Em cada criança problemática há uma emoção que não sabe se manifestar
Dentro de toda criança problemática, se esconde um caos emocional que transborda e se disfarça de rebeldia ou desobediência. Mesmo que seja complexo abordar esses problemas de conduta infantil, é fundamental ensinar a criança a lidar com o que sente.
Contrariamente ao que se acredita, qualquer castigo físico, reprimenda ou palavra mais áspera só intensificam a frustração e as emoções negativas que tomam conta da criança problemática, acabando por pulverizar sua autoestima.
Por este motivo, antes de buscar as possíveis razões pelas quais temos um filho ‘difícil’, é conveniente compreender que por detrás de suas condutas indesejadas, existem necessidades aparentemente insatisfeitas, as quais requerem maior atenção.
Criança problemática, criança carente
Muitos pais protestam pelo comportamento de seu filho problemático, pois diante das birras ou da desobediência, costumam desafogar de maneira inapropriada uma emoção carregada de raiva.
“Sou uma mãe má?” ou “O que estou fazendo de errado?”, costumam ser as perguntas de muitas mães frustradas diante destas situações desesperadoras. Porém, simplesmente se trata de assumir que seus filhos exigem mais de sua atenção.
Possivelmente essa criança problemática não sabe manifestar corretamente suas necessidades e carências afetivas. Assim, pode ser que ela encontre nos maus comportamentos um modo de chamar a atenção de seus pais: choram em excesso, dormem pouco e passam do riso ao choro em instantes.
Esses pequenos “explosivos” costumam precisar de mais apoio, conversas e segurança. Esse fato está além de qualquer erro cometido durante a infância. No entanto, é responsabilidade de todo pai oferecer respostas certeiras a esses chamados, fazendo uso de muita paciência e altas doses de amor.
Crianças problemáticas e emoções bloqueadas
As crianças problemáticas costumam gerar um nível de estresse considerável em seus pais. Contudo, isso se deve simplesmente ao fato de que estão com suas emoções bloqueadas e desconhecem o modo de exteriorizá-las. Nossa missão durante sua infância é precisamente destravar estes sentimentos.
Para que essas emoções fluam, se requer uma boa comunicação e muito afeto. Essa criança problemática precisa apenas de compreensão para abandonar sua postura hermética, conseguindo entender o que se passa em sua cabeça e manifestar isso adequadamente.
Em seguida, se uma criança difícil coloca barreiras, não levante outros obstáculos adicionais. Deixe de lado os castigos que tendem a afastá-la e deixá-la na solidão, não atendendo suas necessidades e carências.
Mesmo que chegar até elas nem sempre seja uma tarefa simples, considere fazê-las se sentir confortáveis e seguras na hora de liberar e expressar esses sentimentos contidos a fim de desabafar e conhecer a si mesmo.
O que existe por trás de uma criança problemática?
- São crianças com baixa autoestima, inseguras e com sentimentos de incompreensão
- Necessitam se sentir reconhecidas por suas ações e realizações
- Sua insegurança gera a necessidade de reforços positivos frequentemente
- Costumam sentir inveja. Por isso, buscam chamar a atenção de seus pais, para se sentirem amadas
- Experimentam com maior intensidade as denominadas emoções negativas (medo, tristeza, solidão).
Conforme essas crianças difíceis vão crescendo, seus sentimentos de insegurança somados a certa sensação de falta de reconhecimento, costumam traduzir-se em reações inadequadas. Entretanto, no fundo, esses adolescentes somente expressam a angústia, a solidão e a tristeza que têm dentro de si.
Por isso mesmo é fundamental ajudar seu filho a compreender, gerir e canalizar suas emoções. Assim, é preciso educar sua inteligência emocional e, paralelamente, oferecer estratégias que reduzam essa necessidade de reforços externos que o façam sentir-se bem.
Como agir diante de uma criança problemática?
- Apele ao poderoso reforço positivo. Trata-se de uma estratégia educativa útil que não consiste simplesmente em abraçar a criança quando ela faz algo indevido. Aproxime-se da criança perguntando porque se comporta desse modo e explique com calma seus erros, indicando a atitude adequada. Por fim, utilize o reforço positivo: “Confio em você”, “Eu sei que você pode fazer melhor”, “Eu te apoio e te amo”. Não ha lugar para recriminações, nem reprimendas dado que causam mais raiva e ansiedade. Uma palavra positiva gera uma emoção positiva.
- Eduque sua Inteligência Emocional. Esse fator é fundamental nas crianças de qualquer idade para que possam identificar suas emoções e traduzi-las em palavras. “O que você sente?”, pergunte isso em qualquer momento. Seja receptiva e simpática, além de propiciar um diálogo fluído e ameno em que demonstre confiança e proximidade, sem rir nem achar graça do que a criança disser.
- Não julgue, nem compare. Não existe pecado paterno maior que comparar a criança problemática com irmãos, primos ou outras crianças. Também não é recomendável castigar com ofensas ou rotular: “você é mau”, “sempre se comporta mal”, etc… É aconselhável buscar um momento adequado para dialogar com a criança, se conectar mediante um tom de voz delicado e compreender seus motivos.
- Proporcione equilíbrio interno. Ensine ao seu filho que cada emoção pode se transformar numa palavra passível de ser compartilhada. Explique que não é feio chorar e que você sempre estará disposta a escutá-lo. Também é de grande proveito realizar juntos determinadas atividades que ajudem a distrair, como respiração, meditação, relaxamento, etc.