É bom arrancar os dentes de leite?
Uma grande alegria inunda a casa quando a criança nos avisa que um dente começou a se mexer. É um sinal de que ela está crescendo e ficando mais velha. Mas será que devemos arrancar dentes de leite que estão moles?
Existem muitas técnicas caseiras e até experimentos um tanto elaborados para remover da boca os dentes moles. Mas, na realidade, o mais conveniente é deixar que as peças provisórias caiam por conta própria, graças à pressão exercida pelo dente permanente que as substituirá.
Nas linhas a seguir, explicaremos por que não é apropriado arrancar os dentes de leite. E também daremos algumas dicas para acompanhar o seu filho na fase de troca dos dentes.
Como é o processo de troca dos dentes
Por volta dos 6 anos de idade, o processo de troca dos dentes tem seu início, embora às vezes possa começar mais cedo ou mais tarde. Os dentes de leite começam a se mover e, em seguida, caem, abrindo caminho para os dentes permanentes que os substituirão.
Os elementos dentários definitivos são aqueles que vão reabsorvendo as raízes dos dentes de leite, fazendo com que fiquem moles. Quando o elemento dentário começa a se mover, pode levar alguns meses até que ele caia por completo. Quando o dente de leite está sustentado apenas por uma pequena quantidade de tecido mole, é o momento em que cai facilmente.
Em geral, os primeiros dentes a cair são os incisivos centrais inferiores. Em seguida, caem os outros incisivos, por volta dos 7 e 8 anos. Os caninos inferiores são substituídos por volta dos 9 e 10 anos, e os superiores entre 11 e 12 anos. Os molares temporários caem apenas entre 10 e 13 anos.
De qualquer forma, essas idades são indicativas, pois cada criança tem seu próprio ritmo de erupção dentária. Em algumas crianças, o processo pode começar mais cedo e em outras pode demorar um pouco mais. Não há nada com o que se preocupar.
Por que os dentes de leite ficam moles?
Como já mencionamos, o responsável pela mobilidade de um dente de leite é o elemento dental permanente subjacente que está se desenvolvendo. Quando começa seu processo de erupção, ele reabsorve as raízes do dente de leite até impossibilitar sua permanência na boca. Assim, é criado o espaço de que o dente definitivo precisa para emergir.
No entanto, embora esse caso seja o mais comum, existem outras razões pelas quais um dente de leite pode se mover. Alguns exemplos são grandes cavidades com muita destruição da coroa dentária, processos infecciosos, traumas ou desalinhamento dentário.
Consequências de arrancar os dentes de leite
Já mencionamos que não é bom arrancar dentes de leite, mesmo que estejam moles. Às vezes, a ansiedade da criança ou de seus familiares pode levar à remoção do dente antes que ele esteja pronto para cair.
Inclusive, em algumas circunstâncias, são usados métodos caseiros, como amarrar o dente com um fio e puxar ou usar pinças ou brinquedos para removê-lo. Isso pode ferir os tecidos e assustar a criança
O ideal é deixar que o dente fique mole o suficiente para que a própria criança o retire de sua boca. Ela deverá poder fazer isso sem exercer força ou sentir dor. Em alguns casos, o dente pode até cair sozinho ou durante a mastigação.
É importante respeitar os momentos do processo de troca dentária e não forçá-lo ou acelerá-lo. Arrancar os dentes de leite pode danificar as gengivas, causando lacerações, sangramento, dor e aumento do risco de infecção.
Retirar um dente de leite antes que ele esteja pronto para cair também faz com que o dente permanente que o substituirá demore para preencher o espaço deixado. Isso pode fazer com que os dentes vizinhos invadam o local destinado ao dente definitivo, gerando desalinhamentos dentários. Lacunas entre os dentes, apinhamentos e dentes tortos são algumas das desvantagens associadas à perda prematura dos dentes de leite.
Dicas para evitar arrancar os dentes de leite
Como já dissemos, quando um dente está mole, o ideal é deixá-lo seguir seu processo natural e cair sozinho. Aqui estão algumas dicas para ajudar os adultos a respeitar os tempos de troca dentária:
- Estimular a criança a lidar com o processo: motivar a criança a tirar seu próprio dente quando sentir que chegou a hora certa, porque ela vai sentir o quanto o dente está aderido e o quanto de desconforto pode suportar. Quando um dente mole cai, a gengiva não deve sangrar, mas se isso acontecer, basta exercer uma leve pressão com um pedaço de gaze por um momento.
- Mobilizar o dente: estimular a criança a mover o dente suavemente com a língua ou o dedo limpo ajuda o processo a avançar sem a necessidade de arrancar o dente de leite. A exploração e a brincadeira costumam ser suficientes para que a peça dentária caia sozinha quando chegar a hora.
- Comer alimentos crocantes: usar o dente mole para morder alimentos de maior consistência, como torradas ou maçãs, pode ajudar. Às vezes, os dentes caem sozinhos durante a mastigação.
- Consultar o dentista: o profissional pode avaliar se o dente já está pronto para ser retirado, se é necessário esperar um pouco mais ou se há necessidade de extração no consultório. Embora na maioria das vezes os dentes de leite caiam por conta própria, às vezes os permanentes começam a aparecer na boca sem que tenham conseguido eliminar os temporários. Nesses casos, estes devem ser retirados no consultório para ajudar o dente permanente a ter o espaço de que precisa, de modo que possa se posicionar corretamente e evite maloclusões.
- Observar a área: quando o dente cair, o adulto deve examinar a área para verificar se não há sangramento intenso, ferimentos ou restos de dente. Se encontrar algo estranho ou se depois de alguns dias a área ficar inchada ou inflamada, o ideal é consultar o dentista.
- Manter a calma: caso o dente saia inesperadamente, a criança pode engoli-lo. Isso não vai fazer nenhum mal. O ideal é acompanhar a decepção que o acidente pode gerar. Uma carta para a Fada dos Dentes explicando o que aconteceu pode ser útil.
O segredo é ser paciente
Como já dissemos, a ansiedade às vezes leva os adultos a arrancarem os dentes de leite das crianças. Contudo, é preciso ter consciência de que a melhor forma de acompanhar os pequenos é respeitando os tempos desse processo fisiológico.
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