Discutir na frente dos filhos é um erro

Ainda que o debate e a comunicação sejam imprescindíveis para o casal, discutir na frente dos filhos pode deixar marcas negativas. A seguir, vamos falar um pouco mais sobre esse assunto.
Discutir na frente dos filhos é um erro
María Alejandra Castro Arbeláez

Revisado e aprovado por a psicóloga María Alejandra Castro Arbeláez.

Escrito por Equipo Editorial

Última atualização: 27 março, 2018

Muitas vezes os pais brigam sem perceber que discutir na frente das crianças é um erro. Em primeiro lugar, elas podem ser muito pequenas para entender o que está acontecendo e apresentar emoções negativas em resposta ao estímulo exterior.

Além disso, pode ser que se considere que já estão grandes o suficiente para enfrentar problemas de adultos, mas não é verdade. Em outras palavras, talvez pensemos que elas já têm a maturidade e as ferramentas para enfrentar a situação de forma saudável, mas na realidade eles não têm.

O tom de voz, os movimentos bruscos e demais elementos de linguagem não-verbal podem ser interpretados de forma errônea, inclusive por um bebê. Ainda que não compreendam o conteúdo, podem sentir emoções muito negativas.

O diálogo e a importância da comunicação

A discussão e a comunicação podem ser interpretadas como normais. Inclusive podem ser um sinal de saúde mental em um casal. Tudo depende do tipo de discussão e dos níveis de agressividade.

Sempre é bom abordar qualquer tema sem se alterar e sem que isso afete mais ninguém. Porém, quando a discussão é acompanhada por gritos e palavras duras, as crianças podem se assustar.

Algumas das consequências de discutir na frente dos filhos podem ser: desde oferecer um modelo negativo de relacionamento, até criar regras e limites ambíguos, passando por situações de grande confusão para os pequenos.

Consequências da discussão para as crianças

Consequências de discutir na frente das crianças

Em primeiro lugar, os pais transmitem um modelo negativo de relacionamento. As crianças são como esponjas e absorvem constantemente a informação à sua volta.

Elas percebem como os problemas são solucionados, se há entendimento, se há falta de respeito, se um impede o outro de falar, se há contato visual, etc. Sem dúvida, são esses padrões que vão fazendo parte de sua personalidade desde muito cedo.

A segunda consequência é que pode ser que se estabeleçam normas ou limites ambíguos. O ideal é que os pais formem um time na hora de educar as crianças.

Ainda que não seja possível estar de acordo em tudo sempre, discutir constantemente na frente dos filhos levará à perda da autoridade.

Os pequenos podem começar a chorar e colocar em dúvida o que cada um de seus pais diz, simplesmente porque veem que um dos dois não está de acordo. Elas acabam por não saber a quem obedecer ou por manipular os pais, de acordo com a vontade delas.

Outra consequência de discutir na frente dos filhos é que isso os leva a se perguntar de que lado estão. Os filhos não têm que ser árbitros ou juízes de seus pais, nem sequer têm que assistir aos debates. Ambos os pais devem ser muito importantes para eles e ter um papel igualitário.

Os filhos podem saber que os pais discutem e têm diferenças. Mas as crianças não devem tomar partido nem saber dos detalhes da discussão.

Discutir na frente dos filhos causa marcas negativas nas crianças

Sem dúvida, uma das recordações mais dolorosas que os pequenos podem ter é o sentimento de tensão entre seus pais. Para uma criança, os pais são pessoas que estão ali para proteger e cuidar dela. Quando de repente se agridem e gritam na sua frente, a criança se sente indefesa e assustada.

O diálogo e a importância da comunicação

Segundo um estudo publicado na revista Development and Psychopathology, realizado pela Escola Steinhardt de Cultura, Educação e Desenvolvimento Humano da Universidade de Nova York, a exposição à agressão entre os pais pode moldar as emoções das crianças de forma negativa.

Os pesquisadores observaram 1.025 crianças dos dois meses aos cinco anos. Os testes tinham como objetivo medir o caos nas famílias.

Após 58 meses de observação, os pesquisadores perceberam que crianças expostas aos índices mais altos de agressão em casa apresentavam maior dificuldade para identificar e regular as próprias emoções.

Também se observou que a capacidade de identificar e regular as próprias emoções está vinculada ao desenvolvimento da inteligência emocional.

Uma criança exposta à agressão entre seus pais terá dificuldades para processar emoções tais como a tristeza, o abandono e o medo.

Todas estas emoções diárias que vimos, mal gerenciadas e processadas, levaram ao desenvolvimento de sintomas de ansiedade e depressão na criança posteriormente.

Sabemos a importância de saber identificar e expressar, em geral, o que sentimos. Privar um filho dessa capacidade pode criar sérios problemas para ele mais tarde. Por tudo isso, é melhor discutir em particular.


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