Teorias que explicam o desenvolvimento afetivo
Muitos são os autores que estudaram e procuraram dar uma explicação para os processos de evolução e desenvolvimento do ser humano. Neste artigo, vamos apresentar os autores mais importantes que elaboraram teorias que explicam o desenvolvimento afetivo.
Teorias que explicam o desenvolvimento afetivo
As crianças nascem com uma série de comportamentos: sugar, sorrir, chorar… Esses comportamentos têm como objetivo provocar certas respostas na mãe ou nos cuidadores, mantendo a proximidade e buscando vínculos afetivos. Esses comportamentos são as primeiras manifestações afetivas do bebê.
Vários autores observaram e analisaram as mudanças que as crianças vivenciam ao longo dos primeiros anos de vida. Todos afirmam que o estabelecimento de vínculos afetivos desde o nascimento do bebê é de vital importância. Esses primeiros vínculos, bem como sua qualidade, vão determinar a evolução e o desenvolvimento afetivo da criança.
Essas pesquisas são parte integrante das teorias que explicam o desenvolvimento afetivo. A seguir, vamos mostrar algumas das mais influentes.
Teoria do apego de John Bowlby
Bowlby, um psiquiatra e psicanalista londrino, formulou a teoria do apego. A partir de sua pesquisa, ele demonstrou a importância da criação de vínculos afetivos seguros entre a criança e a mãe ou os cuidadores, sendo esta uma necessidade primordial do ser humano.
Portanto, sua fundamentação teórica se baseia no fato de que o estado de segurança ou ansiedade que a criança vivencia é determinado pela resposta do adulto com o qual é estabelecido o vínculo afetivo. Esse vínculo afetivo evolui conforme a criança avança no seu desenvolvimento.
Fases do desenvolvimento da afetividade infantil segundo Bowlby
- Pré-apego (de 0 a 6 semanas)
Nessa fase, o bebê responde aos estímulos ambientais por meio de respostas reflexas inatas (sorriso, choro, olhar…). Ele tenta chamar a atenção dos seus cuidadores. Embora ainda não tenha estabelecido o apego propriamente dito, o bebê mostra uma preferência pela voz da mãe (ou, na sua falta, do cuidador), em comparação com as outras pessoas.
- Formação do apego (de 6 semanas aos 6 meses)
Os comportamentos e respostas do bebê são mais orientados para a mãe. Ele sorri, balbucia e segue a mãe com os olhos. Apesar disso, ele não demonstra ansiedade de separação quando a perde de vista. No entanto, ele fica irritado com a perda do contato humano.
- Apego (dos 6 meses a 1 ano)
O vínculo afetivo entre mãe e filho é evidente. Nessa fase, a criança mostra ansiedade e irritação diante da separação da mãe. Por volta dos oito meses, o bebê começa a rejeitar outras pessoas próximas do seu entorno.
Ele só se acalma com a presença e a voz da mãe. Portanto, nessa fase, os esforços da criança estão focados em atrair a atenção e a presença da mãe.
- Formação de relações recíprocas (a partir dos 24 meses)
Nessa fase, surgem a linguagem e a capacidade de representação mental. Com isso, a criança consegue antecipar e prever o retorno da mãe diante da ausência dela, o que permite que sua ansiedade de separação diminua. O pequeno entende que a mãe vai voltar a qualquer momento.
Uma vez que essas fases forem cumpridas, a criança terá estabelecido um vínculo suficientemente sólido, de modo que não precisará mais buscar a mãe continuamente, pois já saberá que ela vai aparecer quando precisar.
Desenvolvimento afetivo de acordo com Jean Piaget
Piaget é mais conhecido por causa de seus estudos sobre o desenvolvimento cognitivo. Porém, de acordo com ele, o desenvolvimento afetivo é paralelo ao desenvolvimento cognitivo. Esses dois tipos de desenvolvimento são tão paralelos entre si quanto inseparáveis e relevantes para a vida da criança.
Ambos os desenvolvimentos, afetivo e cognitivo, buscam a adaptação ao meio e ambos avançam do egocentrismo para a socialização.
Estágios do desenvolvimento afetivo de acordo com Piaget
- Período sensório-motor (de 0 a 2 anos)
A afetividade e a inteligência são manifestadas nos desejos da criança de explorar, manipular e experimentar. Ela procura o que gosta e rejeita o que não gosta. Além disso, também começa a se relacionar com o ambiente e aparecem as primeiras manifestações afetivas.
- Período pré-operacional (dos 2 aos 6 anos)
Surge a capacidade de representação. A criança é capaz de pensar simbolicamente. Esse pensamento é intuitivo, ou seja, baseia-se em emoções e sensações. Ela não é capaz de adotar o ponto de vista dos outros (egocentrismo).
A aquisição e a consolidação da linguagem permitem que a criança verbalize suas emoções e seus sentimentos. Surgem os primeiros sentimentos de antipatia ou simpatia pelas pessoas.
- Período das operações concretas (dos 6 aos 12 anos)
Surge o pensamento lógico, embora ele só possa ser aplicado a objetos concretos. Nessa fase, a criança já é capaz de considerar outros pontos de vista. Ela tem a capacidade emocional para diferenciar entre as suas necessidades e os seus propósitos, entre o desejo e o dever.
As relações sociais começam a ser mais importantes e, aos poucos, ela desenvolve sua personalidade.
- Período das operações formais (a partir dos 12 anos)
Esse estágio representa o nível mais alto do desenvolvimento cognitivo. A vida afetiva se afirma pela dupla conquista da personalidade e sua inserção na sociedade dos adultos. O adolescente já tem consciência da sua natureza social e de que precisa do carinho e do afeto dos outros.
Henry Wallon
Médico, psicólogo e pedagogo que dedicou a vida à compreensão da psicologia infantil. Wallon afirma que a criança é um ser social desde o nascimento e, portanto, a chave para o seu desenvolvimento está na interação com os outros.
De acordo com Wallon, vários aspectos devem ser combinados para o desenvolvimento da criança: aspectos motores, afetivos, cognitivos e psicomotores. Todos eles são importantes, por sua vez, para desenvolver as emoções, a percepção, o pensamento e a linguagem.
Além disso, ele se concentra em quatro fatores que explicam a evolução psicológica da criança e que constroem a personalidade: as emoções, o outro, o ambiente – que pode ser físico, biológico e social – e o movimento.
Estágios do desenvolvimento da afetividade de acordo com Wallon
- Impulsivo motor (0-6 meses)
O bebê mostra suas emoções para satisfazer suas necessidades básicas e, assim, constrói uma simbiose afetiva. Para que essas necessidades sejam atendidas, ele estabelece uma comunicação afetiva com seus cuidadores.
- Estágio emocional (6-12 meses)
Ocorre uma maturação do cérebro. Graças a essa maturação, o bebê passa de ser biológico para ser social. Ele busca a presença de seus cuidadores, o que é, por si só, uma necessidade.
- Estágio sensório-motor (1-3 anos)
Além das relações com as pessoas e o ambiente, ele também estabelece relações, de apego inclusive, com os objetos ao seu redor.
- Estágio do personalismo (3-6 anos)
É um período muito importante para a afirmação e construção do eu, da sua personalidade. Além disso, é caracterizado por uma forte necessidade de atenção e carinho por parte dos adultos.
- Estágio categorial (6-11 anos)
O centro das atenções muda ligeiramente do adulto para se concentrar no mundo exterior. Sua conquista e conhecimento do mundo exterior serão o foco de interesse.
- Estágio da adolescência (a partir dos 12 anos)
É caracterizado por uma contradição entre o que é conhecido e o que se deseja conhecer. Surgem conflitos, ambivalências afetivas e desequilíbrios na esfera emocional.
Sigmund Freud
Para Freud, as experiências durante a primeira infância podem condicionar a personalidade adulta. Esse autor afirma que: “o desenvolvimento socioafetivo pode ser sintetizado em três partes: o vínculo afetivo mãe-filho, o desenvolvimento psicossexual e o desenvolvimento social e moral”.
Para Freud, a relação inicial da criança com a mãe é decisiva para o seu desenvolvimento socioafetivo posterior. Assim, o pai da psicanálise levanta três suposições básicas sobre o desenvolvimento afetivo dos indivíduos:
- O vínculo afetivo segue um curso fixo. Ou seja, começa com a adaptação da criança à figura do cuidador para, posteriormente, se estender ao restante da família.
- As características do relacionamento da criança com seu cuidador vão influenciar seu desenvolvimento posterior.
- O contexto desse vínculo, a relação mãe-filho, moldará os traços duradouros da personalidade da criança.
Sobre as teorias explicativas do desenvolvimento afetivo
Das teorias explicativas do desenvolvimento afetivo que expusemos neste artigo, a que teve maior repercussão foi a teoria do apego de John Bowlby. Atualmente, é conhecida a importância dos vínculos afetivos da criança com a mãe para um bom desenvolvimento social, emocional e cognitivo.
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