Transtorno dismórfico corporal em adolescentes
Como é a manifestação do transtorno dismórfico corporal em adolescentes? Em primeiro lugar, é conveniente saber que o transtorno dismórfico corporal (TDC) é definido no DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) como uma preocupação com algum defeito imaginado da aparência física. Por outro lado, caso existam leves anomalias físicas, a preocupação que surge como resultado do transtorno é excessiva.
Tudo isso gera um desconforto significativo ou um prejuízo para a vida da pessoa. Além disso, o transtorno não pode ser melhor explicado pela presença de outro transtorno mental, sendo algo primário. Finalmente, deve ser especificado se o transtorno está associado (ou não) ao seguinte:
- Dismorfia muscular (semelhante à vigorexia).
- Tipo de insight do paciente: bom, ruim, nulo ou delirante.
Transtorno dismórfico corporal em adolescentes
Depois dessa breve introdução sobre o transtorno, vamos conhecer o tipo de patologia do qual estamos falando, como ela se manifesta em adolescentes e quais são os tratamentos geralmente escolhidos em nível psicológico. Mas, primeiramente, vamos conhecer as mudanças pelas quais esse transtorno passou nos manuais de referência e quais são as suas características gerais.
Um transtorno obsessivo-compulsivo
Como dado interessante, cabe observar que o transtorno dismórfico corporal deixa de ser um transtorno somatoforme no DSM-IV-TR para ser classificado como um transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) no DSM-5.
Além disso, em relação a essa mudança de categoria, o DSM-5 acrescenta outra novidade, que é o fato de que o paciente deve ter realizado comportamentos repetitivos ou atos mentais em resposta às preocupações com a aparência. No caso da lista CID-10 (Classificação Internacional de Doenças), o transtorno é classificado como hipocondríaco.
Características gerais
O transtorno dismórfico corporal, de acordo com dados do DSM-5, tem uma prevalência de 2,4% na população americana, em comparação com 1,7% em outras populações. É um transtorno geralmente crônico, embora tratável e com possibilidades de melhora. Geralmente aparece juntamente com outras patologias (comorbidades), que incluem:
- Transtornos depressivos.
- Ansiedade social.
- TOC.
- Consumo de tóxicos.
Características do transtorno dismórfico corporal em adolescentes
O transtorno dismórfico corporal, embora possa aparecer em qualquer idade, geralmente se manifesta aos 16-17 anos (2/3 dos pacientes o apresentam antes dos 18 anos).
Quando ocorre o transtorno dismórfico corporal em adolescentes, ou seja, quando ele aparece antes dos 18 anos, as tentativas de suicídio são mais prováveis e a comorbidade com outros transtornos é maior. Além disso, seu início geralmente é mais gradual em adolescentes do que no caso dos adultos, nos quais o início é principalmente agudo.
Como se manifesta em adolescentes?
Em adolescentes, os sintomas aparecem de forma mais progressiva. Talvez eles comecem a se fixar em algum “defeito” ou parte do corpo de que não gostam e, aos poucos, aumentem a atenção dada para essa área. Assim, a obsessão vai aumentando, bem como a preocupação associada, o que é retroalimentado por uma distorção da própria imagem, que também aumenta de forma crescente.
Tratamento do transtorno dismórfico corporal em adolescentes
O objetivo do tratamento do transtorno dismórfico corporal em adolescentes, assim como em adultos, é que o paciente aprenda a tolerar o desconforto e a eliminar as cognições derrotistas que surgem a partir da distorção da sua imagem. Além disso, também há a tentativa de mudar a imagem corporal do indivíduo afetado pelo transtorno.
Em um estudo de Peña-Casquero (2016), no qual foi realizada uma intervenção cognitivo-comportamental em uma adolescente com TDC, foi corroborada a eficácia da terapia cognitivo-comportamental, geralmente a mais utilizada nesse tipo de transtorno.
Por outro lado, sabemos que entre os adolescentes o peso da imagem corporal costuma ser maior do que em adultos, pois eles atribuem um grande poder à própria imagem, que em grande parte define sua autoestima e seu autoconceito.
Com o tempo, isso vai sendo amenizado, mas, durante a adolescência, é muito comum. Por isso, será importante trabalhar o último aspecto discutido: a mudança da imagem corporal, para que a pessoa não apenas tolere e aceite a sua própria imagem, mas também se sinta orgulhosa e identificada com ela.
“Aquilo em que você pensa, você se torna. O que você sente, você atrai. O que você imagina, você cria”.
-Diego A. Mejia –
Tratamento de Rosen et al.
O tratamento de Rosen et al. para o transtorno dismórfico corporal inclui uma série de elementos, mais especificamente, três técnicas que geralmente são muito eficazes para tratar este tipo de patologia:
- Psicoeducação: explicar ao paciente o que está acontecendo com ele e como podemos trabalhar para ajudá-lo.
- Exposição e prevenção de resposta (EPR): expor o paciente à sua própria imagem corporal e evitar comportamentos repetitivos ou de verificação corporal, ou seja, evitar que sejam realizados.
- Reestruturação cognitiva (RC): essa técnica tem como objetivo mudar os pensamentos disfuncionais (e distorcidos) associados ao corpo (ou à área rejeitada) que o paciente manifesta.
De fato, no estudo de Peña-Casquero citado anteriormente, o tratamento aplicado consistia em uma terapia cognitivo-comportamental que incluía duas dessas técnicas: EPR e RC. Mais especificamente, o que foi evitado por meio da EPR foi a resposta diante de estímulos (por exemplo, espelhos) que produziam comportamentos de reasseguramento, evitação e fuga.
“Apaixone-se pela pessoa que você está vendo no espelho.”
-Anônimo-
Assim, como podemos ver, o transtorno dismórfico corporal em adolescentes é um transtorno complexo que requer cuidados especializados. Seu pico de aparecimento ocorre durante essa fase evolutiva, certamente devido à importância que os jovens dão à própria imagem corporal, à pressão social que muitas vezes sofrem para se “encaixarem” no grupo ou para serem sempre “perfeitos”, ou à grande repercussão e influência exercida pelas redes sociais durante essa fase da vida.
Pedir ajuda profissional é a melhor forma de ajudar e acompanhar essas pessoas. Qual é o objetivo a ser buscado? Trabalhar para que aprendam a amar o próprio corpo e a obter uma imagem mais realista e objetiva do seu reflexo no espelho.
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- Peña-Casquero, P. (2016). Tratamiento cognitivo conductual en una adolescente con trastorno dismórfico corporal. Revista de Psicología Clínica con Niños y Adolescentes, 3(1): 37-44.