É verdade que as crianças sempre dizem a verdade?
Todos já ouvimos o ditado: “as crianças sempre dizem a verdade”. Todos nós rimos dos comentários espontâneos de uma criança quando ocorrem em uma hora errada. E, de certa forma, esse ditado ficou registrado em nossa mente como algo inquestionável. Mas será que é realmente verdade?
As crianças dizem a verdade
A realidade é que as crianças são caracterizadas por sua grande espontaneidade. Elas ainda são seres inocentes e ingênuos, que se expressam abertamente.
Quando ainda são pequenas, as crianças verbalizam seus pensamentos de forma clara, simples e direta. Elas não param para pensar em como suas palavras afetarão a pessoa que as escuta.
Essa naturalidade é algo que desperta ternura em adultos e causa graça na maior parte do tempo. E é provavelmente a base do ditado popular acima mencionado. Os pequenos se expressam sem medo e sem o filtro da moralidade.
Isso é especialmente verdade em seus primeiros anos de vida. Até aproximadamente 4 anos de idade, as crianças ainda não desenvolveram empatia. Sem essa função, elas são incapazes de se colocar no lugar da outra pessoa e são guiadas somente pela realização de seus próprios objetivos ou pela espontaneidade acima mencionada.
As crianças também contam mentiras, nem sempre dizem a verdade
Mas, se pararmos para pensar por um momento, perceberemos facilmente que as crianças também mentem, e elas o fazem desde cedo.
Apesar da inocência, os pequenos mentem por diferentes razões, dependendo da idade e do estágio de desenvolvimento em que se encontram.
Assim, na fase pré-escolar, muitas vezes as crianças mentem por causa de suas dificuldades em distinguir a realidade da fantasia. É comum que suas narrativas misturem situações reais com elementos fictícios.
Elas também podem mentir porque querem algo ou porque querem evitá-lo. Por exemplo, uma criança pode mentir para receber um prêmio que ela deseja ou para não desapontar seus pais.
Elas também podem fazer isso para esconder seus problemas ou chamar atenção. Seja como for, as crianças geralmente não causam danos a outras pessoas de propósito. Essa não é a intenção delas quando mentem.
Por outro lado, elas são capazes de detectar mentiras de seus pais através de seus gestos ou expressões, e percebem essa mentira como uma traição. Devemos, então, ter o cuidado de transmitir as informações aos nossos filhos de uma maneira proporcional à compreensão deles, mas sem a necessidade de mentir.
Como promover uma sinceridade equilibrada
Embora a sinceridade ingênua das crianças seja encantadora, às vezes também poderá levar a uma situação desagradável e, até mesmo, ferir os sentimentos de alguém.
Ter a empatia e a diplomacia necessárias para interagir com outras pessoas é, sem dúvida, um valor importante que devemos transmitir aos pequenos da melhor maneira possível.
De maneira natural, à medida que as crianças crescem e se desenvolvem cognitiva e emocionalmente, essa sinceridade crua é transformada. Elas passam a ser capazes de levar em conta os sentimentos da outra pessoa e suavizar ou omitir algumas de suas expressões para não ferir. Em suma: elas encontram o equilíbrio entre sinceridade e tato.
O que podemos fazer como pais?
- Não repreender a criança com severidade se a pegarmos numa mentira. Podemos explicar que não devemos contar as coisas que ocorrem em casa ou que é necessário pensar antes de expressar algo.
- Agir como modelo. Como dissemos antes, as crianças são capazes de perceber mentiras dos pais, e isso gera confusão. Como todos sabemos, as crianças fazem o que veem e não o que lhes é dito. Então, devemos usar a técnica de modelagem para ensiná-las a expressar com coragem, sinceridade e delicadeza seus pensamentos.
- Usar reforço positivo sempre que emitirem comportamentos ou expressões desejáveis. Deixe-as saber através de elogios ou reforços sociais que esse comportamento é apropriado. Dessa forma, esse comportamento será selado na mente delas, sendo mais provável que seja reemitido no futuro.
- Mostrar às crianças as consequências naturais de suas ações, em vez de puni-las artificialmente. Isso tem um impacto muito mais benéfico para explicar que o comportamento pode ferir uma pessoa que amam muito, do que puni-las sem deixá-las assistir televisão.
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