A técnica de modelagem

As crianças reproduzem o que veem, e não o que lhes é dito para fazer. Descubra a efetividade da técnica de modelagem para influenciar o comportamento das crianças.
A técnica de modelagem
María Alejandra Castro Arbeláez

Revisado e aprovado por a psicóloga María Alejandra Castro Arbeláez.

Escrito por Elena Sanz Martín

Última atualização: 27 dezembro, 2022

A técnica de modelagem faz parte da teoria da aprendizagem social de Bandura. Esse autor postula que aprendemos observando as ações de outras pessoas e as consequências que decorrem delas.

Esse aprendizado através da observação, também chamado de aprendizado vicário, é baseado na imitação de um comportamento executado por alguém que serve como modelo.

Tal processo ocorre diariamente e assume especial relevância na infância. Graças a essa teoria, podemos entender porque as crianças fazem o que veem e não o que elas são instruídas a fazer.

“Mas, além de ser um processo de aprendizagem natural, a modelagem também pode ser usada como uma técnica terapêutica para modificar comportamentos”.

Qual é a utilidade da técnica de modelagem?

A técnica de modelagem tem várias funções:

  • Adquirir novos comportamentos que ainda não estão no repertório comportamental da pessoa. Por exemplo, essa técnica tem sido muito eficaz na aquisição de habilidades sociais.
  • Desinibir comportamentos que não ocorrem porque foram bloqueados pelo medo ou pela ansiedade, como acontece no caso das fobias, por exemplo. Elas podem ser tratadas com sucesso após a pessoa observar como um modelo enfrenta a situação temida sem sofrer consequências negativas.
  • Inibir comportamentos excessivos ou indesejáveis. Um comportamento pode ser modificado se a pessoa for exposta à imagem de um modelo sofrendo as consequências negativas desse ato.
Qual é a utilidade da técnica de modelagem

Fatores envolvidos na técnica de modelagem

  • As características do modelo. A técnica é mais eficaz quando o modelo é parecido conosco, tanto em relação às características físicas quanto às pessoais. De fato, também tendemos a imitar, em maior medida, os modelos que consideramos bem-sucedidos ou que têm certa influência sobre nós.
    • No caso das crianças, seus principais modelos serão os pais, professores ou um irmão mais velho.
  • As características da própria pessoa. Principalmente se ela tiver algum déficit sensorial (como cegueira, por exemplo) ou se estiver em um estado de muita ansiedade, será mais difícil atender à execução do modelo.
  • A situação também é um fator importante. Ela deve gerar curiosidade suficiente na pessoa para que ela preste atenção. Além disso, é mais comum recorrer à imitação se a situação for incerta, desconhecida ou envolver alguma dificuldade.

Tipos de modelagem

  1. Ativa ou passiva. Na primeira, a pessoa imita o comportamento após observá-lo, enquanto na segunda o comportamento é adquirido em um nível cognitivo, mas não é executado.
  2. Modelagem participativa ou não participativa. Depende de o observador interagir com o modelo, como no caso dos fonoaudiólogos, por exemplo, ou se ele está limitado a observar.
  3. Comportamento objetivo ou comportamentos intermediários. De acordo com a dificuldade, o comportamento final pode ser modelado diretamente ou, então, várias etapas intermediárias mais simples podem ser modeladas.
  4. Modelagem positiva, negativa ou mista. Na positiva, o comportamento socialmente apropriado é ensinado. Na negativa, um comportamento disruptivo é modelado, e na mista um comportamento de cada tipo é mostrado.
  5. Modelagem individual ou em grupo, dependendo de haver um único observador aprendendo o comportamento ou se, pelo contrário, houver vários.                                                                                                                                                                                             
    Tipos de modelagem
  6. Simples ou múltipla. De acordo com o número de modelos que executam o comportamento a ser adquirido. A aprendizagem é maior no segundo caso, já que o observador é exposto a diferentes alternativas comportamentais.
  7. Automodelagem. Nesse caso, a pessoa que observa e age como modelo é ela mesma. De fato, essa técnica tem sido utilizada com grande sucesso no tratamento do mutismo seletivo, por exemplo, utilizando a automodelagem simbólica. Assim, a pessoa pode observar a si mesma executando a ação através de montagens de vídeo.
  8. Modelagem ao vivo, simbólica ou encoberta. Dependendo da maneira como o modelo é apresentado, podemos nos deparar com a modelagem ao vivo (o modelo está presente), simbólica (o modelo é observado indiretamente, como em uma gravação em vídeo, por exemplo) ou encoberta (o comportamento é aprendido ao imaginar a execução por parte do modelo).
  9. Modelagem de domínio ou de enfrentamento. É determinada de acordo com o grau de competência que o modelo possui. Assim, na primeira, o modelo age sem erros desde o início, enquanto na segunda ele melhora o seu desempenho gradualmente. A modelagem de enfrentamento é mais eficaz, já que o observador pode se identificar mais.

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