O que é a episiotomia e por que ela é tão controversa
Saber o que é a episiotomia é importante se você está prestes a ter o seu bebê de parto normal. Essa intervenção cirúrgica consiste em fazer um corte lateral ou oblíquo na área do períneo da mulher no momento do parto, com o objetivo de ajudar a criança a terminar de sair pelo canal vaginal.
A episiotomia é uma técnica controversa. Embora na América Latina e na Espanha a sua prática seja comum em até 80% dos nascimentos hospitalares, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alega que essa técnica é contraindicada e a recomenda apenas para casos extremos.
O que é a episiotomia?
A episiotomia é um tipo de intervenção cirúrgica comum na América Latina e na Espanha durante o parto normal. Consiste em fazer um corte com uma tesoura cirúrgica em direção ao ânus, após a aplicação de uma anestesia.
Essa intervenção envolve cortar a pele, a mucosa vaginal e o músculo para expandir o chamado canal mole de tal forma que, teoricamente, a saída do bebê através do canal vaginal fosse facilitada.
O corte, embora seja direcionado para a região do ânus, é feito de forma lateral ou oblíqua, precisamente para não causar danos ao esfíncter anal. No entanto, existem várias razões pelas quais os médicos recomendam – agora raramente – realizar uma episiotomia:
- Quando o feto é muito grande.
- Se a forma do períneo for alta e muito musculosa.
- Em nascimentos de gêmeos.
- Quando instrumentos para a remoção do bebê, como o fórceps, serão usados.
- Devido à pouca elasticidade da vulva e da vagina.
- Em partos de adolescentes muito jovens.
- Quando o bebê tem distocia em um dos ombros.
Por que essa técnica tem sido rejeitada?
A principal controvérsia em relação à episiotomia é que duas das principais razões pelas quais essa técnica era realizada, na verdade, não impediam danos na área genital da mãe. Supunha-se, dessa forma, que a episiotomia pudesse evitar um prolapso vaginal e as temidas lacerações na vagina, no períneo e até mesmo na área anal.
De acordo com a ciência médica, era melhor fazer um corte cirúrgico controlado para que a paciente não sofresse uma laceração. Pensava-se que a recuperação da episiotomia fosse muito mais rápida, o que posteriormente foi verificado não ser verdadeiro.
Com o tempo, determinou-se que pelo menos essas duas razões não eram realmente necessárias. No entanto, o que foi mais alarmante sobre essa técnica foi rever as estatísticas.
Entre outras coisas, os números refletiam uma alta taxa de mortalidade para a mãe, como resultado de diversas complicações. Para ilustrar um pouco a situação, basta olhar a seguinte lista.
Efeitos colaterais da episiotomia:
- Trombose períneo-vulvar.
- Endometriose da cicatriz.
- Agravamento de hemorroidas.
- Fístulas anais e vaginais.
- Os músculos e nervos se retraem.
- Abscessos.
- Infecção e reabertura do corte.
- Dor permanente durante a relação sexual.
- Incontinência fecal parcial ou permanente.
- Trauma psicológico.
“A episiotomia envolve cortar a pele, a mucosa vaginal e o músculo para expandir o chamado canal mole, de tal forma que, teoricamente, a saída do bebê através do canal vaginal fosse facilitada.”
Atualmente, a medicina moderna e a OMS propõem que essa técnica não seja realizada indiscriminadamente em qualquer paciente que tiver um parto normal, como era feito anteriormente.
Pelo contrário, é necessário que a sua aplicação seja restringida aos casos em que a mulher teve lacerações de terceiro e quarto grau que não cicatrizaram bem, quando for necessário usar o fórceps ou se a criança estiver sofrendo consideravelmente ou a sua vida estiver em risco. Em resumo, ela deve ser usada apenas em casos de extrema urgência.
Recomendações para a cicatrização dos pontos da episiotomia
Caso uma mulher já tenha passado por uma episiotomia e esteja em processo de recuperação, estas breves dicas podem ser úteis:
- Mantenha a área do corte sempre limpa e seca.
- Quando for ao banheiro, lave e seque a área com ar. Você pode usar um leque ou, na sua falta, uma toalha exclusiva para a área, que deve ser lavada com muita frequência.
- Troque regularmente os curativos pós-parto.
- Gelo pode ser usado para aliviar a dor e reduzir a inflamação da área.
- Não faça esforço nem levante peso até que o corte cicatrize.
Por fim, como recomendação final, é bom saber que você pode informar ao seu médico, antes de dar à luz, se deseja ou não uma episiotomia. Mas, se o médico considerar que o seu caso pode se complicar, também existe a opção de escolher uma cesariana.