Crianças indecisas: como ajudar?
Poderíamos dizer que, durante a infância, é normal não saber o que fazer ou o que decidir. Entretanto, como pais, precisamos ajudar as crianças e incentivá-las, para que elas possam formar as suas próprias opiniões sobre diferentes assuntos. No artigo a seguir, vamos mostrar como agir diante de crianças indecisas.
A indecisão em crianças
Crianças menores de seis anos que se mostram indecisas é uma realidade muito frequente. Elas podem ficar divididas entre escolher uma comida ou outra, entre um brinquedo ou outro… Talvez elas primeiramente peçam torradas no café da manhã e, quando veem o irmão ou os pais comendo cereais, decidam que também querem. Não se trata de inveja ou de ‘ter o que é do outro’, e sim de indecisão.
Quando os adultos consultam médicos e aqueles amigos que já tiveram filhos indecisos sobre esse assunto, a resposta mais comum costuma ser: “Mas é a coisa mais normal do mundo!”.
Isso ocorre porque, nessa idade, as crianças ainda estão desenvolvendo a sua personalidade, a sua individualidade e o seu senso de si mesmas. Ou seja, elas não sabem bem o que querem e precisam experimentar tudo.
Primeiramente, a criança vai dizer que quer algo que os pais geralmente escolhem, para depois perceber que ela gostaria de outra coisa. Ela ainda é pequena demais para saber se uma decisão está correta ou não. E é isso que os adultos deveriam levar em consideração.
As crianças indecisas não são ‘mimadas’ nem têm problemas comportamentais. Elas também não são indisciplinadas e não estão só querendo a atenção da mãe ou do pai. Elas simplesmente não sabem o que decidir porque ainda não experimentaram todas as variáveis.
Como ajudar as crianças indecisas
O primeiro passo para ajudar as crianças indecisas tem a ver com a compreensão da situação. Ou seja, é preciso considerar que, quando somos pequenos, temos dificuldade para decidir até mesmo as coisas mais insignificantes ou cotidianas.
No entanto, isso não significa que devemos permitir que os nossos filhos passem meia hora na frente da sorveteria escolhendo o sabor de sorvete que querem tomar e nem que, como pais, devemos insistir e pedir que se apressem, porque há muitas pessoas esperando a sua vez.
É possível chegar a um meio termo? Claro que sim. A melhor maneira de ajudar é permitir que a criança expresse sua opinião e suas preferências a qualquer momento. Por exemplo, se estivermos indo para a escola, ela pode nos dizer quais roupas gosta de usar ou qual cor é a sua favorita – certamente a opinião vai mudar periodicamente.
Outra maneira de ajudar é diminuir as opções para decidir. Se a criança tiver uma enorme variedade de alternativas à sua disposição, é mais provável que depois de algum tempo ela ainda esteja indeciso. Então, em vez de perguntar: “O que você quer comer?” Você pode dizer: “Hoje temos macarrão ou hambúrguer, o que você prefere?”.
Além disso, é aconselhável que você promova a confiança do seu filho. Para fazer isso, não tome decisões por ele apenas porque você está com pressa.
Vamos pegar o exemplo da sorveteria novamente. Suponhamos que a criança não escolhe o sabor que quer e você diz para o funcionário dar o de chocolate e o de morango ‘porque são os seus favoritos’. Em vez de fazer um favor ao pequeno, vocês estará prejudicando-o, pois ele vai sentir que não pode tomar decisões por si mesmo e que, não importa o que ele disser, a mãe ou o pai vão acabar escolhendo por ele.
Em idades precoces, isso pode ser prejudicial ao desenvolvimento da personalidade. No futuro, a criança poderá se tornar menos autônoma e ter cada vez mais dificuldade para tomar decisões.
As crianças devem decidir tudo?
Agora, uma pergunta muito comum para os pais de filhos indecisos é: Quais opções de escolha posso dar para meu filho decidir?
Certamente, você não pode perguntar a uma criança de cinco anos sobre coisas fundamentais ou obrigatórias da vida, tais como a escola que ela vai frequentar ou se ela vai ou não comer legumes e frutas. Isso não é discutível na infância, e é necessário ser muito rigoroso nesse aspecto.
“As crianças indecisas não são ‘mimadas’ nem têm problemas comportamentais. Elas simplesmente ainda são pequenas demais para saber se uma decisão está correta ou não”.
No entanto, talvez você possa deixar ela escolher entre duas ou três roupas para dar um passeio ou qual brinquedo entre algumas opções ela quer levar para as férias na praia.
As crianças indecisas passam melhor por essa fase se tiverem o apoio dos pais, a sua paciência e, acima de tudo, o seu carinho. É essencial que os adultos incentivem as crianças a tomar as suas decisões. Mesmo que pareçam ‘detalhes’ ou ‘ninharias’, será uma grande conquista para a criança e permitirá o aumento da sua autoestima.
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- UNICEF. (2012). Evaluación del crecimiento de niños y niñas. Material de apoyo para equipos de atención primaria de la salud. https://doi.org/978-92-806-4642-9