O estresse do bebê no útero: o que você deve saber

As emoções negativas sofridas pela mãe durante a gravidez afetam diretamente a saúde do feto. O bebê pode sofrer de estresse no útero e isso influencia seu crescimento e comportamento futuro.
O estresse do bebê no útero: o que você deve saber
Leidy Mora Molina

Escrito e verificado por a enfermeira Leidy Mora Molina.

Última atualização: 05 julho, 2023

Cuidar da saúde mental materna é essencial durante a gravidez. Estresse, ansiedade e outras emoções negativas vivenciadas nessa fase podem afetar diretamente o desenvolvimento fetal. Mas um bebê pode sentir estresse no útero?

Os hormônios liberados pela mãe nesse tipo de situação atravessam a placenta e também desencadeiam estresse no bebê. Isso afeta tanto o crescimento fetal quanto o comportamento futuro do feto. A seguir, desenvolveremos todos esses tópicos. Não deixe de ler!

Como o estresse afeta o bebê em crescimento?

A gravidez é uma fase exigente na vida de uma mulher. Nesse sentido, o estresse é uma reação normal vivenciada pela gestante, mas que, sustentada ao longo do tempo, pode colocar em risco o bem-estar do bebê. Alguns exemplos dessas situações são os seguintes:

  • Crises vitais, como divórcio, doença ou perda de um ente querido, outros tipos de luto.
  • Eventos catastróficos, como um incêndio doméstico.
  • Estresse crônico relacionado a certos problemas de saúde ou violência familiar.
  • Depressão crônica ou ansiedade ou início na gravidez.

O estresse produz aumentos de um hormônio chamado cortisol, que é aquele que nos prepara para enfrentar o perigo ou fugir dele. Este viaja pela corrente sanguínea e pode atravessar a placenta, invadir o líquido amniótico e desencadear o mesmo mecanismo no bebê e na mãe.

A gravidez é uma fase de novas experiências corporais, emoções intensas e alguns desconfortos que podem causar estresse.

Complicações do bebê que sofre de estresse durante a gravidez

Como mencionamos anteriormente, é esperado que a mulher sofra estresse durante a gravidez. Mas quando isso se mantém ao longo do tempo ou atinge níveis acima do normal, pode ter consequências negativas para a saúde fetal. Entre elas, destacam-se:

  1. Abortos: vários estudos confirmam a relação entre o estresse e o aumento do risco de aborto espontâneo, especialmente durante o primeiro trimestre da gravidez.
  2. Partos prematuros: o estresse materno pode reduzir o tempo de gestação e favorecer o nascimento prematuro.
  3. Baixo peso: o estresse pode desencadear doenças como pressão alta e pré-eclâmpsia na mãe. Nesses casos, o fornecimento de oxigênio e nutrientes que chegam ao bebê costuma diminuir, o que causa problemas de crescimento.
  4. Alterações neuronais: se o estresse ocorrer desde o primeiro trimestre, pode causar malformações cerebrais no bebê. A longo prazo, isso pode se manifestar nos domínios cognitivo, comunicacional, comportamental ou emocional da criança.
  5. Comprometimento imunológico: bebês que foram expostos a altos níveis de estresse materno têm maior probabilidade de desenvolver infecções após o nascimento, devido a um desequilíbrio em seu sistema imunológico.

O que a ciência diz sobre o estresse do bebê dentro do útero?

Esse assunto tem sido estudado pela comunidade científica, que estabeleceu a relação entre o estresse e alguns problemas na saúde do bebê durante a gravidez e o pós-parto, assim como a maneira pela qual gera alterações epigenéticas e como acaba condicionando o sistema neuroendócrino do nascituro, especialmente o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal.

Um estudo realizado em 2020 buscou relacionar estresse e depressão materna com alterações no cérebro do bebê. Para isso, escolheram uma amostra de 119 gestantes que realizaram os exames entre a 22ª e a 40ª semanas de gestação. Concluiu-se que altos níveis de estresse alteraram a bioquímica do cérebro do bebê. Da mesma forma, eles mostraram que o crescimento do cérebro, especialmente do hipocampo, era menor em bebês cujas mães apresentavam níveis mais altos de estresse.

Se você sente que sofre muito estresse durante a gravidez, o melhor é procurar ajuda profissional para administrar essa emoção.

Outros estudos a esse respeito

Por outro lado, um trabalho publicado na revista Translational Psychiatry estudou os efeitos do estresse materno na vida posterior da criança. Para isso, foram avaliados 25 casos durante 19 anos. Assim, verificou-se que os filhos de mulheres que sofreram estresse durante a gravidez devido à violência doméstica lidaram com o estresse em suas vidas pior do que os nascidos de outras mulheres.

Os pesquisadores analisaram as crianças entre 10 e 19 anos após o nascimento. Dessa forma, eles encontraram uma modificação em uma sequência de DNA que codifica os receptores de glicocorticoides, aqueles que são ativados na presença do cortisol. Essa alteração tornou as crianças mais suscetíveis ao estresse, bem como mais impulsivas do que seus pares.

Esses estudos reforçam o que já se acreditava: o estresse do bebê no útero pode ser prejudicial ao seu desenvolvimento psicossocial. E, além disso, condiciona a forma como as crianças responderão ao estresse no futuro.

O segredo é controlar o estresse durante a gravidez

O controle dessa emoção depende, em parte, da mãe. É necessário afastar-se de situações ou pessoas que geram estresse e encontrar formas de relaxar por meio de diversas atividades. Por exemplo, ioga pré-natal, mindfulness, meditação ou musicoterapia estimulam a produção de serotonina e oxitocina, que são os hormônios relacionados à felicidade.

O papel da família e do ambiente também é crucial. Claro que a mãe deve identificar as situações que lhe causam estresse para reduzi-lo e proteger o bebê dos riscos dessa condição. Portanto, se você está passando por uma situação difícil e está grávida, o melhor é consultar um profissional de saúde para receber orientação sobre a melhor forma de lidar com essa emoção.


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