Intolerância à sacarose em crianças
A intolerância à sacarose é uma doença atípica que, em crianças, pode ser difícil de ser diagnosticada, pois apresenta sintomas semelhantes a outras condições. Contudo, com o tratamento certo, ela pode ser superada em alguns meses ou em poucos anos.
O que é a intolerância à sacarose?
A sacarose, o açúcar comum ou de mesa, é a combinação de uma molécula de glicose e outra de frutose. A primeira está presente nas frutas e a segunda vem da cana.
Devido a essas duas moléculas ou monossacarídeos – que são os menores componentes do grupo dos carboidratos – o produto é chamado de dissacarídeo.
A intolerância à sacarose deve-se à deficiência da enzima sacarase, também chamada de súcrase ou invertina. Essa enzima é produzida no intestino delgado e é responsável pela separação das duas moléculas que compõem o açúcar.
Esse processo ocorre no estômago e impede a fermentação da sacarose. Quando a enzima está ausente, o açúcar passa quase intacto para o intestino grosso e o cólon, onde pode estimular o crescimento da bactéria Candida.
Além disso, a sacarose promove a formação de gases estomacais. A presença de açúcar nas fezes é uma indicação de que a condição é latente. Não devemos confundir a intolerância à sacarose com alergia alimentar. A primeira está relacionada à ausência de enzimas e a segunda é ativada pelo sistema imunológico.
Os primeiros alimentos
A origem dessa doença é genética. Suas manifestações aparecem no momento em que começa a ingestão de fórmulas lácteas, em cujo conteúdo o açúcar está presente. As papinhas e outros alimentos dados em uma idade precoce podem mostrar que o bebê não tem as enzimas necessárias para metabolizar os açúcares.
Se houver a presença de enzimas, mesmo que sejam poucas, pode haver uma tolerância a doses limitadas de açúcar. O médico será capaz de detectar a quantidade de enzimas para evitar que a ingestão de sacarose exceda os limites permitidos em cada caso.
Sintomas de intolerância à sacarose
Os sintomas produzidos pela má digestão dos açúcares podem começar cerca de 30 minutos após a ingestão dos alimentos. Cólicas e dor abdominal, diarreia, distensão gástrica ou inchaço e mal-estar generalizado podem acometer a criança.
Vômitos, gases ou flatulência, constipação, náusea, dor de cabeça e hipoglicemia também podem ocorrer. Ansiedade, nervosismo, taquicardia e arritmias também são sintomas da intolerância à sacarose.
Se não houver tratamento oportuno, a condição pode levar a desidratação, perda de micronutrientes, emagrecimento e até mesmo desnutrição. Isso supõe um atraso no desenvolvimento que pode levar a anemia, fadiga e déficit nutricional na idade adulta.
Intolerância à sacarose ou alguma outra coisa?
Essa é uma doença rara cujos sintomas geralmente são associados a outras condições. A intolerância à lactose é uma delas, mas nesse caso se trata da ausência da lactase. Essa enzima também é produzida no intestino delgado e é responsável pelo metabolismo do açúcar no leite; geralmente não há gravidade.
Os sintomas da intolerância à sacarose também podem ser confundidos com a doença celíaca, por exemplo. O glúten é uma proteína presente em cereais tais como cevada, trigo, aveia, centeio, kamut, espelta ou triticale.
De fato, o consumo de glúten gera uma resposta autoimune naqueles que são intolerantes, causando inflamação e desgaste da mucosa do intestino delgado. Suas consequências podem ser mais sérias.
Para detectar que estamos diante de uma intolerância à sacarose em crianças, será necessário recorrer a exames especiais. Assim, o teste do hidrogênio expirado, que nos permite medir esse composto no ar que respiramos, é um deles.
Além disso, uma análise diária das reações ao consumo de certos alimentos também ajudará a detectar a presença dessa condição. Exames, tais como o de álcool no sangue, exames genéticos ou biópsias de tecido também são alternativas, assim como exames de sangue, urina e fezes.
Como essa intolerância pode ser corrigida?
Uma vez detectada a presença da doença, a correção está intimamente ligada à dieta diária. Nesse sentido, as indicações médicas suprimem o consumo de alimentos que causem intolerância.
Outros médicos reduzem esse tipo de alimento ao mínimo necessário, por exemplo, para assim avaliar o comportamento do organismo; na maioria dos casos, o alívio geralmente é rápido.
A intolerância à sacarose pode ser superada em alguns meses ou em poucos anos, desde que as indicações do especialista sejam seguidas ao pé da letra.
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