Quais são os aspectos psicológicos do puerpério?
O puerpério é definido como a etapa que tem início quando a placenta é expelida até o momento em que útero e o resto do aparato reprodutor feminino se recupera após o parto, ou até que apareça a primeira menstruação; ou seja, quando se fala de puerpério, geralmente refere-se a mudanças físicas e fisiológicas. No entanto, não devemos esquecer que os aspectos psicológicos do puerpério são de vital importância.
O puerpério é um processo de adaptação fisiológica e sem dúvida psicológica. A mulher que acaba de dar a luz precisa se acostumar à nova etapa em que já não está grávida. Mas que também não é igual a antes de engravidar. Existem tantos aspectos psicológicos presentes nessa etapa – às vezes deixados de lado ou inclusive desconhecidos – que alguns especialistas se referem a essa fase como puerpério psicológico.
Por isso, o puerpério psicológico é todo o processo psicoemocional que a mãe deve atravessar para redescobrir a si mesma, se transformar e se conectar emocionalmente com seu bebê.
A qual cenário nos adaptamos?
Ter um bebê transforma a vida, a rotina e, claro, o corpo de uma mulher. Seu corpo muda drasticamente e isso se reflete numa enxurrada de hormônios descontrolados que geram um excesso de sensibilidade emocional que pode se manifestar em mudanças de humor ou intensidade na forma de raiva, tristeza, alegria, etc.
Esses aspectos psicológicos do puerpério, longe de ser um problema, são uma necessidade. Durante essa etapa todos os seus sentidos estarão abertos para se conectar ao seu bebê e suas emoções. Para, dessa forma, responder melhor às suas necessidades.
Em nenhum momento da vida nenhum ser vai depender tanto de você do que durante o primeiro ano da vida do seu filho. Isso pode ser realmente cansativo, sobretudo com um corpo dolorido pelo nascimento. Um bebê é uma infinidade de necessidades a serem satisfeitas 24 horas por dia. Isso te obrigará muitas vezes a deixar de lado suas próprias necessidades, especialmente as relacionadas à fome e ao sono.
Sintonizar-se com o seu bebê e conhecê-lo profundamente levará tempo. Aprender a decifrar o choro, o momento de dar de comer ou saber quando e como fazê-lo dormir será um desafio que você terá que enfrentar. É um processo de vinculação que requer tempo e concentração por parte de ambos.
A isso se acrescenta o fato de que a vida continua e é preciso realizar as tarefas domésticas, receber visitas, cuidar dos filhos mais velhos ou voltar a trabalhar, é compreensível que a maior parte das mulheres experimentem sensações de tristeza como o baby blues ou se sintam psicologicamente esgotadas.
Devido a diferença das situações sociais e familiares que cada mulher enfrenta e às diferentes ferramentas emocionais que cada mulher possui para enfrentá-las, o puerpério psicológico (ou os aspectos psicológicos do puerpério) não têm uma duração definida, ainda que em linhas gerais esse processo de adaptação possa durar entre um ou dois anos.
Como administrar os aspectos psicológicos do puerpério?
O apoio e a compreensão do companheiro e da família é essencial para recuperar nosso equilíbrio e sair vitoriosa. Além disso, para ajudar um pouco mais nesse processo, deixamos as seguintes recomendações:
- Procure informações e se prepare para o nascimento. Não estamos nos referindo apenas à compra das roupas do bebê e dos móveis. É importante que você imagine como será a sua nova rotina e antecipe situações da vida cotidiana (como pensar em quem vai cozinhar, quem vai cuidar do seus filhos maiores nos primeiros dias depois do parto, se informar sobre o processo de amamentação e dos problemas mais comuns dos recém-nascidos).
- Aceite toda a ajuda que os seus amigos e familiares oferecerem. O puerpério não é o momento para tentar demonstrar a si mesma que você pode tudo. Ter uma rede de apoio é muito importante e pode fazer uma grande diferença no modo de enfrentar essa fase.
- Aplique a regra de ouro do puerpério: “bebê dorme, mamãe dorme”. Aproveite todos os momentos possíveis para descansar. Seu companheiro poderá ajudar com as tarefas domésticas, além administrar as visitas para que você não desperdice esses preciosos momentos.
- Expresse seus sentimentos, desabafe. Peça ajuda ao seu companheiro para que ele entenda essa fase ou entre em contato com pessoas que estejam passando pela mesma etapa para compartilhar experiências.
- Procure e peça ajuda especializada se precisar. Todas as mulheres passam por muitas mudanças emocionais. Em alguns casos é imprescindível procurar apoio profissional para evitar sofrer de problemas como a depressão pós parto.
Em linhas gerais, esse processo de adaptação possa durar entre um ou dois anos.
Todo processo de transformação testa nossas ferramentas emocionais, já que isso implica se transformar em alguém diferente. No entanto, tenha em mente que ser mãe é a melhor oportunidade para crescer pessoalmente, amadurecer e se renovar. Com descanso, apoio emocional e informação você vai conseguir tudo isso.
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