que é combinado não acontece.
Por outro lado, essa contenção também inclui saber com quem o adolescente está e onde. Da mesma forma, fique atenta ao que ele consome nas redes sociais e na internet.
Como orientação geral, não se trata de invadir esse espaço ou se esgueirar, e sim conversar e alertar sobre certos riscos para se preservar.
Escolha o momento certo para fazer uma intervenção
Se o adolescente mantiver um comportamento desafiador, muitas vezes seus pais tenderão a tornar públicas suas observações, seja na frente dos amigos ou de outros familiares. Isso agrava a situação, pois o adolescente se sente envergonhado e precisa se reafirmar frente aos demais.
Ao decidir intervir sobre seu comportamento, é melhor encontrar um tempo a sós para ter uma conversa tranquila. Expor os adolescentes nada mais é do que uma escalada de conflito.
Seja o exemplo
Não se esqueça de que nosso comportamento como pais diz muito mais do que nossas palavras. Somos permanentemente observados por nossos filhos, e eles percebem tanto o que fazemos quanto o que dizemos. Dessa forma, se quisermos modificar determinado comportamento, é melhor sermos os modelos a seguir.
Permitir espaços para comunicação
Por último, mas não menos importante, está a importância de criar espaços de encontro e diálogo com nossos filhos. Isso permite que os jovens compartilhem o que lhes acontece quando desejam e, também, dividam algumas preocupações típicas da fase, como aquelas relativas à sexualidade.
Devemos aprender a respeitar seu tempo e entender que sua iniciação sexual não será quando quisermos, e sim quando eles quiserem e se sentirem capazes. Se gerarmos um clima de confiança, a abordagem será mais fácil.
Refletir sobre o seu próprio momento na vida
Muitas vezes, a adolescência dos filhos coincide com um momento em nossas vidas de muitos questionamentos pessoais ou de tomada de decisões importantes. Momentos de dúvidas sobre o futuro, sobre o trabalho, sobre a experiência de ser pais.
Por isso, em geral, as experiências dos nossos filhos adolescentes se somam às nossas. Portanto, é bom ter clareza sobre o que nos desafia como adultos e buscar formas construtivas e saudáveis de viver e expressar esse momento, sem que se torne um fardo.
Não podemos ignorar que os adolescentes ainda precisam da nossa orientação. Portanto, quando as discussão surgem, é importante deixar de lado as críticas pessoais e buscar soluções construtivas.
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