Transtorno de conduta: sintomas, causas e tratamento

O transtorno de conduta faz com que as crianças afetadas por ele apresentem uma falta de controle emocional e comportamental. Elas não respeitam os direitos dos outros nem se ajustam às normas sociais.
Transtorno de conduta: sintomas, causas e tratamento
Mara Amor López

Escrito e verificado por a psicóloga Mara Amor López.

Última atualização: 27 dezembro, 2022

O transtorno de conduta  é um transtorno que geralmente aparece bem cedo, por volta dos 5 ou 6 anos. É caracterizado por uma deficiência no controle emocional e comportamental que leva a criança a não respeitar os direitos dos outros nem se ajustar às normas sociais. A detecção precoce é importante para que o tratamento possa ser implementado o mais rápido possível.

Todos nós vivemos em sociedade e, por isso, devemos respeitar os direitos dos outros por meio de regras que devemos seguir. A maioria de nós respeita essas regras, pois isso é algo que já internalizamos. No entanto, aqueles que têm essa condição não conseguem respeitá-las.

O que é o transtorno de conduta?

O transtorno de conduta é comum em crianças pequenas, embora possa ocorrer em outros momentos do desenvolvimento infanto-juvenil. É caracterizado por comportamentos que violam os direitos dos outros, falta de respeito às normas sociais e busca por confrontos com figuras de autoridade.

Esses comportamentos devem ocorrer de forma persistente e repetida ao longo de pelo menos doze meses para o seu diagnóstico. As pessoas afetadas geralmente apresentam comportamentos agressivos contra outras pessoas ou animais (às vezes, podendo até mesmo torturar pequenos animais), roubam, entre outros comportamentos.

Essas crianças apresentam um comprometimento significativo em várias áreas, como a escola ou a vida social. Elas sentem pouca empatia, ignoram os sentimentos dos outros e agem, na maioria das vezes, sem pensar nas consequências e de forma impulsiva.

Sintomas do transtorno de conduta

Para fazer o diagnóstico, é necessária a presença de 15 sintomas durante o último ano e de pelo menos 1 durante os últimos 6 meses. Assim, os sintomas são organizados da seguinte forma:

  • Destruição da propriedade: pode provocar incêndios ou destruir propriedades.
  • Fraudes ou roubos: roubo sem confronto, mentiras, golpes, atentados contra a casa ou o carro de outras pessoas.
  • Agressão a animais e pessoas: ameaça, intimida, inicia lutas físicas, é cruel com pessoas ou animais, gaba-se, etc.
  • Grave violação das regras: foge de casa, falta à escola sem autorização, não volta para casa à noite, etc.

 Existem 3 tipos de transtorno de conduta, de acordo com a idade de início dos sintomas:

  • Com início na infância. Os sintomas aparecem antes dos 10 anos e podem permanecer ao longo da vida adulta. Pode estar associado ao transtorno de personalidade antissocial. Geralmente, tem um prognóstico ruim.
  • Com início na adolescência. Começa após os 10 anos, e tem menos gravidade e prejuízos. Está associado a níveis mais elevados de rebeldia e rejeição das normas sociais.
  • Com início não especificado. É usado quando é difícil estabelecer a idade de início dos sintomas.

Causas do transtorno de conduta

São várias as causas que podem influenciar para o aparecimento do transtorno de conduta e, às vezes, elas podem interagir entre si.

  • Cognitivas.
  • Genéticas: existência de histórico familiar dessa condição.
  • Pessoais: histórico de transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) ou transtorno opositivo-desafiador.
  • Socioeconômicas: viver em ambientes marginalizados e com baixo nível socioeconômico.
  • Familiares: famílias desestruturadas, abuso de substâncias, maus-tratos, agressão, negligência infantil e estilos educativos inadequados.
  • Psicofisiológicas: pouca reação do sistema nervoso autônomo.
  • Temperamentais: caráter difícil, insensibilidade emocional, baixa evitação de danos.
  • Relação com neurotransmissores: mau funcionamento da noradrenalina e serotonina.
  • Relacionamentos com pares com problemas de conduta.

Tratamento do transtorno de conduta

Atualmente, ainda não há um tratamento totalmente estabelecido. É comum que sejam usados programas ​​nos quais pais e filhos desempenham um papel crucial juntamente com profissionais de diferentes áreas.

Psicoterapia

  • Programas de treinamento em habilidades sociais e de comunicação, resolução de problemas.
  • Reforço dos comportamentos pró-sociais, modelagem, contratos comportamentais e expressão emocional.
  • Uso de programas cognitivo-comportamentais: ensinar maneiras positivas de se relacionar e fornecer comportamentos alternativos aos que são próprios do transtorno.
  • Psicoeducação para os pais: ensinar para os pais maneiras de agir diante do transtorno de conduta.
Transtorno de conduta: sintomas, causas e tratamento

Em casos muito complicados, podem ser recomendados medicamentos como os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS).

Recomendações para os pais

  • Educar de forma assertiva e democrática. Evitar a superproteção, a indiferença e a exigência excessiva.
  • Ao estabelecer as regras, explicar as consequências do seu não cumprimento e sempre ser consistente.
  • Desenvolver o repertório de habilidades sociais e de comunicação.
  • Fornecer suporte emocional e social para promover o desenvolvimento ideal.
  • Ser insistente na regulação emocional e na educação.
  • Ensinar estratégias de resolução de problemas como alternativa à agressão.
  • Procurar ajuda profissional para ter suporte nesse processo.

Sobre o transtorno de conduta…

Em suma, o transtorno de conduta é um transtorno que deve ser detectado assim que os primeiros sintomas aparecerem para que o tratamento possa ser iniciado e, dessa forma, possa existir um melhor prognóstico.

Diante da menor dúvida de que o seu filho possa sofrer desse transtorno, é importante procurar ajuda profissional para que seja feita uma avaliação completa e para iniciar o tratamento o mais rápido possível. Procure não se desesperar, seja paciente e mantenha a calma. Pouco a pouco, tudo vai melhorar.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • American Psychiatric Association. (2013). Manual diagnóstico y estadístico de los trastornos mentales. Quinta edición. DSM-V. Masson, Barcelona.
  • Pérez, M.; Fernández, J.R,; Fernández, I. (2006). Guía de Tratamientos psicológicos eficaces III. Infancia y adolescencia. Pirámide: Madrid.
  • Vásquez, J., Feria, M., Palacios, L., & de la Peña, F. (2010). Guía clínica para el trastorno disocial. Guía Clínica para el Transtorno Disocial, Nuevo México, 5-10. https://d1wqtxts1xzle7.cloudfront.net/48432723/trastorno_disocial.pdf?1472548870=&response-content-disposition=inline%3B+filename%3DCLINICAS_PARA_LA_ATENCION_DE_TRASTORNOS.pdf&Expires=1599568600&Signature=Kk909Pkx~cROFAE1ocrVg~bTVWEcffQxacQ2h1bK6QLfwZU8utTMOyuFUju-aVnpHKciD2ImDnY335mvTDU6LnKGaok2p8xR1vZG1wG34TshJYPSWbtap9MHnK2U~OurX1AmYhjlAWwARfuOnJ68Aoyi42gF7gdxO9wJmQBDQ4Ep38XPG7jmJJVvSCAG35CNq2qdMe~FA9RzHw8r1mcq7kuxVvEgbhnyeMqVNhevPPnMgmjWQQumtJDKvmCxDzinTAlq824tmze1hXt~-UQX1UaTce4KJ2zePuWG60XAxwhvRodUWq4yPVHMlJYnS4T-ljSYEfl8ZhDzjBDdtNYong__&Key-Pair-Id=APKAJLOHF5GGSLRBV4ZA

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.