Como a família influencia na formação da autoestima
A família constitui o primeiro núcleo ao qual toda pessoa é exposta. Como tal, tem um papel preponderante no desenvolvimento das capacidades, faculdades e percepções das crianças.
Nesse caso, vamos analisar como a família influencia na formação da autoestima, que é basicamente a imagem que cada um tem de si mesmo.
Como autoconceito, a autoestima se refere à avaliação que alguém faz de si mesmo. Ela é construída com base em vários aspectos. Entre eles se destacam a avaliação que a pessoa faz de si mesma e o veredito que recebe dos outros.
É nesse último ponto em que a família assume uma importância central. Ao ser o primeiro retorno que a criança recebe de suas qualidades e ações (pelo menos até começar a frequentar a creche ou a escola) vai determinar em grande medida a visão de si mesmo.
Por esse motivo, a família pode beneficiar ou prejudicar a autoestima de uma criança. Inclusive com pequenos gestos ou comentários que podem passar desapercebidos, os pais e os irmãos vão influenciar na formação da autoestima da criança.
No entanto, não é uma influência exclusiva. Essa é uma afirmação que no âmbito psicológico se prefere evitar.
Fatores centrais para a autoestima infantil
Há três aspectos que podemos considerar os eixos centrais da formação da autoestima nas crianças: a aparência física, o comportamento e o desempenho acadêmico ou esportivo. Os pais, então, devem ser extremamente cuidadosos ao tocar nesses temas com seus filhos.
Algumas práticas saudáveis são: evitar as comparações com outras crianças, ensinar que a aparência não é o aspecto mais importante que uma pessoa tem para mostrar aos outros e mostrar os benefícios de um bom comportamento.
Práticas positivas para a formação da autoestima
Com o objetivo de possibilitar um desenvolvimento saudável da autoestima nas crianças, há algumas recomendações que toda família deve seguir:
- Transmitir confiança e afeto.
Uma criança que se sente querida e valorizada, sem dúvidas, vai refletir isso na sua autoestima. Além disso, é importante transmitir confiança em relação ao que se pode conquistar. Se a criança for impedida de realizar alguma atividade porque “não vai conseguir”, estaremos apenas limitando sua confiança.
Pelo contrário, devemos inculcar o valor do trabalho. Isso quer dizer que com esforço e dedicação as metas podem ser atingidas.
Estas devem ser realizáveis em curto prazo para manter o entusiasmo e em longo prazo para que a criança aprenda a importância da constância.
- Deixar a criança tentar e falhar se for necessário.
As crianças que não fazem nada por conta própria acabam tendo problemas de autoestima. Assim como mencionamos no ponto anterior, o fato de não deixar as crianças agir, mesmo que cometam erros, implica em não confiar nelas.
Então, como a criança vai avaliar suas qualidades e capacidades se durante toda sua infância foi dito que era incapaz de conseguir realizar coisas por conta própria? Esse é um exemplo claro de como ações pequenas e cotidianas têm consequências no futuro se não forem corrigidas.
- Estimular a superação.
Sem que se transforme em uma pressão por ganhar ou se destacar, você deve motivar seu filho para que melhore. Isso se aplica em todos os âmbitos: educacional, esportivo, humano, etc.
Uma criança que aprende desde cedo a importância do cuidado para ser melhor e progredir vai contar com uma grande ferramenta para o resto da sua vida.
- Valorizar sua opinião e deixar a criança participar.
Uma criança que nunca é ouvida e que nunca é consultada na hora da tomada de decisões vai ter a formação da sua autoestima prejudicada. É recomendável perguntar o que a criança sente, opina e o que gostaria de fazer sempre que for preciso tomar uma decisão.
Ao mesmo tempo, é a criança que deve escolher qual esporte quer praticar, quais aulas extracurriculares que fazer e qualquer decisão desse tipo. Se isso não acontecer, é quase impossível que uma criança que vê que não tem poder de decisão na sua própria vida tenha uma imagem positiva de si mesma.
“Não diga ‘não consigo’ nem de brincadeira porque o inconsciente não tem senso de humor. O inconsciente vai levar a sério e vai lembrar você dessa frase sempre que for tentar”
-Facundo Cabral-
Coisas que se deve evitar para uma boa formação da autoestima
Assim como falamos de aspectos a levar em consideração para serem aplicados, também vale a pena mencionar os erros comuns que influenciam na formação da autoestima nas crianças. Enumeramos alguns:
- Proteger em excesso. Essa forma de criação é apenas reflexo das inseguranças dos pais. Pode ter consequências como timidez, dependência, introversão, insegurança e falta de confiança em si mesma, entre outras.
- Minimizar conquistas. Valorize os objetivos alcançados e não diga que alguma coisa “é muito fácil” quando a criança não tiver conseguido fazer. Você estará prejudicando a autoestima em ambos os casos.
- Resolver todos os problemas da criança. Se você fizer isso, ela não vai desenvolver a capacidade de vencer as dificuldades. E o que é pior, pode se considerar incapaz de superar qualquer obstáculo que aparecer no seu caminho.
Por fim, devemos deixar claro que o “determinismo” não existe na psicologia. Mesmo que tudo o que foi dito anteriormente seja essencial para a formação da autoestima nas crianças, também existe a possibilidade de reverter a situação partindo da autovalorização das virtudes.
E, certamente, se esse processo tiver raízes firmes desde a infância, será muito melhor.
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