Unschooling: em que consiste?
Você se lembra da sua fase escolar? Certamente em sua memória a preguiça, a apatia, o tédio e a sensação de que aprender e estudar eram obrigações ainda estarão vivos. Não se culpe, isso é o que acontece quando o sistema educacional não respeita os processos e ritmos naturais das crianças. O unschooling é uma proposta que resolve muitas dessas dificuldades com base na curiosidade e motivação inatas dos pequenos na hora de treinar e prepará-los para a vida.
Os modelos educacionais tradicionais consideram a criança como um agente passivo a ser direcionado, como um recipiente vazio que um adulto treinado deve preencher por meio da aplicação de um plano estruturado. Assim, pretende-se incutir conteúdo na mente das crianças por pura formalidade e muitas vezes sem que elas saibam qual é a utilidade ou o interesse do que aprendem. A consequência? Os pequenos memorizam por curtos períodos sem entender o que estudam e, terminada a avaliação, esquecem o que aprenderam.
O unschcooling vem para romper com esses paradigmas e recolocar a criança no centro do processo, dando-lhe protagonismo e adaptando o ensino às suas necessidades.
O que é o unschooling?
Este termo significa ‘sem escola’. Desta forma, escolas, professores, currículos e exames são eliminados da equação. A proposta é bem diferente: as crianças aprendem por meio de experiências cotidianas que despertam seu interesse e são movidas por sua própria motivação intrínseca. Dessa forma, elas são mais livres e autônomas e seguem seus próprios ritmos.
À primeira vista, isso pode parecer absurdo. No entanto, pense em como os pequenos adquirem sua língua materna. Ninguém estrutura uma série de aulas teóricas e práticas para ensiná-los. Simplesmente, pela mera exposição e estando imersos em um ambiente que fala com eles, eles acabam aprendendo naturalmente.
Da mesma forma, você pode pensar em uma situação que provavelmente já aconteceu com seus filhos. Eles não conseguem terminar o livro que da escola, mas devoram sua saga favorita, eles hesitam em terminar aquela redação que receberam como lição de casa, mas se divertem escrevendo suas próprias histórias. E, o que é mais impressionante, eles adiam o máximo possível os estudos para uma prova enquanto passam horas fascinados em busca de informações sobre planetas ou dinossauros.
A questão é que não se aprende o mesmo quando se é forçado, estruturado e avaliado, do que quando prevalece a liberdade de querer aprender algo porque realmente nos interessa.
Características do unschooling
Para sintetizar a essência desta proposta educativa, apresentamos a seguir as suas principais características:
- A criança ocupa o lugar central e é protagonista em sua aprendizagem. Não há pessoa mais velha que tenta forçar a aquisição de conhecimento, é a própria criança quem dirige o processo e faz perguntas com base na sua curiosidade e interesses. O adulto acompanha, orienta e responde.
- Os ritmos das crianças são respeitados e não se tenta apressar o aprendizado.
- A própria vida é uma escola. À medida que a criança tem experiências diversas, interessantes e enriquecedoras, ela adquire conhecimento e sua curiosidade e motivação para saber mais aumentam.
- Não há avaliações ou provas. Aprender não é uma obrigação, mas um direito, por isso ninguém é julgado.
- A criança decide o que quer aprender à medida que surge a necessidade. Dessa forma, ela sabe a utilidade de cada informação que adquire e entende como aplicá-la na vida. Isso garante que a aprendizagem seja significativa e que dure ao longo do tempo.
É uma alternativa eficaz?
Sendo uma proposta tão inovadora, é normal termos dúvidas sobre ela. Portanto, é importante considerar seus prós e contras. Em primeiro lugar, oferece múltiplas e importantes vantagens e benefícios, como os seguintes:
- As crianças crescem com mais liberdade, com maior autonomia e mais segurança. Elas ficam em contato com seus interesses e preocupações, são mais reflexivas e se conhecem melhor.
- Elas se tornam mais independentes e aprendem a orientar seu próprio aprendizado, fazer as perguntas certas e entender de forma prática através da experimentação.
- As lições aprendidas são sólidas e permanecem ao longo do tempo. Embora em seu próprio ritmo, as crianças acabam sabendo tudo o que precisam. Elas se nutrem e se cultivam mentalmente para seus próprios interesses.
- Elas aproveitam mais a infância e o relacionamento com os pais fica mais forte. Se eles forem os responsáveis pela sua educação unschooling, vão compartilhar uma infinidade de experiências enriquecedoras e momentos significativos.
- Ao eliminar a escolaridade e as provas, a pressão de ser julgado, avaliado e comparado é reduzida. Além disso, alguns problemas como bullying na escola ou por professores são evitados.
Desvantagens desta proposta educacional
Por outro lado, existem também alguns contras a ter em conta nesta proposta educativa:
- Se não frequentar um centro educativo, a criança perde a oportunidade de interagir com os seus pares, de aprender a se relacionar e a resolver problemas sociais.
- Se ela posteriormente mudar para um sistema de educação tradicional, pode haver problemas de adaptação ao trabalho em grupo, aprendizado mecânico ou a um currículo rígido e estruturado.
- Se os pais são responsáveis pelo unschooling, seu envolvimento deve ser intenso e sua dedicação quase total. É disso que dependerá que a criança tenha oportunidades de aprender através das experiências cotidianas e despertar sua curiosidade. Também para que ela obtenha o suporte e as respostas de que precisa em todos os momentos.
A unschooling é uma alternativa benéfica
Em suma, o unschooling é uma alternativa muito benéfica para as crianças, embora ainda pouco aplicada. É um modelo muito respeitoso, focado nas crianças e orientado a alcançar uma aprendizagem sólida e significativa. Além disso, reduz as pressões sobre as crianças e promove o prazer e o desenvolvimento de habilidades para a vida. Portanto, é uma proposta interessante a ser considerada.
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