É possível ser uma boa mãe sem descuidar do crescimento profissional?

Criar filhos e sentir-se satisfeita com a dedicação é um grande desafio. Ainda mais quando está presente a crença de que cuidar do desenvolvimento profissional significa tornar-se uma mãe ruim. Refletimos sobre isso neste artigo.
É possível ser uma boa mãe sem descuidar do crescimento profissional?
Sharon Capeluto

Escrito e verificado por Sharon Capeluto.

Última atualização: 27 janeiro, 2023

Algumas pessoas acham que ser uma boa mãe e uma boa profissional ao mesmo tempo é uma utopia. Assim, consideram inadmissível o sucesso em ambos os aspectos ao mesmo tempo e entendem que, uma vez mães, o crescimento profissional fica suspenso até segunda ordem. Por isso, há mulheres que optam por adiar ao máximo essa etapa ou simplesmente não passar por ela, por medo de perder espaço na área profissional.

Por outro lado, há quem acredite que ter filho não significa descuidar-se como profissional e que ambas as áreas podem se sustentar vitoriosamente. Porém, para boa parte das mulheres que se aventuram na maternidade em pleno desenvolvimento profissional, surge a típica dúvida: é possível ser uma boa mãe sem descuidar do trabalho?

Ser uma boa mãe e se desenvolver profissionalmente: duas formas de autoexigência

É óbvio que ser mãe implica dar um salto quântico difícil de evitar. Ter um filho provavelmente fará sua vida girar 180 graus. Isso porque agora existe uma criatura que depende muito de você. É então que florescem medos, inseguranças e exigências pessoais, mas também culturais.

Embora seja verdade que no imaginário social a concepção do papel de mãe tenha mudado nos últimos anos, uma série de mitos relacionados à maternidade continua valendo na atualidade. Infelizmente, eles funcionam como índices que medem o grau de efetividade com relação aos objetivos e às metas que as pessoas deveriam cumprir para se classificarem como boas ou más mães.

Da mesma forma que o exercício da maternidade envolve uma carga de aspirações e expectativas próprias ou alheias, o desenvolvimento profissional também envolve algumas pressões.

É um mito que a maternidade impede o crescimento profissional

A maternidade é muitas vezes percebida como um obstáculo quando se trata de alcançar o sucesso profissional. Isso se deve ao fato de ter um filho estar associado à redução da liberdade e ao descontrole do projeto de vida pessoal.

No entanto, essa crença é questionada no nível do discurso e da atitude. Atualmente, muitas mulheres retornam ao trabalho logo após o parto com total orgulho de si mesmas. Além disso, longe de interromper o crescimento profissional, tornar-se mãe pode aumentar a motivação em todos os aspectos da vida.

De qualquer forma, embora a maternidade não deva ser uma barreira a nível profissional, pode implicar a necessidade de redefinir prioridades. Ou seja, a conciliação entre a maternidade e a profissão depende exclusivamente das decisões de cada um. Em hipótese alguma devem ser determinadas de acordo com critérios externos. Nesse sentido, ninguém além de você pode classificá-la como boa ou má mãe e como boa ou má profissional.

Você pode ser uma boa mãe e uma boa profissional ao avaliar a partir de sua própria perspectiva

A relevância do papel materno na criação de um filho é inegável. No entanto, a crença de que uma mãe deve estar com seu filho em tempo integral é mais um dos muitos mandatos sociais que existem a esse respeito.

No fim das contas, trata-se de se desvencilhar das exigências culturais que indicam como ser mãe, mulher, profissional ou pessoa. Ao mesmo tempo, você deve ouvir a si mesma e tentar responder às suas necessidades e desejos. Quer dedicar-se exclusivamente à maternidade? Tudo bem. Prefere complementar a maternidade com a carreira profissional? Também está tudo bem.

Neste último caso, além de se organizar, é importante priorizar o tempo de qualidade em detrimento da quantidade de momentos compartilhados com seu filho. Isso é essencial para diminuir o sentimento de culpa na hora de sair para trabalhar ou estudar.

“A mãe ou futura mãe se sente pressionada, pois por um lado sabe que ela tem que ser ‘uma boa mãe’ e deve se dedicar a cuidar do filho e, por outro, sentir a necessidade urgente de desfrutar de sua própria vida pessoal e carreira profissional de sucesso. Em suma, a mãe que trabalha fora de casa se depara com o estereótipo de ‘mãe ruim’ a partir do momento em que não consegue atender diretamente a todas as necessidades de seus filhos”.

– Vazquez, E. –

Antes de passar o máximo de tempo com seu filho, é mais importante que esses momentos sejam de qualidade para a criança.

Ser uma boa mãe sem descuidar do crescimento profissional é possível

A mulher, independentemente do que fizer, terá que enfrentar exigências ainda vigentes e totalmente contraditórias: se ela se dedicar exclusivamente aos afazeres domésticos ou aos cuidados com os filhos, uma parcela da sociedade a rotulará de improdutiva ou submissa. Por outro lado, se ela optar por complementar a maternidade com sua carreira profissional, não serão poucos que a rotularão como uma mãe ruim devido aos mitos associados.

Nesse sentido, ser uma boa mãe sem descuidar do crescimento profissional será possível na medida em que cada mulher for capaz de questionar suas próprias crenças e quebrar os preconceitos que estão dentro de si mesmas, ainda que não tenhamos consciência disso.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Solé., C y Parrella, S. (2004). “«Nuevas» expresiones de la maternidad. Las madres con carreras profesionales «exitosas»”. Universidad Autónoma de Barcelona. RES nº 4 (2004) pp. 67-92.
  • Vázquez, E. (2000). “Demografía y cambios culturales”. En VV.AA. Las Representaciones de la Maternidad, Madrid, UAM.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.