Quando é necessário se envolver nas discussões entre irmãos?

Às vezes não é tão fácil determinar se, como pais, devemos ou não nos envolver em uma discussão entre nossos filhos. Neste artigo, esclarecemos suas dúvidas.
Quando é necessário se envolver nas discussões entre irmãos?
Sharon Capeluto

Escrito e verificado por Sharon Capeluto.

Última atualização: 18 fevereiro, 2023

Às vezes, as discussões entre irmãos são irrelevantes e se resolvem em poucos minutos, sem a necessidade da intervenção de um adulto. Embora seja compreensível que os pais sintam angústia e nervosismo ao ouvirem seus filhos discutindo, é fundamental compreender que os conflitos entre eles são naturais.

Porém, outras vezes as brigas são mais intensas, complexas e até mesmo com a presença de agressões físicas. Levando em consideração o motivo e a magnitude do argumento, os cuidadores terão que escolher entre dois caminhos possíveis: permitir que seus filhos resolvam seus problemas por conta própria ou envolver-se para mediar a disputa.

Principais motivos de brigas entre irmãos

Há lares onde as brigas entre irmãos praticamente fazem parte da rotina. Todos os dias surge algum conflito que faz os pais perderem a paciência. Normalmente, o motivo do confronto parece beirar o absurdo: quem come a maior fatia de pizza, quem brinca com a última novidade do baú de brinquedos ou quem fica com o controle da televisão.

No entanto, sob essas razões aparentemente mesquinhas e insignificantes está um problema mais profundo. Estamos falando da típica rivalidade entre irmãos, que costuma ter como eixo principal a necessidade de atenção ou a preferência dos pais.

“A rivalidade entre irmãos é uma constante nas famílias, consequência natural da aspiração humana pelo amor exclusivo e incondicional dos pais.”

-Jerônima Garcia-

A inveja, o ciúme e a competição muitas vezes levam as crianças a entrar em conflito sobre questões que parecem triviais, mas que costumam ter como objetivo ganhar a atenção ou a preferência dos pais.

Deixá-los descobrir por conta própria é a primeira alternativa

A verdade é que não há razão para se envolver em todas as discussões que nossos filhos têm entre si. Na verdade, intervir sempre que eles têm um conflito é prejudicial tanto para o vínculo fraterno quanto para o crescimento mútuo. Para que a criança desenvolva habilidades sociais e adquira ferramentas para administrar suas próprias emoções, bem como para resolver conflitos com outras pessoas, é fundamental que ela enfrente desafios.

Mas há um ponto que devemos levar em consideração. Na maioria das vezes, um filho ou ambos nos pedirão para interferir no problema. “Mãe, Juan está pegando meus brinquedos!”, “Pai, Maria me bateu!” Nesses casos, os pequenos querem que você fique do lado deles e castigue o irmão, é claro.

Quando é necessário intervir?

Quando uma discussão entre irmãos atinge níveis violentos e agressivos, é imprescindível intervir para acabar com o conflito. Além disso, deve ficar claro que a violência não é uma forma válida de resolver problemas ou de defender seus direitos. Inclusive, devemos garantir que eles não sejam se machuquem, acidental ou intencionalmente.

Nesses casos, temos que ser firmes e consistentes para que os pequenos entendam que bater, insultar ou empurrar não é aceitável na família.

Aspectos a ter em mente ao se envolver em discussões

Alguns dos aspectos a ter em conta quando vamos intervir numa discussão entre irmãos são os que explicamos a seguir.

Mantenha a calma

A primeira recomendação é tentar manter a calma e falar com um tom de voz suave e lento, ainda que a situação nos faça perder a paciência. Se queremos que os menores não recorram à violência para resolver problemas, devemos ser capazes de transmitir a importância de manter o respeito por meio do exemplo, mesmo quando nos sentimos zangados e frustrados.

Adapte a mensagem

Por outro lado, sempre que incutimos valores nos nossos filhos através do diálogo, é fundamental adaptarmos o nosso vocabulário a suas idades, níveis cognitivos e capacidade de compreensão. Caso contrário, eles não entenderão nossa mensagem.

Promova o diálogo e o respeito

Em seguida, precisamos pedir a eles que nos digam o motivo da discussão para que possamos saber o que desencadeou o conflito e possamos ajudá-los. Apelar à escuta ativa e ao respeito mútuo são questões que não podemos deixar passar.

Possivelmente, ao longo da conversa precisaremos pausar o diálogo várias vezes para lembrá-los de que devem respeitar os argumentos um do outro e não interromper enquanto o outro estiver falando. Convém, portanto, ressaltar que o objetivo não é encontrar culpados, mas resolver o conflito por meio do diálogo e da negociação. É importante dar espaço a cada um para que expresse o que sente e pensa, sem julgar ou minimizar suas emoções.

Recomenda-se que os pais não se envolvam imediatamente em discussões entre irmãos. No entanto, se a situação sair do controle, será necessário interromper a briga e mediar para encontrar uma solução para o conflito.

Intervir apenas quando necessário

Embora algumas circunstâncias justifiquem a intervenção de um adulto em uma discussão entre irmãos, isso nem sempre é necessário. Quando as crianças brigam entre si, elas conhecem seus próprios limites, aprendem a defender seu ponto de vista e a definir sua identidade. Essas situações podem funcionar como cenários de aprendizagem plena, mesmo que muitas vezes pareçam superficiais.

No entanto, se a questão se agravar e houver até violência envolvida, será necessário parar a briga e então atuar como mediador para encontrar uma solução consensual entre os filhos e pôr fim ao conflito.


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  • García, J. (2005). Rivalidad entre hermanos. Aula de infantil. 2005, n. 27, septiembre-octubre ; p. 33.
  • Prieur, N., Gravillón, I. (2016). ¡Dejad de pelearos! ¿Debemos intervenir en los conflictos de los niños? De Vecchi Ediciones.
  • Puente, F. (2004). Celos y rivalidades entre hermanos. Padres y maestros. 2004, n. 36, año 4 ; p. 1-4

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