A sobrecorreção para modificar os comportamentos das crianças

A sobrecorreção é uma maneira de aplicar consequências coerentes para os comportamentos inadequados das crianças, a fim de eliminá-los.
A sobrecorreção para modificar os comportamentos das crianças
Elena Sanz Martín

Escrito e verificado por a psicóloga Elena Sanz Martín.

Última atualização: 27 janeiro, 2023

Educar um ser humano é um trabalho complexo que requer grandes doses de paciência. Às vezes, sentimos que já tentamos de tudo para reduzir os comportamentos indesejados dos pequenos, mas nada parece funcionar. Neste artigo, vamos falar da sobrecorreção, uma das técnicas mais eficazes para modificar comportamentos.

O seu filho joga bola dentro de casa, bate no irmão, pinta a parede ou joga os brinquedos no chão? Mesmo que você já tenha pedido a ele milhares de vezes para não fazer isso, tudo volta a acontecer novamente.

Provavelmente, a frustração fará com que você perca a paciência e levante a voz. Você vai repreendê-lo, gritar com ele e se sentirá mal por ter que fazer isso e, mesmo assim, é possível que esse comportamento se repita.

Como agir então? Temos que estabelecer limites, mas estamos cansados ​​de brigar com os nossos filhos. Nesse caso, a sobrecorreção pode ser uma boa ferramenta educacional se você estiver nessa situação. Ela vai te ajudar a eliminar comportamentos negativos ao mesmo tempo que comportamentos desejáveis serão treinados.

A sobrecorreção para modificar os comportamentos das crianças

A sobrecorreção: uma técnica operante

O behaviorismo é um ramo da psicologia que estuda o comportamento a partir das suas consequências. Desse modo, postula-se que a frequência de aparecimento de um comportamento varia de acordo com as consequências que ele tem.

Se elas forem positivas, a frequência aumentará, enquanto se forem negativas, diminuirá. Dessa maneira, modificando as consequências, podemos causar mudanças no comportamento.

Existem duas maneiras principais de conseguir fazer isso: se quisermos que um comportamento apareça com maior frequência, usaremos o reforço. Pelo contrário, se quisermos reduzir ou eliminar a presença de um comportamento, usaremos a punição.

A sobrecorreção, portanto, se enquadra nas técnicas de punição, pois tem como objetivo reduzir a frequência de um comportamento indesejável. No entanto, essa técnica apresenta várias vantagens em relação a outras da mesma categoria:

  • É uma técnica inofensiva para a saúde e para a integridade física e psicológica da criança. Nenhum dano é causado e também não é mostrado um modelo de agressividade (como acontece com o castigo físico).
  • Quando técnicas de punição são usadas, é possível que a criança sinta ressentimento e outras emoções negativas contra o adulto que as aplica. No entanto, nesse caso, as chances de isso acontecer são minimizadas.
  • Ensina à criança comportamentos adequados. Portanto, ao mesmo tempo que combatemos comportamentos desagradáveis, estabelecemos uma alternativa positiva.

O que é a sobrecorreção?

Sabemos que essa é uma técnica operante destinada a modificar comportamentos negativos, mas como ela consegue fazer isso?

Pois bem, a ideia é que a criança execute, repetidamente ou de forma prolongada, o comportamento apropriado que está diretamente relacionado ao comportamento que queremos eliminar. Além disso, a criança deve ter esse comportamento de forma contingente.

Ou seja, para cada comportamento indesejável, devemos selecionar outro relacionado, porém positivo. Cada vez que o primeiro aparecer, a criança deve executar o segundo várias vezes ou por um longo período de tempo.

A sobrecorreção para modificar os comportamentos das crianças

Existem duas maneiras de aplicar a sobrecorreção:

  • Sobrecorreção restauradora: é indicada para os comportamentos que têm um efeito perturbador ou destrutivo no ambiente. Por exemplo, quando uma criança pinta uma mesa. Nesse caso, a ideia é restaurar os efeitos negativos do mau comportamento, deixando o espaço ainda melhor do que era originalmente.
    • Assim, nesse caso, vamos pedir que ela limpe a mesa que sujou e, também, os outros móveis do cômodo.
  • Prática positiva: quando o comportamento a ser eliminado não produz nenhuma alteração no ambiente, podemos usar esse método. Por exemplo, se o pequeno tiver deixado as roupas jogadas no chão do banheiro. A prática positiva consiste em fazer com que a criança tenha um comportamento incompatível com o primeiro várias vezes ou durante mais tempo do que o necessário.
    • Assim, poderíamos pedir que ela pratique 10 vezes o comportamento de pegar as roupas do chão e colocá-las no cesto de roupa suja.

Consequências coerentes

Como podemos ver, apesar de ser uma punição, o elemento punitivo não é arbitrário, mas está totalmente relacionado ao comportamento problemático. Dessa maneira, ensinamos a criança por meio de consequências naturais e não de punições irrelevantes.

Restaurar o ambiente ou praticar um comportamento apropriado tem um valor educacional maior do que, por exemplo, deixar a criança de castigo sem assistir televisão. Por isso, e também devido à sua grande eficiência, a sobrecorreção é uma técnica a ser considerada.


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