A técnica de modelagem
A técnica de modelagem faz parte da teoria da aprendizagem social de Bandura. Esse autor postula que aprendemos observando as ações de outras pessoas e as consequências que decorrem delas.
Esse aprendizado através da observação, também chamado de aprendizado vicário, é baseado na imitação de um comportamento executado por alguém que serve como modelo.
Tal processo ocorre diariamente e assume especial relevância na infância. Graças a essa teoria, podemos entender porque as crianças fazem o que veem e não o que elas são instruídas a fazer.
“Mas, além de ser um processo de aprendizagem natural, a modelagem também pode ser usada como uma técnica terapêutica para modificar comportamentos”.
Qual é a utilidade da técnica de modelagem?
A técnica de modelagem tem várias funções:
- Adquirir novos comportamentos que ainda não estão no repertório comportamental da pessoa. Por exemplo, essa técnica tem sido muito eficaz na aquisição de habilidades sociais.
- Desinibir comportamentos que não ocorrem porque foram bloqueados pelo medo ou pela ansiedade, como acontece no caso das fobias, por exemplo. Elas podem ser tratadas com sucesso após a pessoa observar como um modelo enfrenta a situação temida sem sofrer consequências negativas.
- Inibir comportamentos excessivos ou indesejáveis. Um comportamento pode ser modificado se a pessoa for exposta à imagem de um modelo sofrendo as consequências negativas desse ato.
Fatores envolvidos na técnica de modelagem
- As características do modelo. A técnica é mais eficaz quando o modelo é parecido conosco, tanto em relação às características físicas quanto às pessoais. De fato, também tendemos a imitar, em maior medida, os modelos que consideramos bem-sucedidos ou que têm certa influência sobre nós.
- No caso das crianças, seus principais modelos serão os pais, professores ou um irmão mais velho.
- As características da própria pessoa. Principalmente se ela tiver algum déficit sensorial (como cegueira, por exemplo) ou se estiver em um estado de muita ansiedade, será mais difícil atender à execução do modelo.
- A situação também é um fator importante. Ela deve gerar curiosidade suficiente na pessoa para que ela preste atenção. Além disso, é mais comum recorrer à imitação se a situação for incerta, desconhecida ou envolver alguma dificuldade.
Tipos de modelagem
- Ativa ou passiva. Na primeira, a pessoa imita o comportamento após observá-lo, enquanto na segunda o comportamento é adquirido em um nível cognitivo, mas não é executado.
- Modelagem participativa ou não participativa. Depende de o observador interagir com o modelo, como no caso dos fonoaudiólogos, por exemplo, ou se ele está limitado a observar.
- Comportamento objetivo ou comportamentos intermediários. De acordo com a dificuldade, o comportamento final pode ser modelado diretamente ou, então, várias etapas intermediárias mais simples podem ser modeladas.
- Modelagem positiva, negativa ou mista. Na positiva, o comportamento socialmente apropriado é ensinado. Na negativa, um comportamento disruptivo é modelado, e na mista um comportamento de cada tipo é mostrado.
- Modelagem individual ou em grupo, dependendo de haver um único observador aprendendo o comportamento ou se, pelo contrário, houver vários.
- Simples ou múltipla. De acordo com o número de modelos que executam o comportamento a ser adquirido. A aprendizagem é maior no segundo caso, já que o observador é exposto a diferentes alternativas comportamentais.
- Automodelagem. Nesse caso, a pessoa que observa e age como modelo é ela mesma. De fato, essa técnica tem sido utilizada com grande sucesso no tratamento do mutismo seletivo, por exemplo, utilizando a automodelagem simbólica. Assim, a pessoa pode observar a si mesma executando a ação através de montagens de vídeo.
- Modelagem ao vivo, simbólica ou encoberta. Dependendo da maneira como o modelo é apresentado, podemos nos deparar com a modelagem ao vivo (o modelo está presente), simbólica (o modelo é observado indiretamente, como em uma gravação em vídeo, por exemplo) ou encoberta (o comportamento é aprendido ao imaginar a execução por parte do modelo).
- Modelagem de domínio ou de enfrentamento. É determinada de acordo com o grau de competência que o modelo possui. Assim, na primeira, o modelo age sem erros desde o início, enquanto na segunda ele melhora o seu desempenho gradualmente. A modelagem de enfrentamento é mais eficaz, já que o observador pode se identificar mais.
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- Bandura, A. (1982). Teoría social del aprendizaje. Vergara.
- Manz, C. C., & Sims Jr, H. P. (1981). Vicarious learning: The influence of modeling on organizational behavior. Academy of Management Review, 6(1), 105-113. https://journals.aom.org/doi/abs/10.5465/AMR.1981.4288021