Não me divorcio por causa dos meus filhos
Os relacionamentos pessoais são uma questão complicada que nem sempre têm o resultado planejado. Quando um casal não funciona mais e ambos pensam em se separar, é comum ouvir a frase “não me divorcio por causa dos meus filhos”. No entanto, você já pensou em como isso pode prejudicar os pequenos?
A decisão de terminar um casamento não surge da noite para o dia. Depois das decepções e das numerosas tentativas de seguir em frente, muitas vezes chega-se à conclusão de que não faz mais sentido continuar com o relacionamento. No entanto, a separação e o divórcio são momentos difíceis e desconfortáveis de serem enfrentados.
Nessa situação, muitos pais, mais ou menos conscientemente, usam os filhos como desculpa para não enfrentar a ideia de fracasso pessoal que um divórcio representa para eles. Inclusive, mesmo a pequena porcentagem de pais que fazem isso realmente pensando no bem-estar dos filhos, na verdade, estão conseguindo o efeito contrário.
Não me divorcio por causa dos meus filhos: como isso afeta as crianças?
Para os pequenos, os pais são as suas referências máximas. É a partir deles que as crianças aprendem a se comportar e a interpretar o mundo.
A infância é o campo onde a vida inteira está em jogo. O que assimilarmos durante esses primeiros anos definirá o nosso conceito de família, amor, convivência, expressão de afeto e resolução de conflitos.
Tanto os lares conflituosos quanto os indiferentes estão refletindo situações extremamente prejudiciais para a pequena mente em formação de uma criança.
Lares conflituosos
Alguns casais permanecem juntos apesar de terem concluído que não são felizes nessa união e, portanto, a convivência é atormentada por conflitos, discussões, gritos e censuras. Embora tentem não brigar na frente da criança, no final das contas, ela percebe o que está acontecendo e presencia tudo em maior ou menor grau.
Isso gera uma constante sensação de estresse e insegurança para a criança. Ela sente raiva e medo pelas discussões que são geradas, mas não pode recorrer aos pais em busca de conselhos e alívio, pois eles estão zangados e descontrolados, sendo a situação incômoda a protagonista.
A criança tentará modificar essa situação, evitando contar os próprios problemas para não gerar novos conflitos ou, pelo contrário, tentando chamar a atenção com comportamentos inadequados, para que o foco dos pais se concentre nela.
Por fim, o pequeno internaliza o conflito. Ele assume que gritos e censuras são estratégias válidas de interação e que é impossível alcançar acordos respeitosos. Ele entenderá que a vida é um sofrimento e que os relacionamentos são uma guerra e, quando adulto, terá muita dificuldade para estabelecer relacionamentos saudáveis e generosos.
Lares indiferentes
A situação não é melhor para as crianças que crescem em lares com um relacionamento rompido, ou seja, pais que se ignoram completamente e levam vidas separadas.
Os pais podem pensar que, se não houver discussões, eles não vão gerar sofrimento para os filhos. Porém, os pequenos são mantidos imersos em um ambiente desconfortável e totalmente desprovido de amor e carinho entre o casal.
Assim, apesar de morar com os dois pais, essas crianças não vivenciam planos familiares. Muitas vezes, observam como os pais dormem em lugares separados e mal se dirigem a palavra. Elas percebem como os dois estão tristes e derrotados dentro da própria casa enquanto se tratam como completos estranhos.
Embora os pais tentem não brigar na frente da criança, no final das contas, ela percebe o que está acontecendo.
A criança sentirá tristeza e culpa diante dessa situação, tentando promover momentos familiares e se sentindo frustrada por não conseguir ou quando eles forem desconfortáveis. Além disso, ela carregará um sentimento de responsabilidade de fazer os pais felizes, pois eles não são felizes por si mesmos.
Ela aprenderá que é aceitável que um casal se trate com negligência e indiferença, que isso deve ser suportado em vez de buscar a própria felicidade. Além disso, ela não terá exemplos de convivência e pode se tornar uma pessoa muito solitária.
Não me divorcio por causa dos meus filhos: é melhor se separar
Quando você tenta salvar o relacionamento e não há sucesso, é preferível se separar respeitosamente e seguir caminhos diferentes. Ninguém pode dar o que não tem. Assim, não podemos ensinar coragem, amor e felicidade para os nossos filhos se não os tivermos primeiramente.
A separação será difícil e frustrante para todos, mas assim vamos ajudar o nosso pequeno a entender que, às vezes, precisamos tomar decisões difíceis e mudar de rumo, porque todos devemos buscar o próprio bem-estar.
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