Como as mudanças climáticas afetam a gravidez

Fenômenos naturais decorrentes das mudanças climáticas, como ondas de calor, incêndios florestais e furacões, podem afetar negativamente a saúde de gestantes e bebês.
Como as mudanças climáticas afetam a gravidez
Leidy Mora Molina

Escrito e verificado por a enfermeira Leidy Mora Molina.

Última atualização: 20 setembro, 2022

As mudanças climáticas são uma das maiores ameaças à saúde da população atualmente. Ainda mais em grupos vulneráveis, como gestantes, nas quais seus efeitos aumentam o risco de complicações e comprometem o bem-estar da mãe e do bebê.

Certamente, durante a gravidez, o corpo da mulher faz mudanças drásticas para favorecer o bem-estar da criança. Isso aumenta a suscetibilidade a fatores ambientais que podem afetar direta ou indiretamente sua saúde. A seguir, contamos como as mudanças climáticas afetam essa importante etapa.

As mudanças climáticas e a gravidez

Nos últimos anos, ouvimos falar sobre como as mudanças climáticas podem ter consequências desfavoráveis para a população. A Organização das Nações Unidas (ONU) define esse efeito climático da seguinte forma:

“Mudanças de clima atribuídas direta ou indiretamente à atividade humana que alteram a composição da atmosfera global e que se somam à variabilidade climática natural observada em períodos de tempo comparáveis.”

Nesse sentido, diversos fenômenos naturais, como incêndios florestais, ondas de calor extremas, furacões, inundações e secas, resultam desse problema ambiental e afetam a qualidade do ar, da água e dos alimentos que consumimos.

As mulheres grávidas em particular estão sujeitas a variações hormonais que as tornam vulneráveis a qualquer evento que ocorra ao seu redor. Como consequência, elas são mais propensas a desenvolver infecções, hipertermia, desidratação, hipertensão ou diabetes, entre outras doenças.

Vamos dar uma olhada em como as mudanças climáticas podem afetar a gravidez.

Aumento de temperatura

Durante a gravidez, a temperatura corporal da mulher aumenta naturalmente. No entanto, à medida que essa alteração aumenta como resultado das mudanças climáticas, pode causar problemas como desidratação ou insuficiência renal.

Durante a gravidez, a ação do estrogênio e da progesterona promove aumento do fluxo sanguíneo e vasodilatação corporal. Esses efeitos produzem um aumento fisiológico da temperatura e afetam a termorregulação do corpo nas mulheres.

No entanto, as ondas de calor e o aumento da temperatura ambiental causado pelas mudanças climáticas acentuam essa alteração. Portanto, aumenta o risco de superaquecimento em gestantes, o que pode causar desidratação e, em casos avançados, insuficiência renal.

Da mesma forma, a hipertermia materna aumenta o risco de alterações fetais, como malformações anatômicas, problemas de crescimento fetal e parto prematuro.

Uma pesquisa publicada no The Lancet, intitulada “O impacto das altas temperaturas ambientais no momento do parto e na duração da gestação”, descobriu que o calor extremo causa um aumento nos partos prematuros que são encurtados entre seis dias e duas semanas por esse motivo.

Distúrbios respiratórios

A poluição do ar também influencia negativamente o bem-estar da gravidez. Alterações na saúde cardiopulmonar da mãe e danos placentários são consequência das partículas provenientes da combustão de elementos fósseis, automóveis e incêndios florestais. É o que afirma a Federação Internacional de Ginecologistas e Obstetras FIGO, em seu artigo intitulado “Mudanças climáticas, saúde da mulher e o papel dos obstetras e ginecologistas na liderança”.

“Certamente essa afetação nos pulmões, coração e placenta da mãe favorece o desenvolvimento da pressão alta e, portanto, o risco de sofrer de pré-eclâmpsia e eclâmpsia”.

Por sua vez, a diminuição da oferta de oxigênio ao feto e a passagem desses poluentes pela placenta aumenta a incidência de abortos, partos prematuros, bebês com baixo peso ao nascer e bebês com alterações na capacidade cognitiva.

Nutrição comprometida

Furacões, chuvas, inundações ou secas afetam a produção e a qualidade dos alimentos. Isso se traduz em deficiências nutricionais nas gestantes e consequências como diarreia e infecções secundárias devido ao consumo de alimentos contaminados.

Estas são algumas das consequências que podem desencadear problemas gestacionais:

  • Desnutrição.
  • Anemia.
  • Desidratação.
  • Infecções graves.
  • Malformações fetais.
  • Abortos espontâneos
  • Fetos com problemas de crescimento.
  • Bebês com baixo peso ao nascer.
As mulheres grávidas geralmente são mais propensas ao estresse devido às alterações hormonais, mas isso pode ser aumentado por ondas de calor, furacões ou inundações, entre outras condições climáticas.

Estresse

As mulheres grávidas são mais propensas a sofrer de estresse devido ao coquetel hormonal que administram. Obviamente, esse estresse é aumentado por grandes eventos climáticos, como ondas de calor, furacões ou inundações. Essas condições podem levar ao estresse pós-traumático e a outros problemas, como a depressão.

Doenças infecciosas

Desastres naturais decorrentes das mudanças climáticas podem agravar e disseminar doenças infecciosas relacionadas a alimentos, água e insetos, como dengue, zika ou esquistossomose, para citar alguns.

As mulheres grávidas são um grupo de risco, pois durante toda a gravidez o sistema imunológico fica deprimido para evitar a rejeição do bebê.

Esses efeitos na gravidez podem ser evitados?

Em muitos casos, é difícil prevenir os efeitos das mudanças climáticas nas mulheres grávidas. No entanto, cuidados médicos oportunos e check-ups pré-natais regulares podem atenuar sua gravidade.

Nesse sentido, o pré-natal permite o diagnóstico precoce e o tratamento das possíveis consequências desse problema. Desta forma, os efeitos negativos sobre a mãe e o feto são reduzidos.

Nos últimos anos, algumas associações de saúde, como o American College of Obstetricians and Gynecologists ACOG, reconheceram a necessidade urgente de buscar soluções em larga escala para conter as mudanças climáticas e seus efeitos na saúde das pessoas.


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