O transtorno do pânico na infância
Quando uma criança sente uma preocupação persistente e um grande medo de perder a vida ou de sofrer algum tipo de mal, pode se tratar de um caso de transtorno do pânico.
Neste artigo, vamos discutir o que você precisa saber sobre o transtorno do pânico na infância e como agir nessa situação.
O que é o transtorno do pânico?
O transtorno do pânico é uma sensação intensa de mal-estar que tem impacto tanto emocional quanto fisicamente. A causa pode ser uma ameaça real ou fictícia e costuma gerar, sobretudo, uma sensação de perda de controle sobre si mesmo. Isso gera mudanças significativas no comportamento das crianças.
As crises de pânico podem ter uma duração curta. Mas as consequências físicas podem permanecer por mais tempo no organismo. Podem ocorrer desde tremores até uma dor de cabeça aparentemente insignificante.
Por outro lado, mesmo que a crise tenha passado, a criança continua sentindo medo e muita ansiedade ao pensar que a crise pode acontecer de novo.
O pânico é uma sensação desagradável que se apresenta de forma abrupta e violenta perante um risco ou uma situação de perigo.
Quando se desenvolve, o transtorno do pânico comumente aparece na adolescência, mas também pode surgir na infância. Nesse sentido, qualquer pessoa está sujeita a sofrer uma crise de pânico.
Causas do transtorno do pânico
O transtorno do pânico não tem uma causa específica, mas um conjunto de variáveis (tanto externas quanto internas) que podem interferir e desencadear seu aparecimento e, consequente, desenvolvimento. Por outro lado, cada caso é distinto e é difícil estabelecer generalizações à primeira vista.
No entanto, os indivíduos que estão sob estresse intenso, vivem em ambientes tóxicos, entre outras dificuldades, são mais propensos a desenvolver um transtorno do pânico. Mas preste atenção! Isso não é uma regra.
Vale destacar ainda que, nas crianças, considera-se que o transtorno do pânico pode estar relacionado a:
- Separação forçada dos pais.
- Medo de palco.
- Insegurança.
- Uma fobia (de animal, altura, etc.).
- Medo de questões imaginárias (que a criança pode ter visto na televisão, escutado ou lido em algum lugar, etc.).
Sintomas do transtorno do pânico
O transtorno do pânico faz com que o organismo somatize o estresse produzido pelo fato de se manter em constante tensão. Nesse sentido, aparecem os seguintes sintomas:
- Dormência das extremidades (sensação de adormecimento).
- Aumento da frequência cardíaca.
- Sensação de pressão no tórax.
- Dificuldade para respirar.
- Sensação de sufocamento ou arrepios.
- Náuseas, tonturas.
- Alucinações.
- Transpiração excessiva.
- Cãibras.
- Tremores.
- Desmaios.
Vale destacar que os sintomas anteriormente citados podem ser similares a outras doenças, como, por exemplo, a ansiedade.
O transtorno do pânico dificulta o desenvolvimento adequado das pessoas, independentemente da idade. No caso das crianças, pode provocar baixo desempenho escolar e isolamento social.
Por isso, recomenda-se procurar ajuda profissional a fim de melhorar a qualidade de vida. O psicólogo não vai apenas escutar as preocupações, mas também oferecer a ambos (pais e filhos) as ferramentas necessárias para minimizar progressivamente o impacto dos danos que o transtorno causa.
Como os pais podem ajudar quando os filhos têm transtorno do pânico?
Depois que o profissional confirmar o diagnóstico de transtorno do pânico, é fundamental seguir suas indicações e procurar não interrogar a criança sobre seus medos e preocupações se não for necessário.
A ideia é proporcionar segurança para que a criança se sinta valorizada, apoiada e respeitada. Isso envolve não ridicularizar nem rotular a criança como “medrosa, covarde ou boba”. Pelo contrário, devemos mostrar para ela a todos os momentos que, embora sinta medo, pode superar essa sensação pouco a pouco.
Não se deve menosprezar as reações da criança nem ignorar a importância do motivo do medo porque isso não vai ajudar a acabar com o problema.
O objetivo dos pais (ou tutores) deve ser gerar um ambiente de tranquilidade e confiança para a criança. É importante prestar atenção às necessidades dela e nos envolver no processo terapêutico para poder oferecer maior qualidade de vida e bem-estar.
Nossos conselhos:
- Evitar os julgamentos e as críticas negativas.
- Perante uma crise de pânico, é preciso manter a calma e:
- Não brigar.
- Não culpar.
- Não pressionar para que a criança “deixe passar” ou “enfrente” o medo.
- Não reprimir (pois é contraproducente pedir para não chorar, gritar ou tremer).
- É preciso manter um tom de voz normal (não há motivo para gritos) e ser amável.
- Caso seja necessário, uma boa ideia é segurar a mão da criança e fazer exercícios de respiração profunda com ela até que se sinta mais tranquila.
- É preciso estabelecer contato visual e mostrar para a criança que ela não está sozinha.
- Um abraço pode ajudar a tranquilizar.
- Acompanhe a criança sem perguntar sobre o medo.
- Recomenda-se manter a criança ocupada com atividades que despertem sua criatividade e que produzam satisfação.
- Evitar que a criança assista programas violentos que infundam medos ou preocupações.
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