A síndrome dos avós escravos
A síndrome dos avós escravos é considerada uma nova doença do século XXI. Inclusive, a OMS (Organização Mundial da Saúde) a reconhece como um abuso do papel dos avós, considerando-a um outro tipo de maus-tratos.
Na verdade, os avós assumem a educação e o cuidado das crianças com muita satisfação. Fazem isso como se voltassem a ser pais pela segunda vez, mas com uma natureza mais recompensadora e carinhosa.
Com o passar do tempo, as redes familiares são ampliadas e as cargas e o estresse familiar se multiplicam. Os netos crescem e, com isso, crescem também as suas necessidades e as responsabilidades daqueles que cuidam deles e os assistem diariamente.
Os avós no século XXI
Hoje em dia, o panorama das relações familiares na nossa sociedade mudou profundamente. Apenas algumas décadas atrás, ser avô antes dos cinquenta anos de idade era bastante frequente.
Atualmente, no entanto, devido ao fato de que a maternidade está sendo cada vez mais adiada, tornar-se avô perto dos setenta anos se tornou o mais comum.
Sem dúvida, as relações dos avós com os netos podem ser muito diferentes entre si. Elas dependerão de vários fatores, tais como o relacionamento com os filhos, a proximidade geográfica, a personalidade da criança e, certamente, os aspectos culturais.
Os avós, em algumas famílias, podem manter um papel importante na criação dos netos. Dependendo das circunstâncias ou da família, os avós são necessários de forma ocasional ou sistemática.
Quando se trata de momentos ocasionais ou pontuais, não há grandes transtornos na vida familiar dos avós. No entanto, quando a sua ajuda é constantemente solicitada, pode surgir uma situação de verdadeiro estresse.
O que é a síndrome dos avós escravos?
A síndrome dos avós escravos é uma doença grave que afeta homens e mulheres que estão sujeitos a uma sobrecarga física e emocional, e que causa desequilíbrios sérios e progressivos, tanto somáticos quanto psíquicos.
Para o cardiologista Antonio Guijarro, é muito comum, principalmente em mulheres adultas com responsabilidades diretas de dona de casa, assumidas voluntariamente. Isso ocorre porque essas mulheres são caracterizadas por ter um senso estrito de ordem, responsabilidade, dignidade e pudor.
O sentimento de comprometimento dos avós
A psicóloga Encarnación Liñán propõe algumas respostas sobre o porquê de os avós se sentirem tão comprometidos com essa situação, chegando ao ponto de assumi-la como se fosse deles mesmos.
Para ela, a educação e os valores aprendidos seriam a principal razão pela qual os avós se sentem responsáveis pelo apoio contínuo aos netos, bem como pelos problemas familiares. Além disso, ela acredita que este seja um meio de continuar se sentindo útil, um aspecto que muitas vezes preocupa os idosos.
Consequências da síndrome dos avós escravos: como afeta a saúde?
Encarnación Liñán distingue dois tipos de manifestações na saúde do avô ou da avó que passa por essa situação: físicas e emocionais.
Entre as manifestações físicas, Liñán reconhece a hipertensão arterial, as alterações paroxísticas, tais como sufocamento, taquicardia, tontura, etc., e a fraqueza e indisposição, que se traduzem em fadiga.
Por outro lado, em relação às manifestações emocionais, ela fala de um mal-estar geral dos avós. Eles sentem ansiedade quando não conseguem responder efetivamente à situação, bem como tristeza e desânimo, causados pela falta de motivação pelo seu próprio ‘eu’.
Todos esses sentimentos apenas acentuam o sofrimento, pois eles se sentem culpados pelo seu desconforto.
“O amor é o maior presente que uma geração pode deixar para a outra”.
-Richard Garnett-
Os avós, um grande apoio que deve ser cuidado
Atualmente, existem vários fatores para essa situação de sobrecarga ocorrer. De fato, a crise econômica levou muitas famílias a depender, em grande parte, dos recursos financeiros dos avós.
Assim, os avós se tornaram um grande apoio para muitas famílias. Enquanto os pais estão trabalhando, é muito mais barato e conveniente deixar as crianças com os avós.
Por tudo isso, devemos encontrar o equilíbrio entre as responsabilidades que damos aos avós e a sua capacidade. Dessa forma, evitamos causar sobrecargas emocionais e físicas que podem, definitivamente, prejudicar a sua saúde.
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- Guijarro, A. (2001). El síndrome de la abuela esclava. Grupo editorial universitario. España: Madrid.
- Liñán, E. (2003). El síndrome de la abuela esclava. España: www.psicologia-online.com/monografias/4/abuela_esclava.shtml