Mentiras infantis: o que fazer?

Identifique quais são as causas das mentiras infantis e aprenda como reagir a elas e fazer com que deixem de ser um obstáculo na comunicação com seus filhos.
Mentiras infantis: o que fazer?
Fátima Servián Franco

Revisado e aprovado por a psicóloga Fátima Servián Franco.

Última atualização: 27 dezembro, 2022

As mentiras infantis fazem parte do desenvolvimento social e cognitivo. Os primeiros episódios de mentira ocorrem entre os dois e os quatro anos de idade. Embora não pareçam positivas, são sinais de que as crianças têm capacidade de modificar sua própria realidade.

No entanto, é importante cultivar e destacar o valor da verdade durante o processo de formação.

À medida que crescem e compreendem a diferença entre o verdadeiro e o falso, é preciso ajudar as crianças a escolher a opção correta. As mentiras infantis são pequenas oportunidades para dar lições sobre a honestidade.

“A mentira nas crianças é uma manifestação de que está acontecendo o desenvolvimento das habilidades cognitivas que lhes permite modificar a realidade que conhecem, entender que as outras pessoas têm ideias, sentem e pensam de maneira diferente, poder se colocar no lugar do outro e, consequentemente, desenvolver a empatia”

–Doctor Kang Lee citado pela médica Gloria Isaza–

Por que as crianças mentem?

As causas desse comportamento podem variar dependendo da idade. As mais frequentes são:

  • Ocultar um comportamento para evitar o castigo.
  • Observar qual é a reação das pessoas ao escutar uma mentira.
  • Fazer com que as histórias se tornem muito mais emocionantes.
  • Chamar atenção para si.
  • Conseguir alguma coisa que deseja.

O que fazer para lidar com as mentiras infantis?

Peça para prometerem a dizer a verdade

Antes de perguntar o que aconteceu em determinada o situação, faça um acordo de honestidade. Esse compromisso junto com uma boa atitude da sua parte costuma levar as crianças a dizer a verdade.

Se você falar de uma maneira compreensiva, mas firme, as crianças vão se sentir seguras e confortáveis para evitar a mentira.

Explique que uma conduta honesta não leva ao castigo

Quando se usa ameaças como métodos corretivos, os resultados não são satisfatórios. A disciplina do medo não funciona e também não nos incentiva a seguir práticas éticas.

Se desde cedo você mostrar para seus filhos que dizer a verdade não está associado ao castigo, eles vão confiar mais em você.  Você também deve evitar mentir, principalmente na frente deles. A honestidade é um valor que deve ser moldado em casa.

Estabeleça em casa uma regra sobre a verdade

Dentro das dinâmicas familiares, estabeleça uma regra que incentive todos a dizerem a verdade. Ser honesto, inclusive quando isso pode trazer consequências pouco agradáveis, é uma habilidade para a vida.

Descubra a causa da mentira

Quando se sabe por que seus filhos disseram uma mentira, fica mais fácil elaborar um plano para reagir a elas.

Durante os primeiros anos, o objetivo será ensinar as crianças a diferenciar entre o real e a fantasia. Assim, à medida que crescem, você poderá trabalhar com as mentiras relacionadas a chamar atenção, agradar os outros ou fugir de um problema.

Dê uma advertência

Se você tem certeza de que seu filho está mentindo, dê uma última oportunidade de ser sincero. Uma frase como “eu estou te dando a chance de me dizer o que está acontecendo” pode ser a motivação que vai levá-lo a dizer a verdade.

Fale com antecedência sobre as consequências da mentira

Fale com seu filho sobre os resultados naturais das mentiras. Explique que quando uma pessoa não é honesta, as outras pessoas vão passar a não acreditar mais nela.

Uma boa ideia é contar histórias ou situações nas quais a desonestidade trouxe consequências ruins. Esses exemplos ajudam a fazer associações palpáveis.

mentiras infantis

Reforce positivamente as condutas adequadas

Quando seu filho diz a verdade, mesmo que não tenha sido fácil, ofereça um estímulo ou um reforço positivo. Um elogio pode ser motivação suficiente para que esse comportamento seja reproduzido em situações futuras.

Procure um profissional quando nenhuma estratégia funcionar

É preciso reconhecer quando a mentira se torna repetitiva e toma grandes proporções. Inevitavelmente, isso vai começar a causar, cedo ou tarde, uma convivência conflitiva em casa ou na escola. Nesse caso, pode se tratar de uma condição patológica que precisa de tratamento por parte de um especialista.

Não é preciso entrar em pânico perante as mentiras infantis. Elas devem ser vistas como um sinal de desenvolvimento adequado do seu filho e como momentos importantes para ensinar valores. É necessário, desde os primeiros anos, corrigir os pequenos de maneira adequada para, assim, ajudar sua família a viver com base na verdade.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Bach, K. & Harnish, R. M. (1979). Linguistic: Communication and speech acts. Cambridge, MA: MIT Press.
  • Casas Rivera, R., & Zamarro Arranz, M. L. (1990). La mitomanía en la clínica actual. A propósito de un caso clínico. Revista de La Asociación Española de Neuropsiquiatría.
  • Dithrich, C. W. (1993). Pseudologia fantastica, dissociation, and potential space in child treatment. Master Clinicians on Treating the Regressed Patient, Vol. 2.
  • King, B. H., & Ford, C. V. (1988). Pseudologia fantastica. Acta Psychiatrica Scandinavica. https://doi.org/10.1111/j.1600-0447.1988.tb05068.x
  • Leekam, S. R. (1992). Believing and deceiving: Steps to becoming a good lier. En S. J. Ceci, M. Desimone & M. Putnik (Eds.), Social and cognitive factors in early deception (pp. 4762). Hillsdale, NJ: L.E.A.
  • Sotillo, M., & Rivière, Á. (2001). Cuando los niños usan las palabras para engañar: la mentira como instrumento al servicio del desarrollo de las habilidades de inferencia mentalista. Infancia y aprendizaje, 24(3), 291-305. https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1174/021037001316949239

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.