A polícia a levou para induzir o parto
A vida às vezes nos surpreende com situações como esta: quando carregamos um filho dentro de nós, somos responsáveis por sua vida, aparentemente até ao ponto de perder os direitos sobre as nossas decisões.
Segundo a história, no hospital de Barcelona Parc Sanitari Sant Joan de Deu de Sant Boi de Llobregat, uma mulher perdeu o direito de decidir sobre o seu corpo e a vida do seu filho apenas por estar nas mãos dos médicos. Trata-se do final de uma gravidez cuja própria mãe decidiu monitorar no último momento para ver se estava tudo bem.
Após a consulta, os médicos a aconselharam que fizesse uma indução de emergência. No entanto, a mulher recusou a ideia, dizendo que iria para casa esperar que o bebê viesse naturalmente, e não dessa forma. Ela aceitava que fosse realizada uma cesariana, mas não a indução.
Enfrentando todas as advertências médicas, ela decidiu esperar que as contrações viessem ao seu tempo. Mas ela não contava com a iniciativa médica. Considerando o procedimento dos especialistas, nesses momentos é preciso pensar melhor se de fato somos livres para agir ou o sistema de saúde tem todo o controle nestes casos. Quem tem a razão neste caso? É correto o procedimento?
Era necessário induzir o parto?
Considerando todo o tempo de espera, a urgência poderia não ser justificada. A mulher conta que se sentia bastante tranquila quando decidiu ir para casa esperar. No entanto, devemos levar a sério a opinião dos médicos, que são os especialistas no assunto. Acreditamos que certamente tinham razões para sugerir a indução.
Nesse caso, o problema foi causado pela recusa da mulher para que induzissem o trabalho de parto. Mas a polêmica surge em relação ao modo de agir dos médicos. Com justificação ou não, o hospital conseguiu uma ordem judicial para que a polícia fosse buscar a mulher em sua própria casa, a fim de trazê-la ao hospital e induzir o parto.
A mulher conta que concordou ir com as autoridades por medo de que estivesse agindo contra a lei. Já muito assustada por acreditar que seu filho estava correndo real perigo, ela permaneceu na sala de espera por pelo menos seis horas. Nesse meio-tempo, ela se perguntou quem estava agindo errado nesse caso. Ela era uma criminosa? Ou os médicos estavam tentando demonstrar seu poder?
Ao final da espera, nada mais parecia urgente. Todos os alertas para o suposto trabalho de parto induzido de emergência tinham desaparecido. Já não havia justificativa para ela ter sido retirada de casa pela polícia. A partir de então, podemos falar que a lei foi aplicada de forma extrema. Estava sendo forçado um parto que sequer estava à caminho. E a uma mãe estava sendo negado o poder de decidir sobre isso.
Por outro lado, não há dúvida de que os médicos viram na consulta algo que lhes pareceu preocupante. Certamente havia motivos de urgência. No entanto, não é compreensível por que eles não a teriam levado diretamente para a sala de parto. Outro procedimento ausente foi pedir para que a mãe assinasse um documento no qual aceitasse ter sido informada da situação e por sua própria vontade decidiu deixar o hospital.
O que aconteceu nesse caso tão confuso?
As opiniões sobre o assunto variam de acordo com a perspectiva sobre a qual se olhe. Poderíamos pensar que os médicos exageraram com o diagnóstico de urgência. Talvez eles quiseram fazer valer seu poder, obrigando-a a voltar para o hospital e cumprir com a recomendação. Mas também é possível que teria algum sentido e que, de fato, o procedimento tenha sido correto.
Como avaliar a intenção dos médicos? Pode se obrigar uma mulher a dar à luz? Talvez a resposta esteja em uma questão administrativa. É provável que na ausência de um documento assinado pela mãe, o hospital tenha temido que, em caso de um problema relacionado com a mãe ou com o bebê, fosse processado por deixá-la ir sem resolver sua situação.
No entanto, os riscos aos quais uma mulher grávida e seu bebê são expostos por causa da indução são elevados. Isto é, se algo tivesse dado errado nesse procedimento, a responsabilidade também recairia sobre o hospital. Nesse sentido, isso talvez explique a razão pela qual a indução não foi feita uma vez que a mulher foi forçada a voltar ao hospital.
A verdade é que as opiniões foram formadas em âmbitos diferentes. Nos perguntamos se é justificável que sejam violados os direitos de uma mulher. Nesse caso, as leis espanholas consideram que os pacientes estão em liberdade para escolher se estão dispostos a receber certo tratamento após terem sido informados sobre os riscos.
No entanto, a lei estabelece que em alguns casos não há decisão do paciente. Por exemplo, situações que colocam em risco a saúde pública ou em que haja risco para os trabalhadores da saúde. Em ambos os casos, é realizada uma comunicação oficial às autoridades, ao paciente e/ou aos familiares deste.