As características do pensamento pré-operatório segundo Piaget
O pensamento pré-operatório nas crianças, uma teoria desenvolvida pelo famoso psicólogo Jean Piaget, descreve as características do raciocínio entre os 2 e os 7 anos de idade.
O pensamento pré-operatório é a fase do desenvolvimento cognitivo pelo qual a criança passa entre os 2 e os 7 anos. Foi o psicólogo Jean Piaget quem desenvolveu o conhecimento da evolução do pensamento humano a partir do nascimento.
Na sua teoria, Piaget propõe quatro fases do desenvolvimento do pensamento e da aprendizagem pelas quais todos os seres humanos passam.
Esse psicólogo entendeu que os esquemas de pensamento e comportamento das crianças são diferentes em relação aos dos adultos. Cada fase do desenvolvimento tem formas próprias de pensar, raciocinar, agir e sentir que devem ser levadas em consideração no momento de acompanhar esse processo.
Por que é importante conhecer essas fases? Para conseguir, assim, educar as crianças de maneira coerente e efetiva, a partir do conhecimento sobre como pensam e raciocinam.
O pensamento pré-operatório segundo Piaget
Entre os 2 e os 7 anos, aproximadamente, a criança está na fase do pensamento pré-operatório. Ela já passou pelo estágio sensório-motor, que começou no nascimento e se estendeu durante os primeiros anos de vida.
“Se você quiser ser criativo, mantenha-se em partes como uma criança, com a criatividade e a engenhosidade que caracterizam as crianças antes de serem deformadas pela sociedade adulta”
-Jean Piaget-
Quais são as características do pensamento pré-operatório?
Esse período é caracterizado pelos seguintes fatores:
- O surgimento da linguagem, que condiciona todos os esquemas mentais.
- A possibilidade de falar habilita um esquema mental diferente, no qual a função simbólica é primordial. A criança utiliza símbolos para representar os objetos, os lugares e as pessoas. Ela entende que as palavras são usadas para designar as coisas que estão ao redor.
- Assume sua identidade, apesar das mudanças pelas quais seu corpo passa. Ela reconhece a si mesma, mesmo crescendo e mudando. A mesma coisa acontece em relação à mãe, ao pai e aos irmãos. A criança os identifica como tais, mesmo que a aparência se altere.
- Pouco a pouco, a criança adquire a capacidade de se colocar no lugar dos outros. As encenações permitem assumir o papel de outras pessoas que ela conhece. A criança vai imaginar a mãe na cozinha, por exemplo.
- O egocentrismo está muito presente durante toda essa fase. A criança ainda lida com o mundo a partir de si mesma. Ela acha que tudo foi feito e pensado para que ela o use. Isso dificulta bastante o pensamento abstrato.
Esse pensamento abstrato se manifesta especialmente na socialização. As crianças, nessa fase, geralmente brincam sozinhas, mesmo que estejam dividindo o espaço e os brinquedos com outras crianças. Essa é uma característica que preocupa as mães, as quais ouvimos falar para os filhos constantemente: “Você tem que dividir”, quando a criança quer todos os brinquedos para si.
Formação de conceitos e perguntas
- O animismo é outra característica do pensamento pré-operatório. Esse pensamento atribui intencionalidade a tudo e, portanto, todas as coisas são animadas. Os objetos são maus porque caem ou a lua é boa porque aparece no céu à noite.
- Explica o mundo com realismo mágico. Simplifica as explicações de tudo o que acontece ao seu redor. É um pensamento baseado em associações simples.
- Seu pensamento funciona por analogia, estabelecendo relações comparativas entre dados. Busca similaridades e diferenças e tira as conclusões. Não é um pensamento lógico.
- A criança é formadora de conceitos, e não se preocupa em descobrir a veracidade ou falsidade de tais conceitos. Por exemplo, se uma criança vê que a mãe arruma a casa porque espera visitas, sempre que a ver arrumando a casa de novo vai esperar convidados.
- É a fase dos “por que”. A criança está descobrindo o mundo através dos adultos e o porquê das coisas lhe permite obter respostas. Nas perguntas são evidenciadas as características do pensamento lógico.
- A criança pode perguntar sobre temas simples e cotidianos ou sobre temas complexos e transcendentais, como a morte ou a sexualidade. Às vezes uma boa estratégia pode ser devolver a pergunta com um “E você, o que acha?”. Isso obriga a criança a pensar, levantar hipóteses e movimentar seu pensamento para buscar uma resposta.
- A irreversibilidade do pensamento faz com que a criança não consiga conceber duas categorias em uma. Por exemplo, sua mãe não pode ser a filha da sua avó exatamente porque é sua mãe.
Segundo Piaget, as diferenças individuais incidem na maneira de pensar das crianças nessa fase pré-operacional e enfatizam alguns traços mais do que outros.
O final desse estágio coincide com o início da alfabetização básica. Ou seja, com o começo da fase das operações concretas.
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