Automutilação em adolescentes: o que se esconde por trás disso?

Em uma fase tão complicada quanto a adolescência, os jovens podem sucumbir a comportamentos que comprometem a sua saúde seriamente, e a automutilação é um deles. O que precisamos saber sobre esse assunto?
Automutilação em adolescentes: o que se esconde por trás disso?

Escrito por Equipo Editorial

Última atualização: 28 janeiro, 2021

Se o seu filho tiver cortes, contusões, queimaduras ou lesões frequentes, o ideal é prestar atenção. A automutilação em adolescentes é uma maneira de gritar por ajuda.

Tecnicamente, esse comportamento é chamado de autoflagelação não suicida. Até muito recentemente, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) considerava-o como um sintoma mais associado a algum transtorno mental.

Hoje em dia, quando sua sintomatologia já é tratada separadamente, começa a ser alarmante como a incidência desse problema aumentou. Nos últimos 30 anos, os casos se multiplicaram no mundo todo.

A idade em que a automutilação em adolescentes começa é entre os 12 e os 16 anos. Além disso, parece que até 63% dos jovens continuam fazendo isso após um ano. Esses dados deixam claro que há uma grande população de jovens presos nesse comportamento.

As meninas geralmente optam por lesões onde seja possível ver sangue, tais como arranhões ou cortes. Enquanto isso, os rapazes geralmente são tratados por contusões e queimaduras.

O mais curioso é que, embora as mulheres sejam mais propensas a esse comportamento, a diferença em relação aos homens diminuiu consideravelmente.

Em um estudo feito pelo Departamento de Psicologia Clínica e Saúde da Universidade de Madrid, concluiu-se que 22% dos adolescentes europeus já se automutilaram sem intenção suicida pelo menos uma vez na vida. Além disso, também chegaram à conclusão de que 8% deles fazem isso de forma recorrente.

Automutilação em adolescentes: por que eles fazem isso?

Para sermos claros, poderíamos dizer que a automutilação é um tipo de droga, um ansiolítico mais poderoso do que qualquer outro existente no mercado. Para os jovens, isso “ajuda” a regular as suas emoções.

Quando o medo, a raiva e a tristeza aparecem de forma recorrente e os jovens não sabem como lidar com esses sentimentos, eles preferem provocar uma dor física que os faça esquecer da dor emocional. É um mecanismo de evasão, através do qual liberam a tensão e diminuem esses sentimentos negativos.

Automutilação em adolescentes

É necessário esclarecer que essas ações não são nada impulsivas, muito pelo contrário. Eles planejam, esperam ficar sozinhos e apreciam o seu pequeno ritual de facas, cigarros e objetos pontiagudos.

Assim como em outros vícios, os jovens experimentam uma falsa sensação de paz imediatamente após a automutilação. É como se tivessem recebido uma dose de alguma droga de ação imediata. O problema surge quando, minutos depois, a ansiedade retorna, somada ao sentimento de culpa.

Embora seja verdade que nenhum deles quer cometer suicídio, é importante deixar claro que esse comportamento multiplica as possibilidades de tentá-lo no futuro. Por isso, a intervenção dos pais é mais do que necessária nesses casos.

Tem solução?

A automutilação em adolescentes é um transtorno que requer tratamento psicológico, isso é um fato. Os jovens devem entender que a automutilação não resolve nada. Pelo contrário, traz mais problemas para as suas vidas.

Devemos saber o que esse comportamento está escondendo – depressão, ansiedade, distúrbios alimentares – e de onde eles vêm. Essa é a única maneira de poder enfrentá-los.

Em muitas terapias, os esforços se concentram no ensino de outras técnicas de regulação emocional, que podem ir desde o exercício físico intenso até banhos com água gelada, ou até mesmo deixar os jovens gritar e bater em almofadas.

Existem organizações, como a Sociedade Internacional de Automutilação que tem presença em 7 países, que ajudam e orientam esses casos através de terapias e recursos, tanto para pacientes quanto para familiares.

É necessário entender que a automutilação em adolescentes é um forte alerta. Perguntar o porquê de estarem fazendo isso só vai fazer com que a sua ansiedade aumente ainda mais. Os jovens precisam de toda a sua compreensão e empatia.

22% dos adolescentes europeus já se automutilaram sem intenção suicida pelo menos uma vez na vida. Além disso, 8% deles fazem isso de forma recorrente.

Uma moda com muitos seguidores

Essa autossabotagem se tornou uma moda com um nome próprio: cutting. É possível até mesmo encontrar dicas na internet sobre como fazer isso. No Instagram, as fotos e vídeos de jovens que ostentam seus ferimentos orgulhosamente não têm nenhum filtro de censura, estão disponíveis para quem quiser vê-los.

Uma moda com muitos seguidores

Muitos desses jovens fazem isso por diversão. O que eles estão procurando é conseguir um pouco mais de adrenalina e completar o último desafio viral com uma hashtag no meio.

No entanto, não devemos minimizar nenhum sinal de alerta. Embora a maioria não tenha nenhum transtorno de personalidade, esses jovens têm sim problemas de baixa autoestima, incapacidade de viver relacionamentos saudáveis e pouca inteligência emocional.

O impacto da automutilação em adolescentes é tão grande que, recentemente, uma importante rede de televisão lançou a série Objetos Cortantes, estrelada por Amy Adams, na qual essa questão é tratada de forma explícita.

Tanto esse tipo de recurso quanto a indispensável ajuda de um profissional podem ajudar você a resolver esse problema juntamente com o seu filho.


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