A geração de filhos que se sente trocada pelo celular dos pais

Confira os resultados de um estudo que mostra que 45% das crianças se sente trocada pelo celular quando perguntadas sobre a atenção dos pais.
A geração de filhos que se sente trocada pelo celular dos pais

Escrito por Equipo Editorial

Última atualização: 03 maio, 2022

Espera um segundo, filho! Papai está terminando de postar uma foto no Instagram e já fala com você!” Se para você essa frase parece parte de uma esquete humorística, este artigo irá te surpreender: um estudo chamado Digital Diaries, realizado em junho de 2015 pela AVG, uma empresa de tecnologia de segurança, mostrou que aproximadamente 45% das crianças entre 8 e 13 anos de idade se sente trocada pelo celular dos pais. Isso significa que as gerações mais novas estão se sentido deixadas de lado.

A geração trocada pelo celular

A AVG entrevistou um total de 6117 pessoas para a realização do estudo. Países como Reino Unido, República Tcheca, Nova Zelândia, Estados Unidos, Brasil, Austrália e França participaram. Com isso, a pesquisa consegue refletir a realidade entre pais e filhos de diferentes culturas, o que sinaliza que esse problema não acontece apenas em um grupo específico de pessoas.

Além disso, o estudo mostra que 54% das crianças fizeram reclamações sobre a frequência com que os pais estão usando o celular, principalmente durante as conversas com os filhos. A consequência disso é o aparecimento de um sentimento de desprezo pela falta de concentração dos pais durante o diálogo com os filhos (32%), de acordo com dados do R7.

“Meus pais ficam no telefone o tempo todo. Eu odeio o celular e queria que ele nunca tivesse sido inventado”. Essa foi a resposta de uma criança após ser perguntada pela professora americana Jen Adams: “Que invenção você gostaria que nunca tivesse sido criada?”.

Se eu tivesse que contar de qual invenção eu não gosto, diria que não gosto do celular. Eu não gosto do celular porque meus pais ficam nele todos os dias. O celular às vezes é um hábito muito ruim. Eu odeio o celular da minha mãe e gostaria que ela nunca tivesse um. Essa é uma invenção de que eu não gosto”, disse outro aluno da segunda série de um colégio americano do estado da Louisiana, de acordo com informações da revista Crescer.

Donald W. Winnicott e Henri Paul H. Wallon, dois dos principais estudiosos e teóricos da aprendizagem da atualidade, apontaram que a relação entre as mães e os bebês é um fator essencial para um bom desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças durante seus primeiros meses e anos de vida. Para teóricos como Sigmund Freud, Melanie Klein, Lev Vygotsky e Jean Piaget, a etapa que vai dos 0 aos 5 anos constitui uma fase decisiva para esse desenvolvimento.

Esse desenvolvimento não é apenas motor e cognitivo, mas também emocional. Quanto mais segurança afetiva a criança recebe, melhor é a evolução de seu aparato psíquico diante do mundo. Os pais são nossa primeira e maior referência, de forma que o comportamento e os hábitos dos progenitores são usados pela criança na construção da ideia de mundo delas, principalmente no que diz respeito a relacionamentos.

A forma como a criança enxerga a si mesma é também um reflexo da maneira como ela é tratada pelos pais.

Por esse motivo, a falta de segurança e referência na vida das crianças de gerações mais novas tem produzido pessoas emocionalmente vulneráveis, carentes, ansiosas e com problemas de segurança. Crianças de 7 a 11 anos (com idade compatível à evolução da internet) estão manifestando cada vez mais problemas de caráter afetivo provocados pela falta de atenção dos pais, além de complicações geradas pela falta de disciplina.

Os índices de suicídios, automutilação, depressão, “rebeldia” e psicopatologias estão cada vez mais comuns, pois diante da ausência de seus familiares, a criança se espelha no que o mundo a oferece.

Mas qual a solução para esse problema?

Os pais precisam se dedicar aos filhos, estando presentes nos momentos mais importantes no desenvolvimento motor, intelectual e emocional de suas crianças. A fase mais importante no desenvolvimento das habilidades sociais e da personalidade acontece dos 0 aos 5 anos (período crítico) e se consolida até os 10 ou 12 anos.

Na adolescência, com o início da puberdade (a partir dos 10 a 12 anos de idade), essa dinâmica começa a se inverter, pois os filhos começam a desejar mais independência em relação aos pais. Nessa fase, eles começam a querer se provar para o mundo e preferem a companhia dos amigos à dos pais. Isso é natural além de muito necessário, pois os adolescentes estão se adaptando ao mundo, o que é um ótimo sinal.

Será nesse momento que seus filhos irão colocar em prática a maioria dos ensinamentos e exemplos recebidos ao longo dos anos. Quando eles têm uma boa referência e se sentem seguros, com certeza levam em conta os conselhos dos pais, além de consolidar o vínculo criado com seus progenitores, que durará pelo resto da vida.

Por esse motivo, vale muito a pena investir tempo e atenção em seu filho, deixando de lado a tecnologia. Além disso, você pode atualizar o seu feed enquanto a criança está dormindo ou por exemplo assistindo TV, pois ninguém é de ferro!


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