Desempenho escolar e saúde bucal: como estão relacionados?
A boca desempenha um papel muito importante para a saúde em geral e na qualidade de vida das pessoas. Assim, durante a infância, a saúde bucal influencia vários aspectos dessa fase, incluindo o desempenho escolar. Por isso, não cuidar adequadamente da saúde bucal dos pequenos pode trazer sérias consequências. Além disso, essas complicações não apenas colocam em risco o bem-estar dos pequenos, mas também alteram sua vida cotidiana.
Cáries, gengivite, infecções dentárias, bruxismo ou má oclusão podem causar dor e outros desconfortos que afetam muitas áreas da vida de uma criança. Por outro lado, a falta de descanso, as alterações de humor e a ausência nas aulas para solucionar o problema são fatores que podem afetar o aprendizado dos mais novos. Vamos dar uma olhada em como os problemas de saúde bucal afetam o desempenho escolar. Continue lendo e descubra mais.
Como a saúde bucal e o desempenho escolar estão relacionados?
A relação entre saúde bucal e desempenho escolar é complexa, pois envolve múltiplas variáveis que estão conectadas entre si. É a falta de atenção à saúde e o aparecimento de doenças na boca que podem afetar o desempenho das crianças na escola. Ter doenças crônicas pode interferir na sua capacidade de ter sucesso na escola. Até as cáries são uma dessas patologias que ocorrem com muita frequência durante a infância.
Problemas orais que afetam a sala de aula
Dor, desconforto e problemas associados à alimentação e ao sono podem diminuir a atenção nas aulas. Além disso, a necessidade de ir ao dentista para resolver a situação muitas vezes significa que a criança deve faltar à escola para concluir seu tratamento.
Por outro lado, alterações no funcionamento da boca e na estética dos dentes afetam aspectos psicossociais da criança como autoestima, confiança e habilidades sociais. Não se sentir bem consigo mesmo e se relacionar com outras pessoas pode afetar sua capacidade de aprender e os resultados cognitivos.
Ao mesmo tempo, ter baixo rendimento escolar pode influenciar negativamente na incorporação e prática de hábitos de autocuidado corporal. Dar menos atenção à higiene bucal e à alimentação saudável tem impacto na saúde geral e bucal da criança e gera um círculo vicioso contínuo. Por sua vez, a dor ou o desconforto não são a única razão para a diminuição do rendimento escolar, mas alguns desses inconvenientes também podem aparecer:
- Problemas de mordida.
- Traumatismo dentário.
- Bruxismo.
- Gengivite.
O que alguns estudos dizem sobre isso
Há informações do National Health Interview Survey (NHIS), de 1989, que já alertavam sobre a relação entre saúde bucal e desempenho escolar. De acordo com esses dados, crianças e adolescentes perdem mais de 117 mil horas de aula como resultado de condições odontológicas agudas.
Através de uma pesquisa realizada pela Ostrow School of Dentistry, foi analisado o caso de quase 1500 crianças de escolas primárias e secundárias. Procurou-se estabelecer a relação entre os problemas de saúde bucal e o impacto no desempenho escolar. Os pesquisadores descobriram que a maioria das crianças com dor de dente eram mais propensas a ter notas baixas ou abaixo da média em comparação com crianças sem dores. Este trabalho também revelou que alunos com cáries ou outros problemas bucais foram os que tiveram as piores notas.
Outro estudo realizado na Carolina do Norte analisou os fatores de risco para o mau desempenho escolar. O baixo nível socioeconômico, a baixa escolaridade dos pais e a saúde precária em geral foram alguns condicionantes. No entanto, também foi encontrada uma forte ligação entre a má saúde bucal e o baixo desempenho escolar. Assim, as crianças que tinham problemas bucais apresentaram 40% mais chances de ter dificuldades na escola.
Cuidar da saúde bucal para prevenir problemas com desempenho escolar
Cuidar da boca dos pequenos não só lhes traz bem-estar, como também é uma forma benéfica de melhorar a sua experiência educativa. O fato de as crianças terem uma boa saúde bucal pode prevenir os problemas de desempenho escolar que abordamos aqui. Portanto, você deve prestar atenção a alguns cuidados simples que permitirão que seu pequeno tenha uma boca saudável:
- Comece com a higiene bucal desde cedo. Para isso, você terá que cuidar da escovação dos dentes com cremes dentais com flúor e, posteriormente, também o uso de fio dental.
- A dieta é outro aspecto a ser observado. Evitar doces, refrigerantes, guloseimas e alimentos ultraprocessados é uma forma de educar para uma alimentação saudável e, ao mesmo tempo, cuidar da saúde.
- Visitar o dentista é essencial. A partir do primeiro ano de vida, você deve levar a criança ao dentista pelo menos uma vez a cada 6 meses. Com exames e intervenções regulares, o profissional ajudará a prevenir problemas na boca. Por outro lado, caso estes se desenvolvam, devem ser resolvidos antes que gerem complicações mais complexas e irritantes.
Uma boca saudável para o dia a dia
A cavidade oral nos permite mastigar, comer, rir e pronunciar as palavras corretamente. Quando há problemas de saúde bucal, essas funções são afetadas e a qualidade de vida da criança sofre as consequências.
Cuidar da boca do seu filho não só permite que ele desempenhe suas funções orais normalmente, pois o cuidado adequado com a saúde bucal também evita desconforto, mal-estar, sentimentos de constrangimento, provocações de colegas e faltas às aulas que podem diminuir seu desempenho escolar.
Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.
- Guarnizo-Herreño, C. C., Lyu, W., & Wehby, G. L. (2019). Children’s oral health and academic performance: evidence of a persisting relationship over the last decade in the United States. The Journal of pediatrics, 209, 183-189.
- Nithila, A., Bourgeois, D., Barmes, D. E., & Murtomaa, H. (1998). Banco Mundial de Datos sobre Salud Bucodental de la OMS, 1986-1996: panorámica de las encuestas de salud bucodental a los 12 años de edad. Revista Panamericana de Salud Pública, 4(6).
- Gift, H. C., Reisine, S. T., & Larach, D. C. (1992). The social impact of dental problems and visits. American journal of public health, 82(12), 1663-1668.
- Seirawan, H., Faust, S., & Mulligan, R. (2012). The impact of oral health on the academic performance of disadvantaged children. American journal of public health, 102(9), 1729-1734.
- Jackson, S. L., Vann Jr, W. F., Kotch, J. B., Pahel, B. T., & Lee, J. Y. (2011). Impact of poor oral health on children’s school attendance and performance. American journal of public health, 101(10), 1900-1906.
- Flores Naula, K. D. L. N. (2020). Relación entre CPOD y la Limitación para socializar en escolares de 12 años de la parroquia Huayna-Cápac Cuenca-Ecuador 2016.
- Ruff, R. R., Senthi, S., Susser, S. R., & Tsutsui, A. (2019). Oral health, academic performance, and school absenteeism in children and adolescents: A systematic review and meta-analysis. The Journal of the American Dental Association, 150(2), 111-121.
- Paula, J. S. D., & Mialhe, F. L. (2013). Impact of oral health conditions on school performance and lost school days by children and adolescents: what are the actual pieces of evidence?. Brazilian Journal of Oral Sciences, 12, 189-198.
- Rebelo, M. A. B., Rebelo Vieira, J. M., Pereira, J. V., Quadros, L. N., & Vettore, M. V. (2019). Does oral health influence school performance and school attendance? A systematic review and meta‐analysis. International journal of paediatric dentistry, 29(2), 138-148.