Os pais helicópteros e o seu impacto nas crianças
Esse não é um termo ‘da moda’ ou inventado para revistas, embora sua popularidade tenha aumentado nos últimos tempos. Neste artigo, vamos falar sobre os pais helicópteros e o seu impacto nas crianças.
O que são os pais helicópteros?
No tempo dos nossos pais ou avós, as crianças não eram levadas em consideração para tomar decisões, nem para expressar suas opiniões. Elas recebiam educação, comida e roupas, mas, especialmente os pais, não estavam continuamente atrás delas para que nada lhes acontecesse.
O termo ‘pai helicóptero’ surgiu no final dos anos 1960, quando um escritor disse que sua mãe pairava sobre ele como se fosse um helicóptero. Já no novo milênio, essa expressão foi resgatada para se referir a um fenômeno cada vez mais difundido entre as famílias de classe média nos países desenvolvidos e em desenvolvimento.
Basicamente, os pais helicópteros são aqueles que se preocupam excessivamente com os filhos e, assim, a sua relação com eles se torna tóxica. É um “modelo de parentalidade” no qual os pais são hiperprotetores e, na ânsia de “ajudar” as crianças, resolvem seus problemas e tomam todas as suas decisões por elas.
Os pais helicópteros estão sempre atrás – ou nas proximidades – de seus filhos para poder “salvá-los” de qualquer perigo que possa surgir. Certamente, a noção de “situação perigosa” é bastante subjetiva: tudo pode ser ruim ou prejudicial.
Como identificar esses pais?
Algumas atitudes características desse tipo de pais são as seguintes:
- Falam no plural: dizem, por exemplo, “Quanta lição de casa a professora nos mandou!”
- Estimulam as crianças em excesso: enchem a agenda de atividades extracurriculares.
- Mantêm seus filhos em uma “redoma de vidro” a fim de evitar que se machuquem ou sofram.
- Agradam seus filhos em tudo, mesmo que isso exija um grande sacrifício da parte deles, seja de dinheiro ou de tempo.
Por que alguns pais agem assim durante a criação dos filhos? Pode haver várias razões, como por exemplo considerar a criança como seu “bem mais precioso”, a pressão social que têm para serem “bons pais” ou até mesmo a competitividade social, na qual as pessoas devem estar muito bem preparadas para obter as melhores posições.
E, certamente, não podemos deixar de lado as incertezas, os medos e as inseguranças que esses pais sentem. Todos esses sentimentos são transferidos para as crianças através de um cuidado excessivo.
Pais helicópteros e o seu impacto nas crianças
Em sua defesa, os pais helicópteros podem dizer que tudo o que fazem é porque amam seus filhos e não querem que nada aconteça com eles. No entanto, não percebem que essa atitude deixa os filhos incompetentes e dependentes, além de transformar eles mesmos em seres exaustos e culpados.
Na criação no modelo helicóptero, as crianças são superprotegidas e mais controladas do que o normal. Mas o principal problema está no desenvolvimento emocional das crianças. Por quê? Porque elas não conseguem fazer nada por seus próprios meios, nem têm a liberdade para se expressar ou para se mover.
Consequências para as crianças
As principais alterações que isso produz no comportamento das crianças são:
1. Adoecem mais
Não só durante a infância, mas também na idade adulta, as crianças com pais helicópteros adoecem com maior frequência. Isso ocorre porque o fato de “mantê-las em uma redoma” reduz a produção de anticorpos.
Se uma criança não entra em contato com o barro, a chuva ou o frio, o seu sistema imunológico fica fraco e não consegue enfrentar nem sequer um resfriado.
Os pais helicópteros podem dizer que tudo o que fazem é porque amam seus filhos e não querem que nada aconteça com eles. Mas não percebem que essa atitude torna os filhos incompetentes e dependentes.
2. Acreditam que são ‘o centro do universo’
Ter pais sempre disponíveis faz com que as crianças se sintam no direito de qualquer coisa. Isso inclui ter um brinquedo, tirar uma boa nota ou o que vier à sua mente.
O problema desse tipo de pensamento é que, à medida que as crianças forem crescendo, as frustrações vão ficando cada vez maiores, principalmente quando as coisas não saem do jeito que querem. Além disso, essas crianças se tornam pessoas mais vulneráveis a depressão, angústia ou tédio.
3. Não conseguem fazer as coisas sozinhas
Elas pedem permissão dos pais para tudo, até mesmo para situações cotidianas com as quais poderiam lidar bem sozinhas. Além disso, não têm muita criatividade e não ganham autoconfiança.
Evite ser um pai helicóptero praticando a “negligência saudável”. Não vai acontecer nada grave se a criança cair no parque ou se levar vários minutos para resolver um enigma. Então, deixe-a cometer erros e aprender com eles, mas fique perto o suficiente para cuidar dela.
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