Dar ao bebê o que ele pedir não é mimá-lo demais

Muitas pessoas dizem que ao cuidar "excessivamente" do bebê, ele se torna dependente e inseguro. No entanto, atender às suas demandas é a única forma de criar filhos saudáveis e autônomos.
Dar ao bebê o que ele pedir não é mimá-lo demais
Elena Sanz Martín

Escrito e verificado por a psicóloga Elena Sanz Martín.

Última atualização: 27 janeiro, 2023

“Não durma com ele, você vai deixá-lo dependente” , “Pare de pegá-lo no colo, ele ficará muito mimado”, “Por que você continua amamentando? Ele só te usa como chupeta”. Essas e muitas outras afirmações tão taxativas quanto cruéis são ouvidas por muitas mães todos os dias.

Divididas entre o instinto e as opiniões dos outros, muitas delas mergulham em um mar de confusão e culpa. Se esse for o seu caso, não tenha medo: dê ao seu filho o que ele pedir, você não vai mimá-lo demais.

Para encarar a maternidade da melhor maneira possível e, acima de tudo, apreciá-la, é preciso lembrar que é você quem é a mãe. Você pode consultar profissionais, informar-se ou pedir a opinião dos seus entes queridos, mas, no final das contas, é você quem decide como educar os seus filhos.

Em muitas ocasiões, o seu instinto e a sua intuição te dão a resposta, e o seu bebê transmite o que precisa de você. Por que, então, silenciar as duas únicas vozes que contam para ouvir as outras?

Você não vai mimá-lo demais

Em algum momento, começamos a atribuir aos bebês intenções e habilidades cognitivas que eles não possuem. Achamos que eles nos procuram, exigem atenção, carinho ou cuidados porque querem nos manipular. Acreditamos que eles “zombam” ou “se aproveitam de nós”.

Dê ao seu bebê o que ele pedir: você não vai mimá-lo demais

É essencial compreender que um bebê ainda não tem desenvolvimento cognitivo suficiente para realizar tal processo de pensamento e que, se ele chora ou pede algo, é porque está precisando.

Em muitas ocasiões, as mães reprimem o impulso de confortar o bebê por medo de mimá-lo demais. Ou seja, temem que o pequeno fique extremamente dependente ou inseguro por causa desse “excesso de cuidado”.

No entanto, paradoxalmente, ocorre exatamente o contrário. A psicóloga Rosa Jové, especialista em educação e psicologia infantil, afirma claramente: se você quer que o seu filho seja autônomo, mime-o tanto quanto puder enquanto ele ainda for pequeno.

O imprescindível apego seguro

Ocorre que, de fato, o vínculo de apego estabelecido durante os primeiros meses e anos de vida é a base sobre a qual uma personalidade saudável é construída. O apego seguro é a rede de segurança que a criança terá para explorar o mundo sem medo. É o que vai permitir que ela se desenvolva com confiança, sem carências nem medos.

Contudo, para que isso seja estabelecido de maneira adequada, o trabalho da mãe (ou da principal figura de apego) é essencial. Ela deve ser capaz de detectar as necessidades do bebê e responder a elas de maneira consistente. O pequeno precisa ter a certeza de que contará com amor e proteção em todos os momentos para poder desenvolver sua independência e autonomia progressivamente.

Uma criança só vai se tornar insegura, medrosa ou dependente se não receber o que precisava durante os seus primeiros anos. Ela passará a vida inquieta e ansiosa, tentando buscar e obter o que faltou naquele momento tão crucial. Por isso, mime o seu filho e dê o que ele pedir, pois, na verdade, esse é o caminho para a sua independência.

Dê ao seu bebê o que ele pedir: você não vai mimá-lo demais

Dê ao seu bebê o que ele pedir

Então, aprenda a ouvir o seu bebê e dar o que ele pedir. Cada criança é única, com sua personalidade e ritmos próprios. Se o seu bebê pedir para pegá-lo no colo, faça isso com alegria. Se ele pedir para mamar, amamente com amor e aproveite esse momento tão íntimo e especial entre vocês dois. Caso o seu bebê precise da sua presença e contato durante a noite, não tenha medo de dormir ao lado dele.

Faça o que sentir que deve fazer, sem culpa ou remorso, porque todo o amor que você der a ele se transformará na segurança de que ele precisa para crescer saudável.

Da mesma forma, se o seu filho precisa de espaço ou se ele pedir independência, também a ofereça. Alguns bebês preferem dormir sozinhos e se sentem desconfortáveis ao dormir junto na cama. Algumas crianças são mais aventureiras e exploradoras, então devemos permitir que se aventurem. Não existem duas crianças iguais, então a chave está em conhecer e compreender o seu filho.

Em última análise, se prestarmos atenção, eles nos mostrarão do que precisam e quando estão prontos para as mudanças e os avanços. Enquanto isso, aproveite a experiência de vê-lo crescer. Dê ao seu bebê o que ele pedir e encha-o de amor. Isso nunca será prejudicial.


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  • Jové, R. (2009). La crianza feliz: cómo cuidar y entender a tu hijo de 0 a 6 años. La esfera de los libros.
  • Páez, D., Fernández, I., Campos, M., Zubieta, E., & Casullo, M. (2006). Apego seguro, vínculos parentales, clima familiar e inteligencia emocional: socialización, regulación y bienestar. Ansiedad y estrés12(2-3), 329-341. https://d1wqtxts1xzle7.cloudfront.net/30199990/ie_aestres06.pdf?1353125982=&response-content-disposition=inline%3B+filename%3DApego_seguro_vinculos_parentales_clima_f.pdf&Expires=1597228590&Signature=G1w5RgLygXcpugdMmtQ8MnHCbZPDUlgwLB8U6WUUxbXkYwXxIsdKaIiXReoIBG58kBYTF-rW7HZJx87d31yIzM5O2EE6p8CyuWrJfHmPVBiLNf6m7FqxAplP~2-XE~lbBo4T5FPR6C~5ba8HIX8oGTyjiqTWSBiwra-et6qdtTLbH-nrY4kpB7FwQi7cwr-HaLA50EbkF77wcF2QYc~nxZp9tCQ2GpqkoB2Xcwnfr1GGzgaayGlBSQT-T0~ZTNxnjB~I~fMrcVf~97rsuVSnB~U0HlJNkp8~6l2Xdxx1CHosXV4hff5wDjCle8m0gb4Wsfybf2kWNdVTSf3rHvBvKw__&Key-Pair-Id=APKAJLOHF5GGSLRBV4ZA

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